sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Dispensável.

 Eu deveria me impressionar com o resultado das eleições americanas, mas não me impressiono mais.

Trabalhar com o que eu trabalho é estar exposta as mais diversas facetas humanas.

E mesmo eu, que tenho muita e muita sorte, já sabia.

Já sabia que para os caras que votaram nesse homem votaram porque, pra eles era uma questão de se sentir necessário.

A realidade é:

Mulheres não precisam de homens.

Mulheres não obedecem homens.

Mulheres não são tão dramáticas quanto homens.

Mulheres entendem cada dia mais que se relacionar com um homem pode significar companheirismo ou prisão.

Amor ou sobrecarga.

Carinho ou violência.

E pra que se arriscar se você consegue se suprir com tudo que você precisa?

Homens não são mais necessários. Eles são opcionais na vida de uma mulher.

Mais do que nunca.

E se eles não são mais necessários, se eles são dispensáveis, agora eles não podem mais agir como bem entender e saber que suas esposas vão ter que aceitar caladas qualquer deslealdade, violência ou violação porque não tem pra onde ir.

E é aí que entra a extrema direita.

Os líderes de direita querem convencer o homem que a realidade não existe.

Que mulheres sempre vão depender deles.

Que eles são insubstituíveis e necessários.

Que sem um homem a criança cresce fraca (em paz, no caso).

Que sem um homem quem vai trocar o pneu da mulher (kkkk).

Que sem um homem como que teríamos hierarquias arbitrárias? (não teríamos).

A gente precisa do homem pra "por as coisas em ordem".

Qual ordem?

A ordem onde incompetência é esquecida, contanto que você seja amigo do dono.

A ordem onde tem gente que não sabe mais como gastar dinheiro e tem gente que tá há 3 dias sem comer.

A ordem onde abuso é tolerado como normal.

A ordem em que todo mundo está enlouquecendo e deprimido.

A família tradicional brasileira.

Um homem que não lava a própria cueca, é alcolatra, não sabe o nome de um amigo dos filhos, mal sabe a idade deles. Traí a esposa, é agressivo, incompetente e amargo.

Dá piti e grita com a criança sobre como isso é ou não é "coisa de homem", "coisa de mulher direita".

Um homem "de família" que mal sabe tomar banho direito.

Meninos frustrados porque nenhuma menina quer transar com eles.

Elas não estão mais dispostas a passar pelo absurdo que sempre foi considerado normal.

Deslealdade, sabotagem, maldade e inveja.

Homens e meninos sempre puderam ser versões horríveis deles sem perder absolutamente nada.

Mas o tempo é implacável.

E eles querem voltar no tempo.

Mas não tem como. E é isso.

Homens são dispensáveis e portanto perderam seu poder.

Quer eles queiram, quer não.




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