terça-feira, 30 de junho de 2009

Visita surpresa.

- Alô? - Seu Milton? - Arruma a sala que nós estamos indo aí. Ainda bem que ele ligou, porque minha pequena zona de mil livros/filmes/bolsas/eletrônicos pelo menos pode ser uma zona acessível, tanto que ele analisou por um tempo o que andava lendo sua netinha. Viu um dos tantos livros que me deu e disse: - Já leu? - Um pedaço. Era verdade, eu tinha começado, mas por essa questão de simultaneidade artística meio paranóica que carrego acabei me esquecendo um pouco dele, mas amanhã terminá-lo-ei, ou talvez depois de amanhã, ou depois.. assim que tiver um tempo eu prometo que termino. Então ele me contou sobre trucos e laranjas: - É aquele menino que eu dei uma laranjada na cabeça! Todas as crianças da minha família - exceto eu e meu irmão, eu por ser a única netinha mulher, ele por ser o caçulinha, sabem? - já passaram pela experiência de ter algum objeto arremessado em sua direção e a maioria já passou pela experiência de ser acertado por um -muitas vezes em meu favor. Então eu não pude deixar de gargalhar e imaginar uma criança levando uma laranjada na cabeça, ele gargalhou junto e.. que risada linda e boa de ouvir, meu avô tem. - Como assim, ? - Ah, o menino era um anjo. Tão angelical que depois foi morto na cadeia, mas então.. Ele sempre fala coisas do tipo como quem fala que comeu um torresmo e quebrou o dente. - Eu estava na chácara do meu compadre e inventamos de pegar uma laranjas, não dava pra subir na árvore eu coloquei a escada e comecei a colher laranjas. Então o anjo do menino começou a chacoalhar a escada pra me derrubar "PÁRA" e o lindinho não parava.. dei-lhe uma laranjada na testa que o bicho ficou desnorteado. Em meio aos sorrisos gargalhados que fazem esse silêncio pós-visita soar quase enlouquecedor minha barriga chegava a doer. - Jogar truco é um barato, nesse mesmo final de semana da chácara a gente começou a jogar, estávamos eu, o Zé, o Zani, peraí.. bem, não lembro, mas acho que daquela fez chegamos a jogar 4 contra 4 e só na brincadeira. *pausa pra um sorriso amoroso, alegre e nostálgico* Então.. sabe aquela mão que sai carta pra todo mundo? Eu sei.. e como sei.. respondi: - Óh se sei.. - Então.. sei que alguém pediu truco e ficou de pé, o outro pediu seis e subiu na cadeira, o outro pediu nove e subiu na mesa, eu, que estava com o zap, sem outra opção, peguei a escada, subi e pedi doze. Meu maxilar dói, minhas bochechas e barriga doem, de alegria, de amor, das risadas. E não era só meu avô e minha avó, meu heróis. Meu irmão, uma bola.. mais gargalhadas.. e mais.. e mais.. nunca acaba. No final da visita ele me deu 20 reais, devia correr atrás dele e dar todas as minhas economias, todas, não deixar um centavo. Porque ele vale mais que todo o ouro do mundo, que minha - e de todos os arco-íris - existência. Ele é uma das melhores coisas que eu tenho na vida e não permito que -mais- nada de mau aconteça, sério. Ótimo lembrete para moi, ele me deixa: nas férias a melhor companhia é meu vô, sem qualquer dúvida. Ele sabe tudo sobre o mundo, esse, outros, todos.. Ele já viveu de tudo na vida. É o melhor contador de histórias que eu conheço. E sorri com um amor.. e me ama tão tanto também.. E sempre me traz fascinações! A de hoje? Um bruxo real. E por falar nisso o meu avô é um bruxo da felicidade e bondade e se todo mundo tivesse um avô assim, o mundo seria completamente outro.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Jijiji?

Eu não sei quanto ingiro de alimento se minha mama veste roxo nem se a=jiji e b=jij c=?

Eu não sei porque fui me enfiar no meio acadêmico de novo, bem, na verdade eu sei, mas que grande besteira.

Eu não lembrei onde era a casa do Frango e isso foi grave.

Eu não sei me manter quieta, eu falo e falo, se eu acho que você atrapalhou minha peça ou coisa que o valha.

Eu não sei ouvir ou respeitar o que ouço quando falamos de alguém imbecil.

Eu não sei nada sobre física, química ou matemática além do que acho que devo saber.

Eu não sei parar de ficar achando e querendo revolucionar o mundo.

Eu não sabia nada sobre as guerras até o Frango me falar tudo, porque ele é um gênio e sabe de tudo.

Eu não sei controlar meu ciúme.

Não sei deixar de me interessar.

Mas tem uma coisa que eu sei fazer, que faço muito bem: amar.

Eu amo muito e amo violentamente - o que às vezes resulta em lágrimas (minhas, pra deixar claro) - amo de verdade mesmo e hoje o eleito "ser amável" é o Frango, que me ouve chorar no telefone, gosta até do MATINHO - que era pra ser uma piada sem graça (ou finge, , rs) - e me trata como ninguém jamais me tratou quando estamos juntos.

Talvez por essa excelência em amizade que surja meu medo de forma tão devastadora, mas, anyway, quero registrar que se meu dia foi lindo - mesmo com discussões e indo mal em uma prova - foi por conta dele. (L)

domingo, 28 de junho de 2009

Amizade irremediavelmente falida.

Eu o conheci em uma tarde como outra qualquer. Ou foi em uma manhã? Não me lembro, na verdade. O que eu lembro mesmo é de, antes disso, ter feito um mendigo chorar de emoção só por dedicar alguns minutos de minha atenção ao mesmo, aliás, acho mais fácil esquecer dele do que do mendigo, não, do mendigo eu nunca esquecerei, enquanto que dele já passou da hora.. Eu dei um presente absolutamente peculiar, no nosso primeiro encontro - e havia de dar muitos outros durante nossa amizade - uma coisa que jamais outra pessoa ganhará, fiz com minhas próprias mãos, na noite que precedeu nosso encontro. Uma estação empoeirada do metrô - que mais tarde eu viria a frequentar, lembrando sempre dele - e outros amigos que se demoraram, sem causar angustia ou constrangimento, apesar de nunca termos nos visto - e, aliás, ser a minha primeira vez sozinha no metrô de São Paulo - eu não me sentia nervosa, a conversa e as risadas fluíam simplesmente, era natural que fossemos amigos, acredito que devíamos mesmo ter sido pelo tempo que fomos.. Ele dedicava seu tempo a mim e eu o meu a ele, talvez as coisas tenham degringolado quando começamos a nos apresentar para outras pessoas - porque éramos tão legais que outros só acreditariam vendo - talvez isso tenha estragado pra sempre nossa amizade, mas não sei se foi isso.. através dele quis muito bem outra/s pessoa/s também, então não sei se foi esse o erro. Sei que a pessoa que antigamente vinha até mim hoje ignora quando vou até ela. Minha má notícia foi recebida com um "entendi", sem mais qualquer outra emoção expressa. Eu vou embora - provavelmente pra sempre - e uma pessoa que eu conheço há um mês me disse "que droga, e eu ainda tenho que ficar feliz por você", sem nem saber que talvez seja pra sempre, enquanto ele apenas "entendeu" e continuou achando a vida divertida com seu amigos e namorada. Me pergunto porquê antes ele insistia em não admitir que não existe mais amizade alguma entre nós. Será que eu - desprezível como sou - poderia deixá-lo de alguma forma orgulhoso por me conhecer, por fazer parte da minha vida? Ou foi só dó esse tempo todo? Eu realmente não sei e nem nunca virei a saber.. segunda-feira farei uma prova e independente do resultado eu nunca mais dirigirei-lhe a palavra, estou cansada, do fundo do meu coração, de tanta amizade por mim desperdiçada. E eu juro que se falo isso é porque quero, realmente, que seja um nunca mais. Meu bem-querer é muito precioso pra não ser correspondido.
Azar de quem não soube aproveitá-lo!

sábado, 27 de junho de 2009

Carta à uma de minhas mães.

Tia Sandrinha, Você acaba de sair de casa - mais uma vez pra fazer algo por outra pessoa - e eu acabo de ter a seguinte reflexão: "Quando crescer quero ser exatamente como a tia, tirando suas aspirações". Tirando suas aspirações porque são exatamente elas que te fazem sofrer, se não as tivesse serias a mulher mais feliz do mundo (mesmo com seu passado). Além desse seu espírito altruísta, uma das coisas que mais admiro em você é essa sua coisa de "Crescer sem jamais perder a ternura", sabe? Você é como uma menina, que mesmo com tudo que passou e que passa, tem sempre um sorriso no rosto e uma palavra amiga pra quem quer que seja. Sua bondade transcende o normal de qualquer bondade - é uma coisa exatamente Dona Flora de ser - e quando você diz que não deve ser desse mundo eu tenho certeza que não é. A sua evolução de espírito, sua justiça, sua paciência, todas essas coisas que nos momentos de amargura você não vê, são tudo que almejo pra mim um dia - sem muita esperança, já que não sou um ser que chegue nem perto da sua evolução, mas, por enquanto, sonhar não paga imposto. Sério, se eu pudesse, de alguma forma - e qualquer uma - te ajudar a perceber o quanto você é amada e especial como ninguém, se eu pudesse te fazer sorrir todos os dias, se eu pudesse - ou puder, nesse caso é só pedir que eu faço qualquer coisa - te devolver (ou te dar) toda felicidade que você merece eu o faria com a sensação de que já posso morrer por já ter feito algo de justo no mundo. Se alguém que eu conheço merece ser feliz nessa vida esse alguém é você. Esse alguém que não sabe dizer "não". Esse alguém que sempre faz tudo pelos outros e quase nada por si. Esse alguém que alegra com sua alegria. Esse alguém que não é perfeito, claro, porém que está quase chegando lá e eu tenho a honra de poder chamar de tia e mãe (se não chamo desse segundo é porque a minha própria morreria de ciúme). Eu nunca poderei esquecer o quanto você fez por mim e o quanto faz pelo Biel e, aliás, continua fazendo por mim, colocar suas bem feitorias para comigo no passado é um erro atroz, já que é a tia Candinha que, além de desde que me entendo por gente cuida de mim, me paparica, me leva pra lá e pra cá, me faz companhia, é amiga, amiga mesmo, amiga confidente, é a tia Candinha que eu sempre penso como mãe mesmo. Tipo "Se eu ganhar na mega-sena a primeira coisa que faço é viajar o mundo de balão com o Biel, a mama e a tia Candinha" ou "Queria tanto mudar de São Bernardo, bem que nós quatro podíamos comprar uma cobertura na Vl. mariana", você está sempre nos meus planos (por mais que não queira, há) porque você é equilíbrio e calma, você é a pessoa que qualquer pessoa sã quer ter por perto, eu poderia falar que tem das suas chatices, mas só as tem se eu tenho primeiro ou se alguém vai lá e quebra seu coração e esperanças, mas, óh, não há motivo pra desespero, porque se Deus errou você de mundo, pode ter certeza que ele foi desatento o bastante pra errar um bonitão também e achá-lo é só uma questão de tempo. Bem, eu sempre te falo essas coisas, mas um registro escrito vale como um documento, então quando eu estiver com minhas perças e filmes fazendo turnês pelo mundo e não puder te falar isso pessoalmente, você lê essa carta e mão esquece que eu te amo muito.
Da sua filha e sobrinha,
Ferdi!
27 de junho de 2009.
Está em cima da cama dela, pra ela ler quando chegar.

Psicose feminina.

Se conheceram como pessoas normais se conheciam, o que não era muito normal pra ela. Numa dessas esquinas da vida um pensou que o outro poderia vir a ser interessante, se ambos frequentavam o mesmo lugar, alguma semelhança tinham. Ele morava na mesma cidade que ela, o que novamente não era nada natural para a mesma. Logo se quisessem se ver, um telefonema resolveria tudo, nada de esperas absurdas e saudades que corroem. Mas, mesmo com as diferenças, ela sempre gostava da mesma forma, era até engraçada a falta de criatividade da mesma. Tudo começava SEMPRE igual, mas já que cada um deles eram diferentes, os finais eram diferentes e sempre mui mui dramáticos - mesmo que não. Então foram as conversas, o incrível jogo de palavras que ela se tornara perita. Sabia como ninguém - mesmo com sua personalidade, aparência e inteligência nada atraentes - falar sobre verdades que a favoreciam, falava também das que não - já que, na cabeça dela e só lá - as pessoas gostavam de desafios. As conversas se estendiam indefinidamente, poderiam ficar anos se falando sem que qualquer um se cansasse. A verdade é que ela realmente falava muito bem e no começo era extremamente agradável, desapegada, divertida, descolada.. alguém que valia a pena gastar algumas horas junto -ou a eternidade. Qualquer garoto cairia e ela sabia disso, nem pensava que devia se sentir humilhada por fazer as pessoas gostarem de alguém que não era ela na verdade, mas não pensava isso - até com alguma razão - porque no começo era realmente agradável, desapegada, divertida e todo o resto, o problema só começava quando começava o gostar e, ah, disso ela sabia, mas pensava: Como uma pessoa pode alertar "olha, assim que você significar qualquer coisa pra mim me tornarei insuportável"? Primeiro que a pessoa - pensava ela - se sentiria muito mal quando ela estivesse legal: "Ah, quer dizer que eu não sou importante?" e segundo que correriam pra longe. Se sentia num beco sem saída, tinha deixado as conversas começarem e irem longe e ele já estava se tornando importante, mas se justificava: "Não, ele eu alertei bem", não que tivesse. Então começou a paranóia.. quando não o encontrava, surtava. Ou se ele não aparecia, ficava até o lugar fechar com esperanças de que ele aparecesse. Se não ligava, pensava: "Bem, que descanse em paz", porque só dessa forma ele poderia ter se esquecido dela. Até que passaram de "apenas bons amigos" para um "caso" e eis que o inferno começou na vida do pobre rapaz que jamais deveria ter gostado do chocolate quente daquela droga de lanchonete. Choros e mais choros, inventava desafetos, ciúme doentio. Mas ele gostava dela de verdade, então, pra provar isso, resolveu pedi-la em namoro. Ela aceitou, a paz se reestabeleceu durante três dias e começou tudo de novo.. Inseguranças, "ele não falou que casaremos um dia hoje". Ciúme, "a irmã dele disse que está com saudade". Afastamento dos amigos, "Não, não dá pra sair, vou ver ele". Possessão, "Então ele precisa de outras pessoas pra ser feliz?". E todas essa carga alegre que a vida romântica trazia na vida da nossa querida personagem, que, aliás, pode ser eu, você ou todos nós. Até que o pobre rapaz (que também pode ser qualquer um de nós), por mais que a amasse, resolveu que precisava viver sem ver ninguém chorar - acusando-o de culpado - todos os dias. E foi-se embora. Ela, como sempre, começou a cercar os amigos dele "ele disse alguma coisa?", depois a apelar, aparecia no trabalho do mesmo e chorava pro patrão dele, quando viu que não deu resultado, fez o de sempre: ligou. - Alô? - Amor, eu quero que você saiba que eu vou te amar pra sempre, apesar de você ter arruinado minha vida. Eu sei que a culpa não foi só sua, e eu mudaria se tivesse tido a chance, mas os homens são assim mesmo, só que agora eu cansei, cansei dessa vida, de amores fracassados, de não ser entendida, de não ser amada, cansei de falsas promessas, cansei de mentirosos, porque é, você é o maior mentiroso que eu conheço, ter a cara de pau de dizer que me ama é o cúmulo, você devia se envergonhar, mas não é sobre seu mau-caráter que quero falar. Na verdade só estou ligando mesmo pra dizer adeus.. pra sempre. *tu tu tu tu tu* - Alô? Pra sempre? Tá tudo bem? *tu tu tu tu* Então ela foi lá, fingiu que tentou se suicidar - aliás era especialista nisso e em auto-piedade - quando notou que ele não foi na casa dela mesmo depois da sua mãe ter ligado pro mesmo falando sobre sua tentativa de suicídio, começou a falar pros amigos dele o quanto ele era repudiável: "E nem assim pra me pedir uma desculpas. Sabe? Não quero mais nada com ele, não mesmo, só que ele me pedisse desculpas". Quando viu que os amigos dele agora pareciam sempre esquecer seus celulares em casa, apelou pra ele de novo e continuou apelando, até receber a notícia - exagerada - que ele estava entrando em depressão, desesperada pensando que eram febres de amor por outra, correu pra casa dele e só quando ele - seis meses depois do término - gritou chorando sinceramente que: "PELO AMOR DE DEUS EU SÓ PRECISO QUE VOCÊ ME DEIXE EM PAZ", foi que ela desistiu. Desistiu de insistir mas não de jurar amor eterno ao mesmo e dizer pra quem quisesse ouvir que "ia esperar" e que "um dia ele se dava conta da bobagem que fez enxotando a mulher da sua vida da mesma e voltava pra ela". Esperou como se espera a morte.. Por três dias. Até outro garoto fazer a bobagem de dar atenção pra ela.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Emily & Julia.

Não, não eram como Joseph and Alexander, na verdade as duas não se conheciam ou viriam a se conhecer não fossem pelos acasos da vida.

Julia morava com a avó e os tios na Vl. Mariana, Emily com a mãe e o irmão em Sorocaba.

Uma não tinha nada a ver com a outra, enquanto Julia era altiva e exalava um frescor natural, Emily era invisível aos olhos menos atentos.

Cabelos longos, lisos e absolutamente louros, um sorriso branco e absolutamente perfeito, grandes olhos azuis de cílios cumpridos, corpo esguio e ágil, quase como uma lebre, parecia flutuar. Era dona de uma beleza unânime, além de uma simpátia comentada por qualquer um que lhe dirigia a palavra, inteligente e boa aluna, Julia adorava as possibilidades que a vida lhe oferecia, tinha o sonho de se tornar fotógrafa e comprar um apartamento na Chacará Klabin, pra viver sozinha.

Apesar de ter um convívio familiar perfeitamente harmonioso (seus tios - que não podiam ter filhos próprios - tratavam-na como uma e sua avó a amava acima de qualquer coisa), Julia gostava da idéia de ficar sozinha, porque no momento que sua mãe deixou-a dessa forma e se suicidou, depois de ser abandonada pelo seu pai, ela aceitava a solidão como uma condição mais do que natural do seu ser. Não tinha dó de si mesma por ser orfã ou achava o mundo menos justo por isso, aceitava como quem aceita que o céu é azul e que a morte é um mistério, ela não podia fazer nada a respeito e além do mais vivia absolutamente bem.

Era uma garota de muitos e sinceros amigos, porque apesar de sua alma solitária, gostava de dividir sua solidão. Pra ela, todos era sozinhos sem o saber, por um motivo ou outro.

Mas parou de pensar assim depois que conheceu Emily.

Cabelos negros, espesos, muito brilhantes e curtos, ela usava aparelho nos dentes e um óculos à la Janis Joplin (Janis era sua grande heroína, conheceu-a ainda antes de nascer, no ventre de sua mãe que também é uma grande fã), é baixa e pequena, muito branca e magra, seus olhos são de um castanho amarelado excêntrico e bonito, amendoados e semi-cerrados. Era uma menina aparentemente comum, exceto por meia dúzia de hábitos e gostos e a infelicidade que trazia por ser humana, explicava: "Parece que eu nasci errado, preferia ser uma árvore ou um vegetal do que pertencer a essa espécie".

A verdade é que Emily estava sempre a pensar demais, não era uma boa aluna, apesar de muito inteligente e educada, porque desprezava a instituição escolar (também por pensar demais e saber todas as falhas e o quão óbvias e simples seriam as mudanças para torná-la um lugar ideal), mas nunca incomodava ninguém, sentava sempre em um canto com seus dois melhores amigos Kevin e George, mas só falava quando sabia que não atrapalharia, de outra forma ficava a ler seus livros, escutar suas músicas ou rabiscar seu caderno, numa mudez exemplar, pensava que se alguém queria aprender, ela não tinha o direito de atrapalhar.

Emily é muito disciplinada com as coisas que ama e ama muitas coisas, coisas, não pessoas.

Ama, por exemplo, miniaturas (às vezes queria ser uma delas e Kevin brinca que ela praticamente é), arco-íris, cinema, livros, música, riachos, cadernos, escrever, fingir que é outra pessoa e, mais do que todas essas coisas, sua mãe e seu irmão. Apesar de ter Kevin e George ela pensa que a amizade deles é condicional e nas novas circunstâncias que nasceriam para ela um dia, eles seriam substituidos por outros, enquanto que sua mãe e seu irmão estariam sempre junto.

Sua mãe a criou sozinha sem nunca ter mencionado a ausência do pai, seu irmão era dois anos mais velho e o único que conseguia fazê-la gargalhar sinceramente mais de uma vez seguida, nos últimos tempos eles não passam muito tempo juntos porque as faculdades e o trabalho tomam muito tempo dele, além dos amigos, porém ele nunca deixa de reservar algum instante do dia para fazê-la gargalhar sinceramente duas vezes seguidas.

Emily e Julia.

Emily foi para São Paulo com a mãe passar as férias de julho na casa de sua avó, que morava na Vl. Mariana. Lá era amiga de uma garota muito bonita, chamada Karina, exatamente 6 meses mais velha que ela, filha da vizinha de sua vó. Ela gostava de ir pra lá, apesar de sua amiga nunca poder sair e sua mãe (há uns cinco anos, desde a morte do seu pai, que Emily era muito apegada) dedicava as férias a arrumar a casa da mãe, conversar com ela o tempo todo e ensinar algumas músicas pra ela no piano, de modo que a única coisa que Emily fazia por lá era conversar com Karina.

Porém, nessas férias, Karina não estava, fora para Orlando fazer intercâmbio e ficaria lá por um ano, ela já sabia disso (elas conversavam todos os dias por msn, apesar de só se verem uma vez por ano) mas não deixou de ficar decepcionada ao não encontrar aquela menina esguia de cabelos acajú e olhos extremamente verdes que tanto fazia bem a ela. Nos primeiros dias passava o tempo todo lendo, porém, logo seu acervo acabou e ela passou a frequentar uma grande livraria (aliás, a maior da América Latina) que ficava não muito longe da casa de sua avó, na Av. Paulista.

Julia costumava ir com os tios e a avó nas férias de julho pra casa que tinham em Campos do Jordão, porém, como esse inverno estava especialmente rigoroso e sua avó pegou um resfriado, a viagem foi cancelada dessa vez. Por mais que gostasse de Campos e dos amigos que tinha por lá, acabou se alegrando por não ir sem saber porquê e decidiu aproveitar as belezas da sua querida cidade.

Nos primeiros dias visitou o centro velho, o mercado municipal, o pátio do colégio, o museu do imigrante, o museu da língua portuguesa, a pinacoteca, tomava sorvetes nas praças (só tinha esse hábito no inverno) e fotografáva tudo que achava que valia a pena, sempre sozinha e se sentindo totalmente livre. Depois decidiu atualizar-se cinematográficamente e começou a visitar os cinemas alternativos da Paulista: HSBC Belas Artes, Espaço Unibanco, CineSESC, fazia rodízio porque gostava de todos igualmente. Um dia, quando se dirigia ao HSBC, se sentiu atraída pela exposição fotográfica do Lorca que estava acontecendo na Caixa Cultural, entrou e começou a observar, fascinada.

Emily que saia da livraria Cultura (que também fica no conjunto nacional) viu aquela garota tão incontestávelmente bonita, olhando com tanta paixão aquelas coisas, que não pode ter outra reação se não olhá-la com a mesma paixão que a mesma olhava para as fotografias. Ficou imóvel olhando-a por tanto tempo que Julia percebeu e quando Emily percebeu que Julia havia percebido, saiu correndo, chorando de vergonha.

Então Julia, sem pensar em nada, correu atrás dela, encostou no seu ombro e quando ela olhou, disse, sorrindo: "Olá", Emily enrrubreceu muito e disse, perturbada: "Desculpa!", Julia sorriu um sorriso maior e perguntou: "Por quê?", "Porque eu fiquei te olhando..", "E que mal há nisso? Eu mesma estou te olhando agora mesmo. Me diga uma coisa.. Qual é o seu nome?", "Emily", "Prazer, o meu é Julia", estendeu a mão com graça, Emily apertou-a e depois de Julia insistir um pouco foi com ela para o cinema.

Trocaram celulares e passaram a se encontrar todos os dias na estação Ana Rosa do metrô, no lugar onde ficavam os quadros. Emily chegava sempre um pouco antes, exceto em uma quinta-feira, porque tentou não ir até o último segundo, mas acabou rendendo-se e foi.

As meninas viraram grandes amigas, foram se conhecendo melhor e se encantavam todo dia um pouco mais uma com a outra, se completavam e pareciam se conhecer há anos (ao passo que passaram apenas 25 dias juntas). Se divertiam indo nos lugares mais aleatóriamente escolhidos da cidade. E antes de ir dormir, desde o primeiro dia, se ligavam e desejavam boa noite, o gesto partiu de Julia e depois elas alternavam.

Emily nunca tinha sido mais feliz na vida, Julia sempre foi tudo que ela procurava, tão doce e gentil, tão divertida e espontânea, tão segura e objetiva. O perfume que ela exalava era um balsâmo pras suas dores, ela já não achava a humanidade tão detestável assim e a idéia de poder tocá-la a fez perder o interesse até por seus livros, nada importava além de Julia. Gostava de colocá-la ao sol e observar as nuances do azul dos olhos dela e como seu cabelo brilhava quase branco. Ela queria casar com sua menina, mudar pra cidade e nunca mais sair do abraço dela e da sua voz doce.

Julia se sentia completa, nunca uma amiga a entendera tanto, nunca tinha experimentado uma companhia mais agradável, por mais que socializasse facilmente. É que Emily era diferente de todo mundo que ela conhecia e viria a conhecer, tão inteligente, pensava tão amplamente, além de ser uma das pessoas mais cultas que ela conhecia. Mal podia suportar a idéia que ela voltaria pra Sorocaba, odiou tanto aquela cidade que nos últimos dias que passaram juntas, até chorou, mais que pela saudade que se aproximava, por ódio aquele lugar que roubava sua amiga. Ela queria tê-la pra sempre por perto, queria dividir sua aspiração de apartamento na Chacará Klabin, queria que todos seus amigos (que, na sua maioria, estavam fora da cidade) a conhecessem, queria conhecer o mundo do lado dela e chamá-la pra ser madrinha de seu casamento. Ela adorava abraçar aquela menina pequetica e enchê-la de beijos, era absurdamente carinhosa e Emily, mais do que os outros, sabia receber seu carinho, ela não podia ir embora, não podia..

Mas foi.

Dia 29 de julho ela voltou pra Sorocaba, chorando como um bebê e prometendo que voltaria em breve, convidando-a pra ir passar algum final de semana com ela e morrendo por dentro.

Chegando em Sorocaba Emily ligou, ainda escorriam lágrimas do rosto de Julia, mas cesaram na hora em que ela reconheceu a voz: "Você chegou bem, Pandinha (começou a chamá-la assim por seus cabelos muito pretos e pele muito branca, além de sua aparência fofa)?", "Cheguei péssima, mas viva. Vem passar o final de semana que vem aqui? Eu falei com minha mãe e ela disse que tudo bem, tem espaço e você vai gostar daqui", "Duvido que eu vá gostar do lugar que te faz ficar longe, mas eu vou ver se posso", "Por favor", "Eu quero ir, Panda, mas não depende de mim, né? Vou conversar aqui em casa e amanhã eu te falo", "Tá bom, mas se não deixarem insiste, tá?", "Prometo. Te amo, viu?", "Eu também..".

Emily desligou o telefone com a esperança que ela vinha, não chorava mais, deitou na cama e ficou olhando pro teto por mais de duas horas, lembrando de tudo que tinham passado, sorrindo abobadamente, com a certeza de que era correspondida. Nunca antes ela tinha gostado de uma garota, mas o mesmo podia dizer em relação a garotos, de modo que essa paixão só causou medo quanto a reação de sua família. Mas ela não se preocuparia com isso por hora, agora ela só queria ter certeza de que era correspondida, mas as provas eram irrefutáveis. Vejam, se Julia não tivesse gostado dela não teria corrido atrás da mesma, depois não teria insistido pra que fossem ao cinema, nem muito menos teria ligado logo depois de se verem só pra desejar boa noite, além disso foi ela quem disse "Te amo" primeiro, ela estava sempre mantendo contato físico e, se ela não estava delirando, foi por pouco que na segunda terça-feira que passaram juntas, Julia não a beijou. Ela era correspondida sim, só não sabia como deixar as coisas claras, não sabia e nem tinha coragem, porque a idéia da rejeição era uma dor maior do que qualquer outra e, se ela fosse rejeitada, se mataria, jura que se mataria.

Julia pediu pros seus tios pra passar o final de semana com Emily, mas eles acharam perigoso demais e disseram não. Mas depois que ela parou de comer e ficava chorando o tempo inteiro (justamente pra tentar dobrá-los), eles acabaram aceitando. Fizeram mil recomendações e foram levá-la até lá "Tudo bem você ir, mas ônibus é absurdamente perigoso, a gente te leva", ela nem tentou poupar-lhes o trabalho com medo de que mudassem de idéia. Quinta-feira suas malas estavam prontas e ela ficou tirando e pondo a escova de dentes da mala sempre que precisava usá-la.

Ligou pra Emily que explodiu de alegria, porque já estava explodindo de saudade, já que desde domingo não falava com a garota.

Quando ela chegou, na sexta-feira de noite, as duas ficaram abraçadas por 30 minutos, entre sorrisos e beijos apertados nas buchechas e não dormiram nenhuma das noites conversando e conversando sobre tudo e qualquer coisa que se passava em suas mentes.

Domingo chegou e a perspectiva da ida começou a pesar em Emily, então ela pensou que se declarasse logo o que sentia, seria mais certo que ela voltaria na semana que vem. Se elas firmassem compromisso..

Então ela foi pro banho, ensaiou mil formas de falar, passou cremes e perfumes, se vestiu da maneira mais bonita que encontrou e levou-a na praça que mais gostava, comprou dois sorvetes de menta e quando Julia pegou sua mão, disse: "Ju, se eu tiver enganada você jura que não vai me desprezar?", "O quê? Eu jamais te desprezaria", "Então ok. Juro que se a resposta for não eu nunca mais toco no assunto, ok?", "Você está me assustando, hahaha, fala logo, besta", "Ok. Quer namorar comigo?". Julia apertou a mão dela mais forte, deu um beijo leve nos seus lábios e disse "Eu não posso", ela não falou mais nada, não perguntou o porquê, não quis entender e quando os pais de Julia chegaram para buscá-la, ela não foi se despedir, se trancou no quarto desde que voltaram da praça. Não derramou uma lágrima e nem gritou, desligou seu celular pra sempre e nunca mais visitou sua avó.

Hoje Emily está casada com Kevin, tem uma filha, que se chama Karina. Não trabalha e gasta todo seu tempo cuidando da casa e de Karina, não lê mais ou pensa sobre coisa alguma além de novelas e que viagem ela e sua família feliz farão no final do ano.

Julia divide um apartamento com Karina (dos cabelos acajú e olhos de esmeralda) na Chacará Klabin, é fotógrafa e gosta de meninas.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Retorno.

Tia Sandra diz: Oi, atriz lindona! Ferdi diz: Olá. Tia Sandra diz: Falei para o Gabriel na hora do almoço "oi meu ator favorito" e ele perguntou "não é a Nono?" respondi "você é meu ator e ela minha atriz" ai perguntou "qual a diferença de ator e atriz?". Eu sai da tragédia pensando "Foi uma tragédia", no sentido tentativa de cômico da coisa, mas mais do que frustrado, só que quando as luzes se acenderam e eu vi aqueles rostos cheios de admiração aplaudindo de pé até depois de entrarmos nos camarins eu comecei a questionar. Sim, muitos - muito mais do que eu imaginava ou julgava que merecia - amigos e parentes na platéia sim, o que me faz questionar meu questionamento, mas, de qualquer forma, professores e o próprio coordenador elogiaram com ânimos inflamados e beijos e abraços. "Quais são seus planos agora? O que faz uma atriz depois que se forma?". Uma atriz eu não sei, eu vou continuar estudando enquanto procuro manter meu grupo trabalhando. Mas uma atriz, uma atriz mesmo, eu realmente não sei.. Abraços abraços abraços Beijos beijos beijos Morte a saudade morte a saudade morte a saudade Alívio alívio alívio Afeto afeto afeto Gratidão graditão gratidão Lágrimas reprimidas por mim Eu queria que vocês soubessem de tanta coisa que não dá pra falar. Eu queria tanto ter dado mais atenção pra todo mundo. Eu queria não ter exagerado na crueldade. Eu queria saber a dimensão do amor. Eu quero.. E eu não lamento que algumas pessoas não conseguiram ir. Foram mais do que faltaram, se convidei 20, 15 foram e isso é mais do que genial se situarmos a peça em uma segunda-feira fria, às nove horas da noite. Eu queria que todo dia fosse dia de apresentação. Eu queria ver todo dia o teatro lotado. Queria sempre sentir isso que eu sinto agora e não sei do que chamar. Eu quero.. Eu sinto saudade do que aconteceu ontem, no carro, depois de meia-hora que acabou-se a peça eu já sentia. Não quero perder isso.. Quero que vocês saibam, público anônimo, amigo ou familiar, que se eu faço teatro é com um objetivo muito bem definido, além de emocioná-los e divertí-los e entretê-los, espero que tenha ficado uma reflexão pra vocês e que os mesmos não tenham preguiça de refletí-la. Obrigada por saírem de casa em benefício do teatro, nós agradecemos em nome dele e em nome nosso.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Medéia.

Lutei o ano todo pra conseguir, se concretiza hoje: Medéia..

domingo, 21 de junho de 2009

Naceram pra eu ter como me decepcionar.

Porque parece que tem gente que nasceu pra fazer a gente infeliz. Parece que tem gente que nasceu pra fingir pra gente. É só uma questão de não ter ele nunca por perto. Me dá vontade de falar, falar e falar, mas mentira eu pago com silêncio, sem contar que já foi tudo dito sem que eu precisasse dizer. Omissão nem chega a ser, mentira mesmo, mentira inocente. Engraçado são os lapsos de consciência "Você está estranha porque está pensando 'por que ele não fez isso e isso e isso se disse que ia fazer?' eu sei que é isso mas é que..", seguidos de explicações absurdas e vazias que só faziam me decepcionar mais e mais, então, depois de quinze discussões sobre o nosso problema eu quis deixar em pratos limpos "Então sejamos colegas, não me chama de amiga", seguiu-se uma ceninha babaca e um "Ok" nada sincero meu, seguido de tudo que eu premeditei, um bando de mentiras sem fundamento e tristes só pra mim. Engraçado, eu sinto que ele tem vergonha de mim, porque eu sou muito certa pros seus amiguinhos erroneamente descolados, engraçado é que eu que devia ter vergonha dele não tenho. E mais engraçado é que eu não vou falar nada nunca mais, porque cansei de elaborar palavras e qualquer outra coisa, engraçado é que eu vou tratar com naturalidade e apagar da minha vida pra sempre no dia seguinte depois do último simultâneo "Até logo", engraçado é que eu vou saber, friamente e mais uma vez, que é uma despedida pro nunca mais e vou fingir que não, engraçado é que eu. com todo meu amor, sei ser mais fria do que qualquer um de vocês poderia quando o assunto é algo mal terminado.. Da primeira vez que me aconteceu de dizer "Até logo" pra sempre eu não chorei e não choro até hoje, agora da segunda eu estou chorando, porque da primeira eu só soube que era o último adeus quando foi e desse eu sei de antemão, eu sei que vou ter que fingir e fingir e interpretar depois de descer do palco e como minha personagem eu terei que matar minha amizade, não que ela se tornará menos cara por isso. Se fosse recíproco, se da parte dele não fosse falso, eu amaria partilhar minha vida com ele como nos tempos que tudo era de verdade, como na primeira vez que a gente se viu, sentados naquela escada de metro empoeirada, como da primeira vez.. que.. eu.. tive.. um.. amigo.. assim.. e achei que sempre teria e inventamos um mundo para nós e sorrimos de piadas criativas e.. Acabou-se.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Nasceram pra eu ter quem admirar.

É que tem gente que parece que nasceu pra fazer a gente feliz. É que tem gente que parece que existiu pra existir na vida da gente. Eu vou explicar melhor, por exemplo, ela estava dizendo: "Ah, ela está melhorzinha, agora sabe que ele não gosta dela da forma que ela gosta dele mas diz que só de ter ele por perto já está bom", não, não é da parte paixão não correspondida, na nossa fingida hierarquia, acho que até sou muito bem correspondida, é da parte deles só existirem, digo, não, é mais que isso, eles precisam estar por perto, da parte que só deles estarem por perto já está bom, está mesmo. Aí nós estávamos lamentosas dizendo que vai acabar e: "E agora?" Ele disse: "Ih, vocês são sarna, conheço quando é sarna, não saí de perto não, sarna, pode acabar que sempre vai estar por perto". Eu quero ser eternamente sarna, porque me emociono só de pensar.. Eu estava dizendo: "Eu vou ganhar na mega-sena e você vai ser obrigado - porque vou pagar um salário irrecusável - a dirigir todos os meus espetáculos" e eu sei que soa como quem quer comprar - mas não foi assim que as coisas começaram? de início eram contratados, digamos assim - e amizade não se compra, eu acho, mas eu compraria se fosse preciso, comprava mesmo e pra sempre. Porque só de eles estarem por perto já é suficiente. Ele estava falando: "Calma, gata, sou eu, sabe? É o Rafa" e era ele mesmo e mesmo assim eu estava surtando e mesmo assim ele tinha paciência. Aí ele disse: "Ah, então quer dizer que eu coloquei meu paletó, todo chique pra você fazer 'ai, assim tá ótimo'? Assim comigo não, hein?", claro que não, é que eu realmente detesto câmeras e elas me deixam nervosa, eu sei que ela é um doce, é mesmo, eu adoro ela e isso piora mais ainda as coisas, porque eu quero que ela me ache boa, mas isso são outros quinhentos, a questão é que ele merecia um castelo mais do que ninguém, mas eu não soube deixar isso claro depois, por mais claro que deixe toda vez que meu olhar encontra o dele.. "E que tal uma chaleira?" Eu pedi e ele levou o meu livro preferido e eu pude até ler umas páginas e rir e chorar em menos de duas, porque aquele livro é tão sensacional que faz isso com qualquer pessoa mais sensível que uma porta. Daí eu disse: "Eu sou a única que não fala de coisas humanitárias no programa". E ela me corrigiu: "É nada, eu falo sobre turismo, senão ia virar 'Caridade S.A.' e não é isso". Ela sempre fala as coisas de um jeito engraçado. E então ele fez eu virar uma velhinha perfeita em postura, o que eu acho engraçado nele é que ele só tocou duas partes do meu corpo e é SEMPRE assim, ele apresenta soluções tão óbvias, tão simples pra tudo, é como se ele soubesse sempre o segredo da vida e o segredo do mundo, mas quando eu digo isso ele fica achando que eu estou exagerando e se eu digo que nunca serei como ele ele diz que é dez anos mais velho e que na minha idade sabia tanto quanto eu, ou qualquer coisa que me motive assim. Ele está sempre a me fazer sorrir, eu contei que ia pra Amsterdam e ele disse: "Olha, uma amiga nossa foi pra lá e voltou toda roxa e a gente perguntava o que aconteceu e ela dizia 'Foi o Gurt, o Gurt me encontrou me deu um beijo e me encheu de porrada', tipo, a pessoa achou que encontrou com o Kurt Cobain, então, Ferdi, cuidado com Amsterdam" eu estou rindo disso até agora por mais não-engraçado que pareça, é que ele se fala "Abacate" é sempre de um jeito, se não engraçado, pelo menos gostoso de ouvir. Mas não é só ele, o Tom nos contou uma piada, desceu lá pra nos fazer uma companhia, só de ele estar lá é como se um mar de alegria, é verdade.. E quando ele chegou com o Tom lá em baixo? Só de OLHAR os dois já doía meu coração de alegria, acho que eles vieram pro mundo pra eu ter quem admirar, sabe? Acho mesmo! E meu irmão gosta tanto do Tom também, da segunda vez que eles se viram ele tirou o boné do Tom e disse: "Gosto mais sem boné". E eu concordei. E ele, o Rafa, ele falou da minha mãe e minha mãe falou dele, sem um saber que o outro tinha falado do um e eu achei isso engraçado. Ele estava lá só parado, ele estava lá só me dizendo "oi" e meu coração já não conseguia mais parar quieto. Eu estava lá quase perdendo os sentidos e já tinha até acabado e um outro deles disse: "Isso é bom pra você saber que não gosta". Porque eu tinha dito: "Por que diabos eu procurei uma escola de teatro E TELEVISÃO? Não faz o menor sentido". E quando ele me respondeu isso eu quis me retificar - mas não tinha como falar sem parecer de alguma forma apaixonada demais - quis dizer que Zeus me livre ter procurado outro lugar porque se tivesse não teria conhecido eles e Zeus sabe que se eu sou feliz é porque os procurei, acho que a aula de televisão é o preço que se paga pela felicidade, apesar de eu amar esse preço quando estamos falando dele em teoria. Mas então que toda vez que eu falo o que sinto sinceramente sobre alguns deles, principalmente meu moreno mais lindo, ele pensa que é exagero ou algum deslumbramento juvenil em relação ao gostar e ao se dar bem e talvez seja, mas é que eu nunca conheci pessoas são incríveis e acho tão difícil conhecer - mesmo sabendo que vá conhecer outras - ao passo que eles devem conhecer aos montes, eles tem sempre alguma experiência absolutamente improvável e feliz pra contar e se infeliz a gente tem vontade de pegá-los no colo e nunca mais deixar eles sentirem infelicidade, é de verdade.. Eu não sou religiosa mas se passar a rezar pode ajudar ele a nunca mais ser assaltado eu vou passar a rezar todas as noites e falo sério. Eu queria, aliás, eu quero que eles tenham tudo de alegre que se pode ter no mundo, porque quando eu estou perto deles tudo que existe no mundo me parece alegre e genial, as coisas tem outras proporções e parece que eu nunca mais vou chorar. E nunca mais vou se sempre lembrar que eles existem e que estão bem aqui ao alcance do meu abraço e eles estão. Mesmo que não possam ir na segunda, pouco me importa - não, na verdade me importa bastante - mas, ao menos com eles, eu jamais saberei ficar ressentida por nada, por nada mesmo, porque eles são pessoas que só fazem feliz.

domingo, 14 de junho de 2009

Jantar literário.

Era pra ser um Foundue Literário, mas não foi. Não perdeu em nada, eu aposto, mas só aposto porque não tenho como provar já que não jamais participei de um. Eu pensei "Família por família, apesar de amar muito aquela outra eu amo bem mais a minha" e então fiquei, sim, com um certo pesar de saudade de minha Lucy, mas também me falta minha família, e o piano, e as conversas infinitas, a poesia.. A poesia! A proposta era um jantar e um sarau em família. A realização foi: Um jantar ultra delicioso acompanhado da melhor conversa do mundo, os melhores sorrisos e até um bom vinho, isso em família e alguns bons amigos, um violão inesperado com outro estilo que independente do meu agrado tinha um sorriso novo que o segurava e me agradava tanto a imagem quanto as palavras e o olhar, um novo alguém e um violão, o piano estava lá como sempre e foi tocado lindamente por ele e arranhado por mim, poesia, muita poesia: Camões, Vinícius, Pessoa, Drummond, Meireles, Neruda, Mendonça. É. Mendonça. Minha poetisa contemporânea preferida empatada com o Caio Fernando Abreu carrega meu sobrenome, é da minha família e me deu o privilégio de ouvir os poemas com entoação de autor. Vestindo letras, pra quem interessar. Então depois ouve o momento do chá. E a despedida pra dali o dia seguinte foi gostosa, voltei com três livros felizes e mais de mil novas perspectivas. Minha mãe e eu no carro, e ela me fez rir de passar mal porque sabe ser mais divertida que qualquer amigo meu, até o melhor humorado, mesmo depois dos quarenta. E então hoje conseguiu, heroicamente, ser melhor do que ontem, que foi um dos dias mais felizes também. De muitos que já fui, foi o primeiro Noitão do HSBC Belas Artes que passei cercada de amigos, não que a solidão me incomode em qualquer momento. Além de passar o dia também em família e ganhar coisas que mais do que coisas são carinhos de mãe.. Eu tenho sorte demais e às vezes esqueço, isso é pecado na minha religião. Acho que vou colar lembretes pela casa: Você é feliz e isso é incontestável! Como uma amiga minha colava na casa dela, mas ela.. ah.. ela faz parte de outra história.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

E tu me atraiçoas!

"Ó mais celerado dos homens. Eu que te salvei a vida como sabem todos os gregos que embarcaram contigo no navio Argo." Não, eu não salvei sua vida e nem fiz nada por você. Amigos: Eu dizia que sim e te guardava a honrarias. Guardava nosso projeto de amizade com um carinho e fragilidade de fino cristal. Então você me cobrava explicações que amigos gostam de saber e eu dizia com prazer, mas você mentia nas suas. Você usava bordões meus pra me ferir com outro qualquer que não o valia. É, talvez eu tenha sido precipitada, mas eu cansei dos enganos da vida e por mais que esse talvez seja mais um deles, prefiro arriscar e errar me protegendo do que mais uma vez dar de cara com o fim de um abismo de não-considerações e mentiras. Sim, é isso que eu espero de você, quem mente uma vez, mente mil. E eu não vou averiguar, por mais injusto que soe, eu não vou falar mais nada. Você nasceu há alguns meses pra mim e hoje, 12 de junho de 2009, está morto, morto sem lembranças ou lamentações. Morto e esquecido. E verde. E putrificado pela sua própria podridão. Obrigada por morrer antes de se tornar de fato importante pra mim, obrigada por morrer antes de ser mais que uma sombra, até uma certa consideração em toda a sua falta dela.. Espero que você não questione e me deixe pra sempre em paz, estou cansadas de ouvir choros desculposos ao telefone, estou cansada de drama e hoje corto pela raiz o que nem tinha saído pra fora da terra. Não é uma despedida, é uma carta ao esquecimento sobre quem já nem lembro..

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Lá vem o negão.

- Ermã?

- Fugi com o negão.

- Então com quem eu estou falando?

- Lá vem o negão, cheio de paixão..

- Ermã?

- Te catar, te catar, te catar..

- Quê? Ermã então..

- Querendo pegar todas menininhas..

- Mas, ermã, com quem eu..

- Nem coroa ele perdoa, não..

- Que que você tá fazendo?

- Fungou no cangote..

- FERNANDAAAAAAAAAAAAAA!

- Da linda morena.. te catar, te catar, te catar..

- Você está miserável! Me obrigou a falar isso.

Aí, nesse momento, eu apanhei :(

domingo, 7 de junho de 2009

Nosso muro que aproxima. Ou "Haveria eu que agradecer?"

Éramos eu e ele, sempre sozinhos. Naquele mesmo lugar, sempre eu, às vezes ele. Andávamos de mãos dadas. Não, não andávamos, mas ele deve ter me dado a mão alguma vez, se eu fechar os olhos eu posso lembrar do toque dele nas minhas mãos, mas talvez possa ter sido num dos tantos sonhos que me acompanham desde que ele foi embora, não me lembro. Eu fechava os olhos pra aproveitar melhor o momento e guardar aquela felicidade intacta dentro de mim. Não, eu não fechava os olhos, só os comprimia na hora de sorrir, mas deveria ter fechado e deveria ter pego na mão dele. Eu ouvia a voz dele, a voz que era simplesmente dele, não era diferente do que eu imaginará porque eu não tive tempo de fantasiar voz alguma antes do meu celular tocar e eu ouvir a voz dele, que era dele e pronto, exigindo minha presença. Eu não imaginei o sotaque, nem o toque dos cabelos, tudo ficou na minha memória porque existiu antes de ser imaginado, nenhuma decepção, nenhuma diferença do meu ideal, porque o ideal era o que estava na minha frente. Nenhuma barreira intransponível, nenhum computador separando nossas palavras, só duas pessoas juntas e sempre sozinhas. Eu nunca vou esquecer aquele sotaque nunca antes imaginado e aquele jeitinho quase tímido que não trazia timidez nenhuma. Éramos um menino e uma menina andando sozinhos no nosso lugar preferido. Era um garoto que eu sabia muito bem como era, eu o via toda semana, trajado sempre de maneira coerente e com uma beleza ideal. Eu não ousava imaginar nada mais, ele estava lá e era o ideal, ponto. É claro que eu gostaria de me aproximar de alguma forma, mas como seria possível? Nós não tínhamos maiores desculpas e eu até poderia dar "oi" pra ele se quisesse, mas tinha certeza que isso só me deixaria com mais vontade de entregar toda minha vida pra ele, fosse em palavras, em pedaços de papel, em sorrisos ou com meus olhos. Eu queria que aqueles olhinhos quase mestiços olhassem pra mim inteira e não pra uma garota. E começou como se começam amizades, não era de amizade exatamente que eu falava, era de algo a mais, eu queria que ele dependesse de mim, mesmo que outrora achasse isso impossível, eu queria ser única pra ele, ser a musa dele. E então eu comecei a entregar fragmentos da minha alma, através da intransponível barreira que o computador representa. E o que eu faria toda semana a partir de então? Eu veria ele falar e a voz dele soaria como? Ele ia sorrir olhando pra mim? Uma coisa é a gente ver alguém sorrindo, outra coisa é quando elas sorriem olhando pra gente. E se eu não conseguisse falar com ele? Essa coisa de computador ainda me deixa louca, apesar de me ajudar mais do que qualquer outra coisa, é através dele que eu posso deixar de ser só uma garota. Então ele estava lá e eu podia dizer o MEU "oi" agora e não o "oi" embalado por amigos em comum. Eu disse meu "oi" e parti rapidamente antes que ele visse a vermelhidão das minhas bochechas, fiquei frustrada comigo mesma e fui terminar de assistir a aula pensando o quanto eu era babaca. A aula terminou e eu fiz hora, eu sempre faço hora, eu queria ver ele pelo menos indo embora, mas ele era uma pessoa normal - falando de vermelhidões e falar com conhecidos - e falou comigo, ele perguntou pra onde eu ia e eu tive que me justificar, de modos que quis morrer mas me justifiquei e fui recobrando minha dignidade. Ele foi embora comigo e ele sorriu olhando pra mim, o olho dele fechava de uma maneira mais bonita e acabava me deixando mais envergonhada do que eu previra.. A voz dele era tão doce quanto ele mostrava que seria enquanto ia se transformando de um garoto ideal de beleza a um garoto com alma diferente, ele foi embora. E desapareceu. E eu não sabia o que fazer na semana seguinte, fiz hora, que não deu tempo e desapareci. Ele reapareceu do outro lado do nosso muro de Berlim, que acaba por nos aproximar por não podermos estar perto. Então me reapareceu aquele sentimento de querer saber, quem ele era, por quê, me reapareceu o sentimento de poder ler o que ele dizia ininterruptamente durante 13 anos e jamais me cansar ou sentir entediada. E eu não verei ele na próxima semana.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Pimentas & Ácidos.

- Por favor, é uma delícia. - Você é doente, é o sexto. - E nem é o com melequinha. - Eu lembro do da mele.. - E tinha um salzinho por fora. - Éééé.. - Você promete que se achar guarda pra mim? - Num pedestal. - Vou guardar esse. - Guarda num pedestal também, com uma plaquinha em cima "para emergências". - Eu sou viciada. - Não nos veremos por vinte anos e eu guardarei num pedestal, com a placa "Para Letícia, afaste-se", mas escrito com letras cautelosas e esquivas. Então eu vou esperar por toda a vida a te entregar, até receber a notícia da tua morte, morte essa que conservou a beleza intácta, morta e linda, linda como eu não consigo descrever. Então eu vou no seu enterro, não derramarei nenhuma lágrima porque a dor será mais forte que essa possibilidade, então, com um gesto desesperado e a procura de que ninguém visse eu te colocaria o chiclete na boca, você espumaria, todo mundo se indagaria e eu dissimularia. Você ressuscitava, a gente casava, mudava pro campo e abria uma loja "Chicletes & Ácidos" e depois você viveria até perder a beleza e quando isso acontecesse por completo eu te deixaria, ia embora com um pote de geléia de morango nas mãos, você não ia reparar, estaria mascando chiclete de pimenta, dez vezes mais forte do que esse.. - Tinha uma loja em Anastácio que só vendia chiclete de Pimenta, de todos os níveis, daí fechou e eu fiquei chateada. - Hum.. - Ficava em cima do Shopping. - Acontece.. - Mas eu fiquei chateada. - Você é doente!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Como conto pra amigos.

Ok, então eu acordei e fui buscar meus trabalhos (que realmente foram trabalhosos de se fazer) e, adivinha? Tinham ROUBADO. Exato, tinham roubado. Tipo.. PRA QUÊ? E que tipo de pessoa rouba TRABALHOS ESCOLARES? Fiquei muito furiosa, muito, muito mesmo. Daí deixei um bilhete mal educado no hall: "Caros condôminos, Favor só recolher as correspondências endereçadas a vocês. Violação postal é crime." Mandaria beijos, mas minha letra estava muito grande e disforme por conta do ódio e não coube, enfim.. Daí, como se não bastasse, minha mãe veio brigando comigo porque eu tinha ficado furiosa e estava criando um clima de fúria muito desagradável, estava carregando as energias e essa porcaria toda, ok. Fiquei com mais ódio, me enfiei nos fones de ouvido e comecei a ouvir uma banda muito horrorshow que fala sobre ultra-violence, prostituição, assassinato, incêndios e esse tipo de coisa boa pra se ouvir com ódio. Aí, de brincadeira e só pra me aliviar, comecei a matar as pessoas da rua, olhava pra elas e imaginava que eu tinha um machado e o direito de arrancar as cabeças das pessoas se eu quisesse, só salvei um senhor que tinha jeito de ser muito inteligente, de resto, matei todas, além de ter quebrado um monte de lojas com meu bastão de baseball imaginário e tudo mais, foi cem por cento e eu fiquei um bocado feliz. Mas aí, quando eu estava queimando uma fábrica, me veio um pensamento bem infeliz na cabeça, pensei que algum sádico desgraçado que nem eu podia incendiar a escola do meu irmão de repente, se quisesse, daí fiquei com ódio e meio deprimida, então pra aliviar comecei a pensar na minha peça, o dia da apresentação e tudo, as meninas estavam lindas, todo mundo muito bem arrumado e cheiroso, aquela coisa toda elegante de teatro, mas de repente minha imaginação foi acontecendo sozinha (ela sempre faz isso, parece um ser independente) e nessa imaginação eu via a peça da platéia, aliás, nem da platéia, eu estava de pé na frente do palco. O estranho é que não estava atrapalhando ninguém porque estava lá mas NÃO estava lá, é como se fosse eu um espírito. Então no final da peça as garotas iam ao microfone, muito emocionadas e tudo e colocavam uma foto minha no telão (essa: http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom.aspx?rl=pc&uid=4838635002711753017&aid=1226129778&pid=1243563712031$pid=1243563712031 , pra ser mais exata) e depois começavam um discurso choroso sobre como gostariam que eu estivesse lá, explicaram que eu era uma atriz do grupo que tinha acompanhado todo o processo mas que, infelizmente, na reta final tinha sofrido um acidente de carro com minha mãe e morri. O engraçado é que um monte de amigos meus estavam na platéia mesmo assim, eles jogaram rosas no palco, choraram.. foi tão triste que eu acordei chorando do meu devaneio. É, eu sei, às vezes eu posso ser um bocado estranha. Mas daí eu fui numa lan house, imprimi meu trabalho e cheguei atrasada na aula. A sorte é que todo mundo chegou, inclusive a professora (e ela, graças a Zeus, mais do que eu), a única questão é que mudamos toda a estrutura do nosso programa e por conta disso todo o stress por conta do trabalho foi em vão, mas de qualquer forma tudo ficou melhor. Agora ao invés daquelas perguntas tontas vou poder entrevistar o RAFA sobre o "EXTREMAMENTE ALTO E INCRIVELMENTE PERTO", ok? Isso mesmo, estou até meio emocionada.. sério. Sem contar que ela falou que entrevistará o Marcelino Freire e quer que.. AIMEUZEUS.. quer que ESTEJAMOS PRESENTES! É, nós vamos conhecê-lo e presenciar a entrevista, digo, é uma possibilidade não confirmada, mas só dela ter cogitado.. é tão lindo.. sério.. e pensar que eu sentia medo dela antes. A Paula é um anjo, um anjinho lindo, é mesmo. :D Aí depois tivemos aula de montagem e foi legal e tudo. Amanhã vou levar o Biel comigo e depois do ensaio e das fotos (amanhã o fotógrafo vai lá pra fazermos as fotos da divulgação e tudo) vou levá-lo na Cultura e talvez o André nos encontre lá e.. ah.. poxa, amanhã tem tudo pra ser um dia ótimo, sério mesmo, estou zuper empolgads ok. Mas hoje levei um baita susto, baita mesmo, horrível.. Eu estava lendo sentada na calçada (porque lá bate sol e eu estava congelada) e as meninas já tinham ido embora, ok, tudo belo e tal eis que.. EIS QUE as três descem a rua correndo desesperadamente atrás de uma viatura. Pensei: oi? E fui lá, .. A Lê tinha sido assaltada, o cara estava com uma arma e ficou ameaçando ela e ela estava toda abalada e foi horrível.. As outras duas tiveram que ir embora, mas eu fiquei lá com ela, fomos na delegacia, fizemos o boletim e lá se foi minha tarde. Agora tenho que fazer três mil e duzentos trabalhos que não sinto a mínima vontade, mas já adiei demais e.. mesmo sem vontade estou com vontade, sabe? É que eu preferia assistir "Veludo Azul" ou coisa que o valha, mas não é de tudo ruim fazer os trabalhos, enfim..