quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Capricho sublime.

Você já conheceu um gênio?
Não estou falando de alguém muito inteligente, estou falando de alguém que além disso é caprichosamente incompreensível.
E eu tenho essas três pessoas, que por mais que se tente entender a gente não consegue, o máximo que conseguimos é sentir e eu as sinto, com tanta forma e com tanto amor que o real foi sublimado e o sublime sequer pôde resistir.
Reside em mim essa eterna vontade de que eles sejam meus, mais do que já são e são por inteiro.
Tenho três gênios.
Eles dependem de mim pra continuarem sendo gênios, eles dependem de mim porque lembram da minha existência todo dia, às vezes, quase nunca, e eu sou a musa.
Não sou uma musa convencional, eu sou quem fez eles saberem que eram gênios.
E eles seguem sugando a idolatria que os dedico. E eu sigo fingindo que sou tão incrível quanto eles pensam, então acabo sendo.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cara Antonia,
Recebi sua carta com um carinho de desconhecido.
Abri com cuidado e delicada curiosidade quando notei que você não tentaria matar-me com antrax ou mesmo magoar-me com qualquer palavra.
No desenvolver da sua carta notei que além de alguém adorável, você também era grata e respeitosa, como qualquer pessoa que eu adoraria tomar um chá e mostrar a localização da minha casa pra que "you can always come and visit us, now that you know the way".
Explico por aqui como na sua carta direta, alguém fez-me entender as coisas de maneira mais colorida e mutável, assim como tudo correu para você. E por isso poderíamos selar nossas cartas com abraços.
Sendo impossível selarei com tudo que eu puder fazer pra te mostrar o quanto significou.
Pouquíssimas pessoas fazem parte deste local, cara Antonia, e menos pessoas ainda vem para cá de forma tão possitiva.
Então obrigada.
Até mais e obrigada por todo o glitter.

domingo, 17 de outubro de 2010

Sinatra & 3 meses.

Lágrimas escorrem de uma nova perspectiva,
Deixar seu lugar de sempre, aquele que você sempre pensou querer deixar.
Dois passos pra frente e um pra trás, pra depois dar mais dois pra frente,
Dizem que devagar se chega longe.
Disse-me que será melhor para nós.
E eu que estou acostumada a dizer "I did it my way", deixo nas mãos de outro uma decisão grande assim.
Tem um bigode na minha escrivaninha,
Tem cabelo em cima da minha impressora, uma máscara do lado,
Outra em cima da minha cama.
Tem lágrimas no meu cérebro, tímidas, aparecem de um lado sim outro não,
Ficam presentes em forma de nó na garganta.
Eu sinto medo, sinto saudade antecipada e a corriqueira.
Minha mãe se irrita com meus soluços, minha mãe sente minha falta, meu irmão tem atitudes de alguém que está triste demais pra conversar sobre o assunto.
3 meses passam rápido, dizem as pessoas que querem me ajudar, eu agradeço mas sei que dois meses demoraram a passar, eu agradeço e as lágrimas insistem em se acumular.
Se eu não amasse nada, se eu fosse indiferente eu apenas fingiria uma dança ao som do meu amigo falecido e despetalaria flores.
Como não é o caso, como não é o caso meu coração gela, meu dedos gelam e eu protesto sem perceber, e deixo o óleo se acumular na raiz dos meus cabelos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A lua passou drogada e o sol não se importou.
Ele comia uma pasta feita por sua mãe, Gertrudes.
Dona Gertrudes sonhava que seu amante Netuno, jamais contasse qualquer coisa pra quem fosse.
Netuno também se envergonhava pois desejava uma flor.
Flor essa que se enamorava por nada menos que o amor.
O amor ouvia falar que na Espanha se tomava chá de canela, perguntou para a já pálida bandeira verde e amarela.
A bandeira sequer se deu o trabalho de responder, não conhecia o amor ou qualquer outro. Bandeira era ela por ela.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Tudo que é mau acaba em minutos.

E então a menina acordou sorrindo, recebeu o bombom de sempre, os abraços habituais, ganhou telas e tintas, ganhou pincéis e idéias.
Então a menina conversou como adulta, mesmo com medo sorriu.
Coração quentinho, intimidade, olhos brilhantes e toda preocupação do mundo pra quem merece, porque há quem mereça.
E ela entende que todos os dias de aflição não passam de distúrbios hormonais, é tão feliz quanto sempre.
Tudo respira em volta da menina.
E cada babaca sem vida fica no seu lugar, tão baixo, tão insignificante que suas palavras chulas sequer tocam os ouvidos da garota.
As feias e deprimidas, vangloriando-se de não tomar banho e tomar anti-depressivos, além de fingirem serem vagabundas mas deixando a certeza de que não sabem sequer do que se trata uma penetração, elas seguem com suas infelicidades habituais, carregando o desprezo ou indiferença que é tudo que conseguem de quem tentam se aproximar.
Conservam a mesma infantilidade de não viverem suas vidas e a menina só sorri. E gargalha.
Porque a garota é muito maior que qualquer trama de seriado ruim Global, mesmo que a vilã peluda e verruguenta faça de tudo, ela nunca obteve e jamais obterá qualquer sucesso, a vilãzinha está fadada a solidão e continuar fingindo viver, sempre fingindo aparências, cada dia mais triste e patética, a ponto de incomodar qualquer pessoa normal, não por poder ou importância, apenas porque assim como baratas são repugnantes, vilãs peludas também o são.