sábado, 29 de maio de 2010

Todas essas pessoas não param de falar nem por um segundo, todas elas pensam que tem muito a dizer, que suas palavras tão suradas, tão banais, vão realmente fazer alguma diferença pra alguém.
É tanta arrogância, tanta prepotência, tanta masturbação de ego.
Frustrações escondidas atrás de joguinhos imbecis de palavras, na tentativa de se mostrar superior.
Um bando de palavras desconexas pra se mostrar muito letrado, tão mais inteligente, ninguém entende porra nenhuma porque não tem o que entender.
A "arte" é a maior expressão do ego, todo mundo quer se dizer artista, todos querem ser reconhecidos por suas genialidades inexistentes, acontece que todo mundo está falando a mesma coisa, a mesma coisa que se resume em duas palavras: tédio e nada.
Toda a porra igual, igualzinha, falando sempre as mesmas merdas que ninguém está interessado, ninguém sente falta, mas há quem finja que sim.
E por conta desse bando de fingidores temos, hoje em dia, esses ditos "gênios underground", que, óh sim, um dia serão reconhecidos, claro!
Um bando de baba-ovo que sabem menos sobre a vida que esses babacas que eles reverenciam.
E os arrogantes sabem que os babacas são um pouco - e bem pouco - mais babacas que eles, por isso assumem essa posição tão superior, que ao mesmo tempo consiste em alimentar vínculos fingidos de gratidão, é só desprezo, todo o desprezo do mundo, de todas as partes, desprezo e arrogância, podridão.
Todos nós somos nada.
Parem de me deprimir com escritas vazias que não buscam expressar suas vivências, buscam só algum reconhecimento de algo que, vocês não são.
Dou muito mais valor a um blog diário cheio de erros ortográficos de uma garota de quatorze ou quinze anos que ama a vida e convive com seus problemas de uma maneira ou outra do que toda essa merda que eu vejo por aí, essa pretensa literatura de um bando de "escritores" que vivem bem, se alimentam melhor e vivem fingindo que estão na decadência, na merda e enfrentando os piores problemas do mundo que eles mesmos criam pra ficarem mais glamurosos em suas mentes pequenas.
É que os autores preferidos deles tiveram mesmo uma vida de bosta, era bêbados marginalizados, que trepavam até com árvores, quando estavam afim, então, claro, isso é que é o bacana.
Minha pergunta principal é: Por que reverenciar ou sequer dar qualquer crédito a pessoas que criam um universo imaginário onde elas só se fodem pra quando forem escrever suas auto-biografias parecerem mais heróicos?
Eu sinceramente quero que se fodam todos vocês que acham que é bonito ser um merda.
E viva as raras pessoas que ainda sabem buscar sempre o belo, mesmo que essas não sejam obsessivas por joguinhos de palavras.
Vocês, gênios imaginários, são um câncer.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

É, eu não sei, mas às vezes penso, que até o fato dos seus olhos serem azuis, é mais uma coisa que só serve pra me ridicularizar. Sabe? Poemas com personagens de olhos azuis
{azuis profundos, azuis límpidos, azuis da cor do céu, azul como o mar, azul piscina, azul água fresca num dia quente, azul penetrante, azul forte, azul que te quero azul, azul como o amanhecer frio}
Existem mais de mil. Nasces-te assim só para vulgarizar minha possível poesia. Se você é todinho como é, seu rosto perfeitamente simétrico, seu sorriso branco e perfeito que de um jeito tão único - e, novamente, já tantas vezes descrito - se estende até os olhinhos, se o seu abraço aquece também a alma é puramente pra que eu escreva o que já foi escrito antes;

terça-feira, 18 de maio de 2010

Tenho pensado em não pensar.

Há alguns anos li algo sobre velocidade.
Alguém disse que se você está muito rápido os pensamentos fogem de você.
Corra o máximo que conseguir e se seus pulmões não explodirem você notará que só não pensa.
Aliás, não notará.
Partindo dessa premissa joguei fogo na cama dela e tentei começar a correr quando a vi vindo em minha direção, de meias, calcinha e uma blusa que mal cobria seu umbigo, cheia de sono, sem entender vinha dizendo "Tem fumaça no meu quarto, fumaça na cama".
Corro de volta pro quarto e vejo que não há mais jeito de apagar, a pego no colo e corro com toda a força que me resta, gritando pelo prédio.
Partindo daquela premissa, não estava a uma velocidade muito grande e meus pensamentos me inundavam, mesmo com toda a adrenalina que um incêndio criminoso causado por mim, se espalhando pelo prédio, podia me causar.
"O que aconteceu?" me perguntou com a perna ligeiramente chamuscada quando começou a raciocinar, já na rua.
"Devo ter dormido e deixado algum cigarro cair, não sei", menti sem convicção e tentando me fingir de confuso, ela era esperta.
"Porra, se você fez alguma merda me fala logo! Se eu não descobrir a perícia vai, você sabe como eles são filhos da puta com essas coisas, num bom sentido, hoje em dia, então fala logo", me olhava num ódio assustado, sabia que eu tinha culpa.
Muita gente descia, não todo mundo, eu bem sabia quando disse pra ela me esperar que traria cigarros que a ajudariam a manter a calma.
Ela não tentou me impedir, só virou o rosto e começou a morder manga da blusa aflita, deixou uma lágrima rolar. Gostava dos nossos vizinhos, principalmente do casal de gêmeos ruivos que moravam no nosso andar, um menininho e uma menininha de 5 anos, eram mesmo doces e adoráveis até pra mim que odiava crianças. Acho que pensava que as chamas que os lambiam eram tão vivas e vermelhas quanto os cabelos deles, antes daquilo. Podia estar pensando também que a culpa era dela de alguma forma, adorava se culpar mesmo, deve até ter se suicidado, depois de tudo, não sei.
Não sei mesmo, nunca mais tive notícias dela, nem dos gêmeos, nem de ninguém, depois de fingir sem me dar ao trabalho de fazer um bom trabalho fingindo que não estava fugindo, corri o máximo que pude.
Então aquela falta de sensação me invadiu, só voltei a pensar quando meu pulmões e joelhos de alguém que não tem mais dezoito anos começaram a gritar de dor.
Olhei ao redor, tinha uma estação do metrô por perto, fechada já, mas que me deu a idéia de procurar a rodoviária pra me mandar de São Paulo, era essa a idéia que eu tinha de fuga e foi isso que fiz.
Estou morando aqui no Chile há cinco anos, demorei até achar um lugar que quisesse e conseguisse ficar.
É que apaguei meu nome, me fingi de afogado, pensei muito num plano pra conseguir ficar.
Agora faço de tudo pra não pensar, não lembrar dos gritos, dos cabelos lisos, castanhos, longos e ligeiramente descabelados caindo sobre aquela blusinha que usava como pijama, os olhos grandes e bem contornados de menina ainda nova, a boca carnuda sendo mordida nervosamente pelos dentes perfeitos graças a ortodontia, a lágrima que eu vi rolar quando ela se virou pra olhar o prédio e toda gente que saia assustada e com cara de sono, junto com a fumaça.
Tentei não pensar nos gêmeos graciosos, nem na senhora que morava no andar de cima e que, além de silenciosa, nos trazia bolos de frutas com freqüência, tentei não pensar e lembrar que nossos preferidos eram os de abacaxi e laranja, de preferência com ela sentada no meu colo e me dando na boca.
Corro toda manhã pra não lembrar da nossa última explosão conjunta antes da briga, do último beijo em que ela se deu ao trabalho que fingir que ainda me amava, dos gritos escandalosos e da minha súbita insanidade e desejo de vingança.
O Chile tem sido um bom lugar pra mim, me acolheu bem, sem muitas perguntas.
Eu não faço muita coisa e sobrevivo, mas ultimamente ele tem me entediado, sabe?
Realmente não faço muita coisa e estava pensando em uma mudança de ares, pensei em tudo já, ninguém sabe meu nome, estou tranqüilo.
Nunca contei essa história antes e agora vou dar continuidade aos meus planos de mudança, mas dessa vez não fracassarei no assassinato. Alguém terá que morrer pra que eu possa correr com mais certezas, mesmo não tendo necessidade delas enquanto corro.
E eu pensava que esse alguém...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Não é doce. Nada doce.

Eu quero escrever mas não sai nada.
Eu podia pintar.
Podia também parar de ver tanta beleza que não se vê pela vida e podia não tentar escrever tudo isso. 

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Caindo na toca:

Caia na toca e comigo todos os meus pudores. Todas as esquisitices que passavam diante dos meus olhos não me causavam estranheza, só me mostravam o quão obsoleta era. Eram tantas formas, tons, combinações e até sabores que eu nunca sonhara em sonhar que me senti envergonhada. Nunca tinha eu pensado, por exemplo, que uma abóbora de duas cabeças pudesse se sentir infeliz por não conseguir ir com seus amigos pescar no banheiro secreto e dourado. Nunca também tinha imaginado que sofriam os livros banguelos por não mais ouvir, ver ou sentir a harpa descabelada chorando. Quando o vento - ou terá sido a música diagonal? - arrancou com violência meu vestido, não me importei. É que cair na toca não me deixava preocupar com tamanhas banalidades. Aquelas criaturinhas sabiam também que da vida nada eu sabia e é por isso que iam me olhando tão divertidas. Caindo na toca tudo pareceu já tão diferente que eu - e toda minha limitação - não podia imaginar que cair na toca não era nem a metade do meu começo..

terça-feira, 4 de maio de 2010

Quinze anos passando o futuro.

E quando me disse adeus no segundo dia - coisa que sempre me exaspera por não saber se ela volta amanhã ou daqui seis meses - me disse que estava pensando em vir todo dia.
Eu sorri e consenti, disse que se não fosse a atrapalhar, quantos mais sorvetes e chás tomássemos, melhor.
E quando ela virou e começou a se afastar, olhando aqueles cabelos louros em movimento, eu só conseguia pensar que, se ela cumprisse a promessa, teríamos muito a falar ainda, nós próximos quinze anos.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Comedora de Kiwii Strikes Again.

Eu disse que existia continuação: Tudo que eu tenho a dizer sobre Crepúsculo: Motoristas de ônibus furiosos: Eu não acho muito legal passarinhos me acordando: E chega, ? Já sabem onde encontrar mais? www.youtube.com/kiwiiiateyou