Mais pesado, claustrofóbico e confuso.
Cada dia mais.
Odioso, amargo e doente.
Cada dia mais minguado.
A luz que nunca vai embora cada dia mais apagada.
A noção de que as coisas melhoram cada vez mais distante.
Não é a vida. É a expectativa de vida que projetam em mim e que morre.
É o "mas tem que", é o "de preferência para" é o... você realmente não entendeu?
Eu não vou conseguir ser o que os outros, os outros, os outros.
Quando eu era criança minha brincadeira preferida era fingir que meu avião tinha caído, meu navio naufragado, agora eu estava a deriva, no mar, só eu e meus bichinhos de pelúcia, que eu tentava salvar, era cansativo, ele caiam no mar, às vezes, eu caia no mar e as ondas, as ondas bravas, mas sempre nós, eu e os bichinhos, eu e mais ninguém, perdidos no mar.
Eu sentia que minhas pelúcias eram plenamente capazes de me ajudar e só elas, quando eu tentava colocar outras crianças nessa brincadeira era inviável, durava dois minutos e já queriam fazer outra coisa.
Tem uma laje na casa da minha avó, dá pra rua e eu gostava de sentar lá, com os pés balançando pra fora, alguns metros acima do chão, pensando na vida, às vezes, cantando, vendo a vida passar...
Os vizinhos achavam que só uma criança retardada passaria tanto tempo olhando o tempo passar, falaram isso pra uma das pessoas que mais cuidou de mim e ela, brava, disse que não, "Não tem nada de errado com a Fernandinha". Mas deve ter sim.
A sensação é que o mundo não me queria aqui tanto quanto eu não queria estar no mundo.
Cada dia mais.
Cada dia mais.
Odioso, amargo e doente.
Cada dia mais minguado.
A luz que nunca vai embora cada dia mais apagada.
A noção de que as coisas melhoram cada vez mais distante.
Não é a vida. É a expectativa de vida que projetam em mim e que morre.
É o "mas tem que", é o "de preferência para" é o... você realmente não entendeu?
Eu não vou conseguir ser o que os outros, os outros, os outros.
Quando eu era criança minha brincadeira preferida era fingir que meu avião tinha caído, meu navio naufragado, agora eu estava a deriva, no mar, só eu e meus bichinhos de pelúcia, que eu tentava salvar, era cansativo, ele caiam no mar, às vezes, eu caia no mar e as ondas, as ondas bravas, mas sempre nós, eu e os bichinhos, eu e mais ninguém, perdidos no mar.
Eu sentia que minhas pelúcias eram plenamente capazes de me ajudar e só elas, quando eu tentava colocar outras crianças nessa brincadeira era inviável, durava dois minutos e já queriam fazer outra coisa.
Tem uma laje na casa da minha avó, dá pra rua e eu gostava de sentar lá, com os pés balançando pra fora, alguns metros acima do chão, pensando na vida, às vezes, cantando, vendo a vida passar...
Os vizinhos achavam que só uma criança retardada passaria tanto tempo olhando o tempo passar, falaram isso pra uma das pessoas que mais cuidou de mim e ela, brava, disse que não, "Não tem nada de errado com a Fernandinha". Mas deve ter sim.
A sensação é que o mundo não me queria aqui tanto quanto eu não queria estar no mundo.
Cada dia mais.
3 comentários:
A sociedade nunca quer o diferente, quem não não se molda as engrenagens de seu mecanismo louco de egoismo e cobiça. E tal qual um organismo que lança mão de seus anticorpos afim de eliminar aquele ser estranho. A sociedade fere o diferente, menospreza, julga, cheio de receitas prontas sobre o que deve se ser ,basta ao diferente perserverar diante de tanta angústia... Mais o perserverar tende a ser visto como ignorancia, temosia, infantilidade sendo que na verdade perserverar significa não aceitar que a sociedade tome todas suas esperanças, desejos e sonhos e nos faça engolir tudo em forma de tristeza e arrependimento.
O mundo em si nos incentiva a cada segundo a continuar perseverando, ao nos apresentar o ar fresco da liberdade, o calor do amor, a beleza das pequenas coisas e pequenos gestos e as vezes ate o frio dos nossos mais profundos medos, derrubando a ideologia toxica da sociedade que em busca de controlar o improvavel acaba por destruir a maior beleza do mundo, a de se viver.
Eu não conheço teus medos e angústias, no entanto te suplico, perservere !
Muito muito obrigada pelos dois comentários, means a lot.
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