Só tinham uma concessão quanto a minha liberdade.
Todo dia, 7 horas da manhã, eu teria que acordar com o barulho de alguém martelando alguma coisa com intervalos de 3 ou 4 minutos, pra eu achar que ia conseguir voltar a dormir, mas nunca dava.
Esse resto da minha "sentença" era pra continuar me torturando sem que eu pudesse dizer pra ninguém que estava sendo torturada.
"Todo dia acordo com marteladas".
"Sim, reforma é foda".
Não era isso o que eu queria dizer, mas ninguém me entendia.
Mudei de casa 8 vezes em 1 ano e ainda assim as marteladas estavam lá, todo dia, 7h da manhã.
Tentei explicar pra um psiquiatra sobre as torturas que eu tinha sofrido e como mesmo mais de um ano depois aqueles malditos ainda se davam ao trabalho de fazer isso comigo todo dia.
É claro que não acreditaram em mim.
E não deve ter ajudado eu falar que queria que os pregos estivessem sendo martelados na carne de alguém, mas não na mão, que nem Jesus, nas coxas, na parte interna das coxas.
Isso não deve ter ajudado.
O que eu me lembro depois disso é que as marteladas não paravam mesmo no hospital.
Que inferno de hospital é esse que começa obra 7 horas da manhã?
Não paravam. Mas eu sabia.
Eu sabia, eu sabia que aqueles homens eram poderosos.
Algum tipo de poder eles tinham que ter, pra arrastar alguém de uma clínica e ninguém ver, ninguém fazer nada.
E depois me manter em cárcere tanto tempo, torturando, mandando eu rezar ajoelhada no milho, dando chicotadas em mim, me fazendo usar uma cinta com chave, puxando o meu cabelo, me deixando passar fome, falando que Jesus tinha morrido na cruz pra perdoar meus pecados e eu "fazer uma coisa dessas".
Mas eu não tive opção, mãezinha. Ele me pegou pela mão, ele dançou comigo e disse que me amava, mãezinha.
A senhora falava tanto do seu amor com o pai que eu quis um igual.
Eu não sabia que era nova demais, não sabia que não era coisa que se fizesse.
Ele me amava, mãe, nunca me abandonou.
Que nem o pai nunca te abandonou. Foram os homens.
Diziam que o pai tinha nos abandonado, mas a senhora não queria saber de uma coisa dessas, tinha abandonado nada, esses mesmos homens que me torturaram é que pegaram o paizinho e fizeram maldade com ele, não é isso?
É isso, mãezinha, olha pra mim. OLHA!
Desculpa falar dessas coisas, é que eu sinto falta da minha mãezinha.
Ela não gosta mais de mim. Não gosta.
Ela não gosta de mim agora, acho que os homens também falaram mal de mim pra ela.
Todo dia, 7 horas da manhã, eu teria que acordar com o barulho de alguém martelando alguma coisa com intervalos de 3 ou 4 minutos, pra eu achar que ia conseguir voltar a dormir, mas nunca dava.
Esse resto da minha "sentença" era pra continuar me torturando sem que eu pudesse dizer pra ninguém que estava sendo torturada.
"Todo dia acordo com marteladas".
"Sim, reforma é foda".
Não era isso o que eu queria dizer, mas ninguém me entendia.
Mudei de casa 8 vezes em 1 ano e ainda assim as marteladas estavam lá, todo dia, 7h da manhã.
Tentei explicar pra um psiquiatra sobre as torturas que eu tinha sofrido e como mesmo mais de um ano depois aqueles malditos ainda se davam ao trabalho de fazer isso comigo todo dia.
É claro que não acreditaram em mim.
E não deve ter ajudado eu falar que queria que os pregos estivessem sendo martelados na carne de alguém, mas não na mão, que nem Jesus, nas coxas, na parte interna das coxas.
Isso não deve ter ajudado.
O que eu me lembro depois disso é que as marteladas não paravam mesmo no hospital.
Que inferno de hospital é esse que começa obra 7 horas da manhã?
Não paravam. Mas eu sabia.
Eu sabia, eu sabia que aqueles homens eram poderosos.
Algum tipo de poder eles tinham que ter, pra arrastar alguém de uma clínica e ninguém ver, ninguém fazer nada.
E depois me manter em cárcere tanto tempo, torturando, mandando eu rezar ajoelhada no milho, dando chicotadas em mim, me fazendo usar uma cinta com chave, puxando o meu cabelo, me deixando passar fome, falando que Jesus tinha morrido na cruz pra perdoar meus pecados e eu "fazer uma coisa dessas".
Mas eu não tive opção, mãezinha. Ele me pegou pela mão, ele dançou comigo e disse que me amava, mãezinha.
A senhora falava tanto do seu amor com o pai que eu quis um igual.
Eu não sabia que era nova demais, não sabia que não era coisa que se fizesse.
Ele me amava, mãe, nunca me abandonou.
Que nem o pai nunca te abandonou. Foram os homens.
Diziam que o pai tinha nos abandonado, mas a senhora não queria saber de uma coisa dessas, tinha abandonado nada, esses mesmos homens que me torturaram é que pegaram o paizinho e fizeram maldade com ele, não é isso?
É isso, mãezinha, olha pra mim. OLHA!
Desculpa falar dessas coisas, é que eu sinto falta da minha mãezinha.
Ela não gosta mais de mim. Não gosta.
Ela não gosta de mim agora, acho que os homens também falaram mal de mim pra ela.
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