domingo, 30 de janeiro de 2011

Filho pródigo.

Cretino, nojento, maldito, imbecil, covarde, mesquinho, detestável, egoísta, pequeno, pérfido, execrável, arrogante, miserável, burro, falso, você faz minha vida parecer um naufrágio na merda.
Você me faz sentir tão menor do que eu sou, você tenta sempre me diminuir, valoriza o que é o mais repulsivo lixo, você pede meu ódio e eu consigo ainda te amar.
Que amargo é perceber que de certa forma eu dependo de alguém assim, tão incrivelmente deplorável, tão imbecil e ingênuo na sua bestialidade.
E você precisa de mim até pra respirar, precisa de mim pra escovar os dentes e se virar na cama, você necessita que eu te afague, que eu te ouça, te leia, te embale, te dê de comer.
Você é tão coitado que não sabe que depende tanto assim, que se eu te deixasse aqui agora, tacasse fogo nas suas roupas - tão pequenas - e levasse embora sua comida, ainda assim, ainda assim você acharia - com toda sua arrogância, toda sua pretensão - que poderia ainda viver e até ser feliz.
Você não sabe o que é ser feliz, eu te ensino em doses homeopáticas que é pro gosto ser sempre grandioso, não me desgasto com você, quero te ensinar a ser homem mas é tão difícil tendo em mãos um rato assustado, repugnante e ferido.
Ferido que faz questão de chafurdar nas próprias feridas, faz questão de se alimentar da própria carne em chama, carne viva.
Você é um rato burro, que precisa de mim e por precisar tanto eu faço esse favor, sempre enojada, sempre irritada, sempre tendo que tomar cuidado com os punhais que constantemente você enfia nas minhas costas para enquanto eu estiver me recuperando do golpe você conseguir comer mais da sua carne podre, carne exposta em chagas.
Eu odeio você agora e sempre.
E o que inunda os meus olhos ao pensar em te abandonar não é o medo de ficar sem você, não há nada que eu possa sentir saudade, o que me perturba é pensar que assim cairei no tédio e até você eu prefiro suportar a ter que me tornar tédio.