terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Preguiça.
Levantou, olhou em volta e censurou-se.
Estava deitada assistindo televisão enquanto poderia estar aprendendo tanta coisa.
Era sempre uma desculpa diferente: "Voltarei ano que vem", "Fiquei sem dinheiro", "Estou sem tempo", "Eu vou ver isso melhor outro dia"..
Ia sempre adiando as coisas que ela jurava que era apaixonada por, jurava que amava. E não é que ela não amasse, não era fachada, não tinha porque ser.. na verdade ela não sabia o que era.
Os cursos, os livros, os filmes.. sempre estavam lá, mas sabia que não era suficiente.
Sabia que podia ganhar o mundo e no lugar disso lia livros e assistia filmes em que outras pessoas (supostamente tão geniais quanto ela) faziam isso e ela era mera espectadora. Espectadora também dos criadores de todas aquelas coisas geniais que eram criadas a todo momento, espectadora e não mãe.
Então declarava uma vez por mês que tinha cansado disso, pensava no que fazer, não fazia nada e voltava com suas desculpas..
Ela nunca se desculpou com os outros, sempre se mostrou confiante e inteligente: Se desculpava com ela.
Só ela sabia o que era poder fazer e não fazer, só ela sabia o fardo tão grande que era ser tão inteligente, tão boa em tanta coisa e mesmo assim não fazer nada.
Às vezes tentava se convencer de que não era tão inteligente, que, de fato, não tinha nada pra acrescentar e por isso não acrescentava nada, mas era mentira. E no fundo ela sabia.
Ela sabia que podia estar lá e que se estivesse estaria fazendo a diferença.
Se questionava o tempo inteiro mas parava por aí.. não tinha idéia do porque, mas essa era sua vida.
Até que..
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8 comentários:
tv é o mal do mundo.. mas fico hipnotizada pelo sex in the city...
Caralho, parece minha ex-vida...
Agora fiquei ansiosa para saber o depois do "até que" da sua personagem!!!
Eu me sinto assim uma par de vezes. Se tu se sente assim também, juntemos as mãos e vamos fazer algo. a diferença. sei lá. temos que acreditar naquilo que nós faz vencer, juntos.
Eu diria que me pareço com 'ela', mas 'ela' é inteligente.
"Me li ali" - íncrivel!
Abraços
reclamar é sempre mais simples.
É, Erica, se eu fosse genial poderia ser a protagonista do texto, mas depois do "até que..".
Eu conheço bem estas pessoas, elas têm tanto medo de errar que acabam paralisadas... e elas fariam a diferença, sim!
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