sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Muito embora.

Às vezes eu canso, de esperar, de ler, de lembrar de coisas que já passaram
Às vezes eu danço
Li hoje de manhã sobre como eu não levo jeito
Lembrei hoje de manhã que eu sou muito boa nisso, naquilo e melhor
Lembrei de lembrar que todo sorriso se apaga amanhã
Que toda dor só existe na mente
Toquei com cuidado e carinho
Toquei alguém que não era você
Toquei com cuidado e carinho alguém que eu me apaixonei
Falei com alguém de longe
Falei com um amor do passado
Falei com alguém que você não gosta
Hoje eu não me importo que você vá
Hoje eu procuro distância,
Hoje eu não quero você
Dia desses eu tomei um suco muito específico
Dia desses eu comi aqueles bombons de sorvete
Dia desses eu me deprimi porque você não estava aqui
Eu não me importo com versões ruins de músicas do Bowie
Eu me importo com a lembrança que ele me deu de alguém que ainda nem meu era
Já disse que joguei tal lembrança no lixo?
Não quero que tu venha
Não quero que tu volte
Não quero seus gritos nem mais nada de você
Vou embora escrevendo mal
Sem pretensão de escrever de qualquer maneira
Vou embora com a sua crítica
Sem pretensão de voltar
Muito embora
eu vá embora
embora
lml

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Vai mal demais.

Acho engraçado como as artes consistem em amizades.
Tu não precisa ser um desenhista genial, contanto que conheça bastante gente que te diga que tu é, tu não precisa escrever bem, contanto que tenha amizades que te convençam que você, nossa, futuro da literatura, tu não precisa saber atuar pra ser considerada boa atriz contanto que conheça as pessoas certas. Isso é meio risível e deprimente ao mesmo tempo, risível porque agente sabe (e eles sabem) que os belos desenhos, a bela escrita, a SENSIBILIDADE infinita do ator só existem mesmo no ego e não suportarão uma mudança de década, mas em contra partida é deprimente que essas pessoas consigam se sentir superiores por um segundo que seja graças a produção porca que trabalham com.
De verdade, pessoal, todo nós sabemos se somos realmente bons em algo, a gente tem a mínima noção, nem que seja comparativa, sabe?
E se você continua tentando é porque quem sabe um dia talvez, com bastante treino e vivência (vivência, galera, a não ser que você nasça um gênio, você só poderá ser menos que medíocre com no mínimo uns quarenta, vão estudar) você possa produzir algo legal, mas, de verdade se tu ainda está nisso porque acha que já é bom o bastante, faz um favor pra tu e o resto do mundo e larga de pretensão, vai, tu sabe que é ruim.
Tem uma (e só uma) pessoa com 20 anos que escreve e que eu de fato admiro. Porque é verossímil, não busca confete, tem segurança no que faz e estuda, estuda muito. É um bom escritor que vai ser um daqueles que escrevem coisas e que conseguem nos mostrar uma outra maneira de pensar. E pra isso é necessário primeiro exercitar as várias maneiras de pensar, antes dos elogios, antes da babação de ovo. lml

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Não há amor na sua alma. Nem tortas. Nem cucas.

"Nossas ingênuas pornografias" cabei e ouvir isso, uma frase de uma música do Júpiter.
Eu estava aqui sem esperar nada da vida, alegre, jogando mal, eufórica, com sorrisos desajeitados pra mim mesma no espelho ao ver que tem show do Júpiter no domingo e, sabem?
Desde que me apaixonei por Júpiter (graças ao Louis, creio eu, se estiver certa, obrigada mais uma vez<3) percebi que em momentos de raivinha, tristeza ou qualquer sensação negativa era só colocar Júpiter que eu viro rock star, converso com meus amigos -inexistentes, imaginários - com uma típica cara de alegre, começo a me mexer e querer ir pra Porto Alegre conhecer esse ser tão peculiar e mítico, ele é.
"Minha melhor amiga morreu bem do meu lado, do lado da minha cama, a bruxa mariposa".
Gosto dele por conta da autenticidade, da pessoalidade, da voz, do jeito de quem de fato é simples, não sei se vocês sabem, mas as poucas pessoas que admiro, só admiro por conta da tranqüilidade, na verdade não é bem tranqüilidade, tu não precisa ser tranqüilo contanto que seja simples, simples nos desejos, nos pensamentos, sabe?
E ser simples não significa não ser complexo nesse caso e sim só descomplicar, percebe?
Sempre quis abraçar o Walter Victor, que é inteligente e bonito, mas ninguém entende, nem a medicina não, ninguém entende o seu jeitão. Ou Conga. Tomador de banca.
A questão de escrever assim ouvindo ele é a euforia, parece que sua alma começa a se chacoalhar. E melhor: Os indiezinhos da vida não conseguem fingir gostar.
Nem dele, nem de Tiger Lillies. Por isso eu sempre mandarei beijos pra ele, pra ele e pro Marcelo Birck, do fundo do meu coração. Obrigada por não serem fáceis.
Uh uh, tcha tcha tcha... Abrindo as tortas e as cucas. lml

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

DeLeituras.

Vamos falar de clube do livro!
Eu nunca tinha citado aqui como estou feliz pelo nosso sucesso.
O clube do livro começou com um daqueles pensamentos de travesseiro que normalmente quando a gente vai beber água na cozinha e volta já logo percebe que a ideia era, no mínimo, bem tosca, só que ao ir até a cozinha pegar o tal copo de água continuei achando a ideia boa e hoje cá estamos nós, com quase 400 participantes pelo menos "por tabela" (dêem uma olhada http://www.facebook.com/DeLeituras) um monte de inscritos no canal e, mais importante que qualquer número são as letras, dos... oito? Ou mais livros que lemos nesse tempo e toda a alegria que é terminar uma reunião com todo mundo feliz, conversandinho e cheio de vontade de saber qual será o próximo livro pra já começar a ler!
E como esse processo levava mais ou menos três dias (o que é muito pra quem tem 15 para ler e viver, ir na faculdade, trabalhar, namorar e assistir Zorra Total) tive a brilhante (cof cof) ideia de criar um cronograma pra todos nós conseguirmos organizar melhor, wiiiiiiii
A reunião com os moderadores será hoje e espero que consigamos uns três cronogramas diferentes pra que vocês possam escolher (bem democrático, como sempre). Já anotei as sugestões de vocês e agora é só esperar, com um sorriso no rosto e uma leve ansiedade.
Obrigada, vocês, mesmo!
Beijos, Ferdi
lml

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sou contra aspartame.

É burro trocar algo doce, por algo que te dá câncer e é amargo. É burro e infantil, porque o doce só é ruim quando muito, o amargo é sempre, mesmo que duas gotas e todo mundo põe dez, na esperança de deixar menos amargo. Não entendo certos costumes.
Quando eu era criança já detestava a religião católica (não que deteste hoje, acho que não sou tão mais criança para detestar religiões quaisquer, aliás, a única coisa que pode ser detestada na vida é a maneira como o homem lida com o que quer que seja, através do homem até o amor pode ter algo de abominável) e com essa detestância me pegava confusa ao gostar tanto das velas dos altares, sempre adorei o fogo, em todas suas manifestações que são sempre uma só, a sutileza (e capacidade destrutiva) do fogo sempre me fascinaram. O que eu detestava de católico eram aquelas missas tediosas, aquele fanatismo, aqueles gritos, toda aquela culpa, o fato de alguém ter sido crucificado por pecados que não cometeu, pra nos livrar do nosso, era tão injusto e sádico. Eu sempre preferi a justiça na frente de qualquer outra coisa, até hoje eu vivo com minha justiça inabalável, às vezes me pesa essa justiça.
Anos depois eu me senti tão menos conflitada ao descobrir que as velas, os rituais com as velas e tudo que tinha de mágico em poder ter luz quando não se tinha era algo muito mais antigo que essa religião chata e injusta que eu detestava. Me senti mais tranquila. Sempre que ia naquelas casas-de-artigos-religiosos-de-todas-as-religiões me sentia encantada com todas as cores de velas e queria ter um canto só pra acender todas. E depois quando eu li na Recreio que o fogo podia ter todas as cores resolvi ser cientista, só pra tê-los todos em volta de mim. Então esse não é um texto sobre fogo, embora pudesse.
Acontece também que esses dias (ontem de madrugada) escrevi essa oração (não sei se vocês sabem mas minha verdade é que cada verdade está em cada coração, então se você é muçulmano ou judeu, se ser terrorista ou hindu vale para você, com certeza é verdade, a sua verdade e fim) então eu escrevo coisas que eu acho que se eu programar no meu cérebro eu terei uma vida feliz e chamo essas coisas de oração. Então essa oração em dado momento dizia "Que eu saiba lidar e cuidar dos sentimentos das pessoas que amo cada vez melhor e que eu seja cada vez mais independente para cuidar dos meus" e esse negócio de querer ajudar e não precisar de ajuda pode parecer bonito e altruísta, mas não é nada, eu deveria pedir para que cada amigo, ente querido soubesse cuidar dos seus sentimentos sozinhos, mas enquanto eles não conseguirem, que saibam que eu estou aqui. E, olha, cuidar e ajudar pessoas queridas é fácil, traz prazer, quero ver é começar a pedir pra ajudar mesmo odiando.
Sabiam que eu odeio muita gente? Odeio mesmo, detesto, só de pensar em noventa por cento das pessoas que eu conheço meu estômago se embrulha e às vezes até em pensar nas pessoas que eu amo tenho só vontade de correr pra bem longe e nunca mais falar com ninguém. O mundo pra mim parece todo errado e ao mesmo tempo a coisa mais bonita. Tudo varia, nossos humores variam e comigo não é diferente.
Tive essa conversa sobre distanciamento literário, não sei como foi, sei que em dado momento eu disse que todo mundo deveria ler tudo e toda vez que eu penso nisso me vem um enorme melancolia por saber que não dá tempo, por pensar que se eu me enclausurar em leitura a vida passa e a gente não vê e por saber que é difícil delimitar saudável entre ler muito e ler demais e nem seria essa a questão pior, o pior é que mesmo se você passar a vida lendo, não lerá tudo que valha a pena ler e já tenha sido escrito, até porque você tem que aprender muitos e muitos idiomas e a vida é curta demais pra quem tem essa espécie de interesse.
Tem uma vela do meu lado enquanto eu escrevo e tinha um incenso também, num incensário de Auset, o incenso já queimou.
Estava numa tarde quente, uma chuva fina, chuva fria, porta aberta. Há quem fale de janelas e em mim é tudo enorme, gosto de como meu rosto é pálido na sombra, gosto de como as pessoas ficam fantasmagóricas no escuro.
Esses dias eu vi um pingente de unicórnio e não comprei.
É uma droga ter que sempre depender de dinheiro.
Queria que patrocinassem minha imaginação.
E nenhuma produção específica.
Durmam bem vocês.
Vale a soneca. lml

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ter 50 anos dói.

Escrever sobre as coisas torna as coisas menos opressivas.
Eu já escrevi essa frase nesse blog pelo menos umas trezentos e setenta e oito zilhões de vezes porque é justamente por isso que eu ainda venha nesse querido blog.
Não tenho qualquer pretensão literária, embora, se tivesse alguma, pudesse fazer coisas legais (ou pelo menos não tão ruins quanto alguns livros que a gente vê publicados por ai, porca "literatura" a parte) o que eu vim fazer aqui é justamente tentar fazer esse dia se tornar menos opressivo, tedioso, desesperador.
Minha cabeça de choro, roxa, sabe? Cabeça de choro sem razão, cabeça de quem está cansado de chorar sem ter razão, cabeça de ciumenta compulsiva, de doente, doente.
Eu me sinto doente, extremamente doente. Doença que não mata.
E isso não é sobre alguém, eu não sinto ciúmes de só uma pessoa, embora sinta com mais frequência de algumas, eu sinto ciúmes da vida, do meu peito, tenho ciúmes de tudo porque não me reconheço em mim. E quando eu digo que estou desesperada parentes próximos me dizem que eu estou bem, eu pareço bem, bem alegre, bem sorridente, "você está sempre fazendo piada, menina" e acham que é drama, todo mundo me acha dramática porque eu sou de fato, sempre fui dramática achando certa graça no meu pretenso desespero.
Mas eu não estou mais achando graça, parece que tudo não faz mais diferença, não é que nada faça, é que tudo não faz.
E eu sigo aqui, no insanidade, cuspindo nada e esperando que passe.
Esperando que (eu) vá embora. lml

domingo, 9 de outubro de 2011

História de uma raposa.

Essa, como já diz o título da postagem, é a história de uma raposa.
Uma raposa pequena por natureza, mas muito forte e alegre, por tão forte e alegre ela nunca teve medo de se machucar e por conta disso num belo dia de verão, caiu na floresta e machucou a patinha muito feio, muito feio mesmo, ficou até de cama por alguns dias, mas logo só andou por aí com sua atadura/curativo, tão feliz quanto sempre.
Raposinha imprudente essa, porque certo dia, esquecida de que não podia nadar com uma só pata, saltou de um penhasco em direção a esse lago fundo que ela adorava e costumava brincar. Sem pensar, só porque era natural pra ela.
Acontece que o lago, que sempre foi a mais divertida das brincadeiras, começou a doer, tão escuro e tão gelado, a raposinha tão sozinha, afundando, afundando, tentando gritar por socorro, sozinha.
Sozinha.
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Afundando.
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O
o
0
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No lago escuro.
O
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O
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O
0
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Afundando no gelado.
O
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O
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O
0
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A raposinha e sua patinha.
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O
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0 O .
o 0 . . o 0 O . o . 0 0 o O . O .0 0 . O o0 . o . . puxou-a de volta.
. O .0 0 . O .0 0o O 0 o O . O .0 o . . cuidando dela
o 0 . . o 0o 0 . O O . O .0 . . estava lá
. O .0 0o O 0 . . que sempre
o 0 O . o . 0 ele
. . o 0 . que
o O . .é
. O. t
. A
.
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E ela voltou a margem, um pouco afogada, dolorida, sem saber direito o que tinha acontecido.
Mas sã e salva, com sua patinha.
Patinha essa, que depois de breve tempo, sarou, ela mancou ainda por um tempinho, mas com uma ajudinha dos amigos dela - amigo que lambia sua patinha ferida - ficou tudo bem de novo.
E o lago nunca mais foi opressivo.
A floresta nunca mais machucou.
As flores foram sempre bonitas.
E a vida seguiu tranqüila e ensolarada.

sábado, 8 de outubro de 2011

Eu sou maneiro, tu é maneiro, todo mundo é maneiro.

Pessoal maneiro da zona sul, pessoal maneiro da vila Carrão.
Segundo teorias primistícas galera da ZL mora sempre há 10 minutos do Anália Franco, e eu acho graça das graças que eu acho.
Acho graça dos meus patins, da minha capa MODELO ALVO DUMBLEDORE, acho graça dos pendulos, das cores, de como as pessoas me ganham com curas milagrosas, acho graça da quantidade imensa de impostores e de pessoas que realmente querem ajudar a humanidade, acho graça dos sonhos e acho graça de ninguém além de mim ser capaz de entender essas graças ou fazer melhor. Porque essa questão sequer existe.
Pela primeira vez em tempo imemorável eu tenho vontade de me dar um abraço e rir porque eu sou engraçadíssima, pra mim e é só isso que eu quero ser, querida por mim, vocês todos podem ser completamente indiferentes a mim que, de verdade, eu não vou nem reparar, porque quando sua melhor companhia é você, a vida fica quase indolor e os sonhos são sempre sonhos. lml