terça-feira, 27 de outubro de 2009

Amigos e choros recentes.

Recentemente aprendi a guardar pra mim. Recentemente esqueci como fazia pra me recuperar de grandes tristezas. Recentemente mandei a merda tudo que aprendi. Recentemente voltei a sorrir, porque nada mais guardei. Recentemente revi o quão importante é distribuir amizade. Recentemente me ensinaram que não é possível sufocar muita gente, então ser intensa não é um defeito, é só uma questão de saber distribuir amor. Recentemente me descobri com o coração seco e os olhos inchados. Recentemente colhi todas minhas lágrimas pra guardar num potinho roxo, minhas lágrimas são florescentes, como as estrelas no teto do quarto da Nin. Recentemente colhi flores dentro de toda minha solidão, flores que falaram comigo e me mostraram que eu não estava sozinha. Recentemente peguei o telefone e disquei o número de uma amiga que eu muito amo e após desligar me senti reconfortada, como se tivesse tomado uma xícara de quente chocolate num dia frio. Recentemente eu descobri que o passado mais distante e o segundo anterior, são recentes ou não de acordo com a vontade do nosso cérebro. Recentemente vi uma menina sorrindo pra mim num porta-retrato azul e tive certeza de que nos amávamos. Muito longe, muito tempo, anos e anos de amizades cultivadas, que se perdem sem um abraço, num labirinto de novidades atraentes. Mas quando há amor, é como um imã, não há embrenhamento nesse labirinto que faça a gente se perder de fato. O imã nos puxa, nos trás de volta aos nossos amores reais, nossos amigos de vida e nos faz feliz de novo. Viver é uma questão de conhecer as pessoas certa.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Nesse exato marasmo.

Esse segundo é o melhor da vida de alguém. O momento que ela sempre esperou, nesse segundo alguém beija a boca do seu amado pela primeira vez e pensa na tolice que era imaginar que isso fosse impossível. Nesse momento uma senhora idosa conta histórias pro seu netinho em uma cadeira de balanço, ao mesmo tempo que um bolo assa no forno e a chaleira chia de alegria por tornar tudo quentinho. Justo agora um bando de adolescentes devem estar sorrindo por algum parque e desejando ter aqueles amigos pra sempre. Talvez eles estejam na praia ou na casa de campo do pai de algum deles.. Alguém está ganhando um anel de brilhantes que muito mais que um anel de brilhantes, significa a alegria de ter alguém que pensa que ela merece-o. Alguém volta pra casa de algum espetáculo muito bem sucedido e aplaudido, com um sorriso no rosto enorme, depois de ter ido comemorar com os amigos mais próximos. Alguma garotinha de longos cabelos castanhos presos num rabo de cavalo e olhos profundamente azuis solta bolhas de sabão num jardim bem iluminado e de temperatura agradável, enquanto sua mãe, sentada no banco do jardim, lê um romance do Gabriel García Márquez e suspira. Alguém está tirando a melhor foto de sua vida justo agora. Aquela que ele sempre se orgulhará e mostrará a todos. Alguns escritores, nesse momento, escrevem o último ponto final do livro de vai revolucionar pelo menos uma vida. Alguém sente e vê a vida de outra forma depois de terminar um desses livros nesse exato momento. Alguém recebe o resultado de uma prova que foi muito bem, depois de horas de estudo. Talvez uma menina de olhos bem verdes e dentes bem brancos, talvez um garoto de camisa xadrez, talvez uma senhora de coque e óclinhos.. Alguém de dieta sonha que come muito doces maravilhoso. Alguém ganha sua primeira partida de xadrez nesse momento. Alguém vê, despretenciosamente o resultado da mega-sena e, depois do pequeno atordoamento, percebe que ganhou. Esse alguém está provavelmente de chinelos e muito despenteado, quando recebe a notícia, esse alguém pode ter uns quilos a eliminar e ter acordado mal-humorado. Nesse segundo algum gênio inventivo inventa aquilo que a humanidade sempre quis mas até o exato momento ninguém sabia direito o que era.. Quem sabe um colchão que acomode seios e curvas, que acomode o braço que sobra no abraço na cama? Há uma menina escrevendo no seu blog, com a alegria que só um coração sabor geléia de morango e cheio de bons amigos pode ter. Uma ermã dá a mão pro seu ermão enquanto o guia pra escola, nesse exato momento. Tem alguém acordando de sorriso no rosto e notando que, não era sonho, ele de fato dormiu abraçando-a. Outra pessoa recebe uma mensagem linda, que a deixará de sorriso no rosto sempre que toda vez que lembrar. Alguém, de algum pais quente, mergulha numa cachoeira gelada e gostosa nesse exato momento. Nesse minuto alguém ouve uma "prece" de amor ao pé do ouvido. Alguém perdoa e faz as pazes. Alguém vai dormir, vestido com seu pijama e edredon mais velhos, porém mais confortáveis, sente aquele relaxamento que só sentimos indo dormir, depois de tomar um bom banho quente, esse alguém sente seu próprio perfume e oscila entre o quase acordado e quase dormido, o reino do sonhar. E você, o que está fazendo de grandioso agora? Dê a cada instante a oportunidade de ser o melhor da sua vida.

domingo, 25 de outubro de 2009

Domingos são sempre melhores.

Último sábado, antes da apresentação, eu vi meu ex. Faz quase um ano que ele me chutou, eu vi ele, não sei exatamente como me senti, mas atrapalhou minha concentração. Nosso público foi bom, até.. Eu cheguei ligeiramente atrasada, mas não teve nada não, meu diretor não brigou. Saí correndo pra uma festa a fantasia que foi bem legal, me machuquei, suei, dancei e.. não foi suficiente. Então liguei pros meus amigos e - não - dormi por lá, foi genial e engraçadíssimo, sabe? Fiquei sabendo que jamais teria uma segunda chance com uma pessoa querida. De qualquer forma, não dramatizemos.. No domingo cheguei no teatro meio cagada ainda por me sentir "por ter vendido a alma ao diabo..", tenho cantado essa música o dia todo, mas não era disso que eu falava, dizia que me sentia sonolenta, sem perspectivas - afetivas - mas não triste, enfim.. Cheguei no teatro mais cedo e por caminhos loucos que só autorizados do teatro conhecem fui parar na platéia superior de uma Cinderela.. engraçadinha? Não sei ainda o que achei do final daquela peça, penso que achei engraçadinha, não sei.. Sei que vi e quando fui pro camarim as meninas já tinham chegado. Ah, pra variar eu, antes de ir ver a Cinderela, já tinha levado todo nosso material para os camarins. Depois de cumprimentá-las e me trocar, o diretor avisou que ia abrir, abriu, fiquei distraída, sempre demora um tempinho a começar a peça, quando me dei conta já deveria estar no palco e estava conversando com um quase-coelho-loiro, corri e dei minha fala, ninguém percebeu.. Terminei a peça molhada de suor, feliz e decepcionada, um amigo platônico que tinha prometido ir não foi, mas.. foi melhor, teria ficado ansiosa e trêmula, acho. Domingos são sempre melhores, não sei bem porque, mas sempre tem mais público e energia. Andei pela rua dos Ingleses, olhei aquela vista e aquele show sem público com aquela colega de profissão que fumava elegantemente, ganhei uma carona na subida e resolvi ir pra estação Trianon-Masp do metrô ou invés da Brigadeiro e por isso - e só por isso - encontrei meu melhor amigo e sua linda e querida namorada na frente da Reserva Cultural, conversamos, conversamos com mendigos e foi bom.. Cheguei em casa e comi brigadeiro. Agora estou aqui, vendo Sr. e Sra. Smith, achando esses dois um tesão, pensando que filmes de ação são muito toscos, querendo pedir pra Má ler o tarô pra mim e achando que isso não faz nenhum sentido, porque tenho minhas respostas e me sentindo uma pequena frustrada. Porque errei e não serei perdoada. É! Essa semana num sonho estranho tinha voltado com meu ex e estávamos felizes, meu psicólogo e ogum disseram que quando estou carente me volto pros bons momentos. Engraçado..

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Hetero enrrustida.

[...] - Ninguém é totalmente hétero. - Não mesmo. - Acho que existem tonalidades, mas nunca um hétero absoluto. - Totalmente, eu não sou nem um pouco hétero, aliás.. eu sou lésbica, sabia? *insira histórias de tentativas frustradas de convencer sobre lesbianismo* [...] *insira aqui alguns sonhos relatados* - Desculpa, mas você não é lésbica. - Nem um pouquinho? - Nem se você tentar. - Sério? Mas assim.. não há nenhuma esperança? - Desculpa, não. Sabe? Você está sempre a deixar garotas pra fora e seguir no metrô sorrindo, ou desfazer seu namoro de anos com um gesto de mão pra em seguida namorar um garoto. - Então por que eu só gosto de gays? - Você só gosta de impossibilidades. Se é impossível, você gosta. - Mas.. mas.. - Você não consegue acreditar na felicidade de um casal hétero? Qual o preconceito contra hétero? - Ah, sabe, eles só são.. chatos. E sempre saem chorando. - Os gays também. - É nada, digo, sim, mas.. eles não são chatos quando juntos, eu poderia implantar um pênis? - Os implantes de pênis só são autorizados se for comprovado que seu hipotálamo é masculino. - Será que o meu não é? *cara de sem chances* - Droga! :( - E sem contar que os médicos nem chamam de pênis, ele não tem ereção, é chamado de canudo. - Canudo? Nossa, eu não quero ter um canudo! Mas.. quando a ciência estará evoluída o bastante pra solucionar problemas de pobres mocinhas como eu que só se apaixonam por homos? - Você não se apaixona só por homo, se apaixona por impossíveis. - E sabe de uma coisa? Eu sou super lésbica, é sério, acho mulheres lindas e umas delícias, ontem minha prima estava com um vestido que.. nossa.. eu pegaria, vou pegá-la um dia! - E ela tudo bem com isso? - Não sei mas.. Vou seduzí-la! - Viu? - O quê? - Você até não tem preconceitos, até realmente faria isso, mas não porque ela é mulher, porque será difícil. - Óh céus, que vida injusta. Como lidar? Como lidar?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tédio.

A mosca que passava irritava, A moça que pisava: ódio. O passo no corredor dava angústia, A mais meiga das vozes era tédio. Abandono, omissão, pra um bem maior, Pra não surrar ela ficou omissa, Ele dormiu um sono quase magoado, Acordou lindo. Ela tentou dormir, Tentando de novo só ficar sozinha, Ele falava e falava, Ela abraçava e respirava fundo. Era amor, óbvio amor, Mas haviam sentimentos inexplicáveis afligindo seu peito, Era quase enlouquecedor, Enlouquecia a dor, O seu grito sem voz. Ele não merece seu descaso, Seus pitis violentos e choros de solidão, Ele não merece vê-la daquele jeito e ela - que procura, sim, o equilíbrio - então respira. Respirou tanto que não quer mais respirar. Quer gritar, rasgar faces. O passo no corredor é ódio. E talvez ela só precise dar umas voltas por aí..

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A menina que via o mundo.

Ela acreditava em gnomos, duendes, em fadas, magia e coringas. E porque acreditava, eles existiam. Ela acreditava em energia, tarô, evolução e orixás. E porque acreditava, eles a ajudavam. Ela acreditava em pequenos gestos, em abraços verdadeiros e toques de almas. E porque acreditava, sentia. Ela acreditava em animais falantes, mundos extraordinários e que nada era impossível. E porque acreditava, nada era.. Ela pensava entender o mundo inteiro. E por pensar, entendia.. ou quase. Porque, na verdade, tinha uma coisa que lhe escapava a compreensão.. O amor! Ela não acreditava, entendia, procurava ou controlava. O amor sempre lhe escapou, mas a menina, sábia como bem era, sabia que do amor, a gente não precisa nada, além de sentir. E porque ela sentia, ele existe.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Entro nos seus sonhos e te acordo.

Eu venho estudando magia sem saber desde minha mais tenra idade. Coisas estranhas, boas e misteriosas, coisas que eu quero pra mim, vem sempre acontecendo, a vida flui fácil. Eu me apaixonei por você, você entrou na minha cabeça, saia e coração. Mas eu te repeli, como que por magia, qualquer estranha intuição de que algo bom o bastante pra me prender estivesse chegando, porque minh'alma é cigana, não quero que nada me prenda em lugar algum, por isso te repeli de uma forma bárbara, você não deveria mais me querer e eu não devia mais ter esperanças, porém.. O baralho, ele nunca mente, nossos abraços, muito menos. Já o seu nunca: mente! Eu continuo em você e você continua em mim.. Agora você dorme, naquela cama em que ficamos o tempo inteiro acordados, na mesma cama que nossos corpos apressados, sedentos e macios se sentiram completos. Você dorme tranqüilo, com a boca entreaberta, não sonha nada que se lembra amanhã, até que eu descido te violar, violar a paz do seu sono, entrar nele e te fazer querer-me mais. Fecho os olhos e mentalizo seu rosto, sua cama, estou do seu lado, pronta pra mergulhar na sua cabeça. Mergulho.. Estamos em um lugar tão neutro quanto uma praça, uso vestido e talvez você nunca tenha me visto usar um tão doce e ao mesmo tempo tão curto. Eu pego na sua mão. Você fica feliz e me beija, não mais com aquela ânsia sexual, não mais só com desejo, tem esperança no seu coração e por isso nossas almas se tocam. Você já tocou a alma de alguém? É uma sensação tão profunda que a qualquer momento pode ser revivida com um fechar de olhos, o toque de almas fica gravado pra sempre na nossa memória e sensação. E é assim que eu te acordo, com um beijo tocador de alma, uma sensação que você jamais esquece, a rara sensação que a partir de agora tem minha marca e sempre terá, só comigo sentirás isso.. E é assim que minha ausência na sua cama te desespera mais um pouco e você não sabe o que fazer. E é assim que você inocentemente volta a dormir e agora, sem influências minhas, sonha comigo de novo e continuará sonhando, acordando quase triste, perturbado com a minha falta.. Até que eu te fale tudo que tenho pra falar, depois disso: são sonhos realizados.

Viver é lindo e macio.

Você já sentiu vertigem de alegria? Você tem o costume de mandar beijo pro relógio e fazer um pedido ou pensar em alguém quando vê horário que - no meu caso - você gosta? E aí você estava lá, fazendo isso e seu labirinto faz 360º de pura euforia? Então você come bala de gelatina de morango com açúcar e pensa no quanto é bom estar só respirando? Como é bom estar só respirando. Receber a notícia de uma surpresa. Falar com uma ex-amante sem mágoa nem sentimentos. Conversar sobre o que é amizade e no que você falhou com verdadeiros amigos. Não saber se você está apaixonada por picles, vinas ou tunas, já que picles, vinas e tunas são incríveis o suficiente pra você poder estar apaixonada. Como é bom ver que nada falta agora. Assistir uma das suas séries favoritas com uma das suas pessoas favoritas e rir seu sorriso mais gostoso. Como é bom a balança mostrar seu progresso. Ter amigos que dizem que poderiam passar o resto da vida amando você. Trabalhar com o que se ama. Como é genial soltar bolhar de sabão e planejar qual surpresa preparar pro seu irmão menor, que costuma ser o ser mais incrível da Terra, quando buscá-lo na escola. Como é maravilhoso ver que sua mãe tem bons amigos, bom emprego, boa mente. Como é genial ler um livro e se debulhar em choro quando a "mãezinha", "a irmã" e "a noiva" de todos eles se deixa ser levada pela febre. ´ Como é incrível poder vir aqui e escrever todas essas coisas com a maior sinceridade do mundo, só porque você poderia dançar até os membros todos se soltarem do corpo, porque você é.. feliz! Plena e aprendiz. E pensar que eu já estive baixo o bastante pra ser chamada de pretensa suicida.

domingo, 11 de outubro de 2009

Me dá um tema?

Vida é feita de temas. Eu quero meu tema! Meus temas, bem como o de todas as outras pessoas, são bem embaralhados. Não sou nem artista, nem menina, nem poeta ou escritora, não desenho, pinto ou toco, nem falar eu falo, se me sujo, me divirto, se estouro é por prazer, bolhas coloridas só em algodão e do tecido vem o saber. Não, não sou nenhuma moira! E tu também, não és nenhuma Dorotéia. Não. Tu és tu, rapaz, moça, guria! Bem que somos assim, na areia, da areia capitães. Somos? Do sertão cangaceiros. Do amor, prisioneiros. Bem que somos.. Somos pretos e brancos, somos pardos e somos vazios, na nossa imensidão de cheiúra. Há quem diga que nem somos. Cidadãos do mundo, é o que eu penso, acima de tudo, humanos. Ou não somos? Há que não seja nem de lá nem de cá, sabe? Eu acredito nisso. No meu Ogum, minha Iemanjá, Oxalá está comigo e eu sou toda deles, dos meus guias, minhas fés, peregrinações. Nações inteiras correndo atrás de um sentido que está dentro sempre de nós, é tudo coisa que a gente pode controlar com a cabeça. A gente pode. A aruanda, alecrim, bejuim e alfazema. Se o tarô diz e confunde, é que a gente tem algo errado! Algo que tem que mudar. Se uma semana sai "diabo" e na outra "julgamento" é que a gente tá aprendendo, tá suando. Suando.. Se você termina a peça molhada de suor e com vontade de chorar de emoção, se você quer abraçar todas as crianças e brigar com um amigo pra depois tudo ficar bem, é que você tá vivo, você tá vivo e é tudo que alguém pode querer. Eu estou viva! Me dá meu tema?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Futuros filhos.

Eu e Gabriel estávamos jantando na casa da nossa avó. Conversávamos sobre banalidades quando ele afirma: - Hoje foi difícil cuidar dos meus futuros filhos. Eu, um bocado intrigada, perguntei: - Futuros filhos? - É. - Como uma coisa que ainda não existe apresenta dificuldade de cuidado? - Quê? - Como assim seus filhos que não existem.. - Existem! - Seus bonequinhos? - NÃÃÃO, meus futuros filhos de verdade. - Mas COMO ELES TE DERAM TRABALHO? Do que que você tá falando? Ele olhou pros lados, tímido, veio até meu ouvido e disse (com essas palavras): - Ai, Nono, estou falando do meu saco.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

5ª série D.

Eu lembro como se fosse ontem. Lembro de tudo, mas vale ressaltar o aspecto que atualmente mais me vem a memória: Fernanda, 11 anos, rechonchuda, dentes grandes demais, cabelos cheios demais, maquiagem demais, inteligência acadêmica demais, popularidade de menos. P-o-p-u-l-a-r-i-d-a-d-e! Palavra que assombra a maioria das crianças fora dos padrões dessa idade. A popularidade que é tão vazia, tão boba, tão almejada.. Como uma gordinha feia poderia conseguí-la sendo ela mesma? Na verdade não foi nada difícil, não como a pergunta faz parecer. Eu sempre muito autêntica, muito alegre, brincalhona e pronta pra ajudar.. Ajudá-los com a coisa que, na verdade, eu menos queria: que eles estivessem com outra. Mas não importava meu querer e sim, seus sorrisos: Eles! Eles sempre tão bonitos, tão populares, tão inalcançáveis, tão queridos, tão espertos, tão cheios de vontades.. Graças as vontades deles e delas que fiz milhares de "amigos" e alcancei a tal popularidade! Independente dos meus desejos juvenis, mantenho a mesma essência altruísta da época, sempre pronta pra tentar arrancar sorrisos e me machucar pra alguém ficar feliz. Antes só e amiga que apenas só. Então todos riam, eu por ter ajudado e intensificado minhas "amizades", eles por estarem com elas e elas por terem pra quem falar "ai, pááááára" e dar em seus ombros tapinhas que, na verdade, significavam "continuem, mostremos que somos intímos, isso fará bem pra imagem de nós dois". Eles vinham até mim contar o que se passava, era comigo que desabafavam e eu jamais imaginaria que eles não faziam isso por consideração e apenas isso, jamais, porque seria cruel usar-me assim e pessoas não-cruéis, tendem a ignorar a crueldade com elas.. de qualquer forma.. De qualquer forma o que eu senti pela maioria desses "amigos" foi igual: Olhos cheios d'água, palpitações, tremor de pernas, o gaguejar tão frequente que achavam que eu, de fato, era gaga. Eles eram legais demais.. sabe? E eu jovem demais. Ou, como diz meu ermãozinho de 5 anos, tolinha demais. E agora, eu, no auge dos meus mal formados 17 anos revivo a exata emoção. Não que esteja ajudando ninguém a estar com ninguém ou sendo rejeitada e usada daquela forma, não, apesar da mesma essência, hoje sei (tanto quanto se pode saber aos 17) cuidar de mim. Mas sabe a paixão juvenil, descontrolada e que da nó na garganta só de pensar que eu me referi? Reapareceu! E em circunstâncias tão não-desejadas quanto as da quinta série, talvez por culpa minha, talvez porque eu já sabia que ela apareceria e estava tentando evitar.. Mas não dá pra fugir dessas coisas e sabendo disso me entrego aos meu novos 11 anos e rio da minha alegria em fazer os carrinhos do meu ermão trombarem enquanto penso em momentos que já passei com minha nova paixonite, coisas que jamais poderia pensar no auge dos meus espinhentos e inocentes 11 anos.

domingo, 4 de outubro de 2009

A futura ex-amizade.

Que voltou a ser próxima e existente. Quando nos magoamos demais, quando ME magoo demais.. Tenho a estranha tendência de exagerar tão tanto a ponto de me travesti de repugnância, ódio e frieza pra não me deixar ser possivelmente amada de uma forma não suficiente. Então foi assim que eu agi, eu não fui Fernanda, Ferdi, nem Julia, nem Emily eu fui, fui uma mistura de tudo que se afasta do que eu poderia ser e, incrível, ninguém gostou.. Ou gostou? Gostar é sinônimo de respeito, pra mim. Não generalizes, o mundo diz com razão, não, não o faço, mas.. Chorei, chorei, chorei! Soluços mais sinceros que possíveis palavras desconexas e magoadas comigo. Eu fui a culpada, eu queria que eles me entendessem e acho que entenderam, eu gosto tanto de sensibilidades não esperadas e surpresas. Das não-utopias, minha preferida era essa e aconteceu. Ontem em meio a piadas e abraços eu fui a mesma do começo ao fim da música, da noite, da lua. Não houve frieza, não houve amargura.. Talvez amanhã algo aconteça. Talvez nunca mais nada além da real amizade apareça por lá, mas.. O que mais uma garota pode querer?

Óculos, botas e terninhos.

Tão inacessível quando diz que me ama.