quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ask again.

- Você já se sentiu oco? - Oi? - Já se sentiu oco? - Eu escutei, mas.. que pergunta é essa? - , oco, sabe? Como se não tivesse.. Nada. - Nada por dentro, ? Porque pra ser oco é preciso de algo que envolva o oco.. - Sim, o corpo e nada mais. Já sentiu? - Olha, oco completamente oco não, mas confesso que quando você não me trás todas essas borboletas, aparecem pierrots chorosos. E se aqueles garotos não param de te encher, surgem uns escorpiões e cobras, confesso. Antes de você eu era composto por bolas de feno, pois é.. Mas a ausência de tudo eu nunca senti, até porque acredito que isso seja a morte. - Hum.. Disse a menina forçando um sorriso. - Mas.. O que há, está se sentindo oca? Perguntou o garoto, inseguro. - Eu? Não, não.. Era pura curiosidade. Respondeu aérea. - Pára de pensar besteira, sua boba. Vem aqui! Disse o menino sorridente enquanto puxava-a pra si. Ficou olhando dentro dos olhos dela, com um olhar brilhante e evidentemente apaixonado, enquanto ela, com sua fingida docilidade tentava esconder um tom opaco. E naquela madrugada, sozinha em sua cama, nem as estrelas conseguiram fazer o olhar da menina mais brilhante, nem sequer lembrou que olhando para as mesmas estrelas alguém pensava nela, não se emocionou com música nem se concentrou na sua leitura. Nada afastou aquele tom opaco, tom de quem reflete sobre o oco.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Esquizofrênico.

- Você já viu uma pessoa com mais de dez anos soprando um dandelion? - Já.. - Eu acho uma coisa bonita de se fazer. - Eu acho comum. - Sabe o que eu gosto, também? - O quê? - Quando olham pro que estão bebendo, gosto de ver o olho parecendo fechado pra mim, quando está aberto. - Hum.. - E eu gosto de.. - Sabe, eu estou tentando ler e não te conheço, então, sei lá, arranja um amigo, liga pra ele e fala essas coisas suuuuper interessantes, ok? As pessoas no ônibus começaram a olhar espantadas pro garoto que falou quase gritando olhando pro banco vazio ao seu lado. O menino continuou sua leitura ao lado da menina de olhos tristes e não notou quando ela desapareceu..

domingo, 25 de abril de 2010

O melhor que eu puder.

Eu quero viver num mundo onde segundas chances existem. Eu quero viver num mundo onde você existe. Eu quero viver num mundo de melhores amigas enérgicas que só querem o bem no fim das contas. Eu quero viver se for pra saber que você sorri em algum outro lugar. Eu quero estar aqui se puder te imaginar esmagado no meu abraço. Eu gosto desse lugar, juro que gosto.. As cores parecem mais vivas e seus olhinhos piscantes cheios de cílios fazem meu coração se aquecer. Obrigada por existir, menino das palavras.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Não me procura.

Eu realmente já cansei de ter só pixels e palavras. E o leve, o morno e o ligeiro não me satisfazem.
Tente esquecê-la de outra forma..
No feelings for you, Ferdi. Like orkut used to say about donuts.

Normal.

Júlia fora até a venda comprar uma dúzia de maçãs. Júlia era apenas uma menina indo até a venda comprar uma dúzia de maçãs. Ela quase não tinha rosto, andava com a cabeça baixa sem motivo, cantarolando uma antiga canção que gostava, mas que não te tocava naquele momento "Ah, se tu soubesses como eu sou tão carinhoso e muito muito que te quero". Enquanto escolhia as maçãs se deu conta que a canção não lhe tocava porque ninguém fugia dela, tinha um namorado legal e um grupo de amigas. Tentou afastar a canção da cabeça pensando em alguma música da moda mas nada lhe ocorreu então ela se rendeu novamente a "Carinhoso". Terminando de escolher as maçãs olhou pro vendedor, sorriu: - Você tem 10 centavos? - Não. Ele lhe entregou o troco, ela sorriu novamente e voltou pra casa. A vida inteira de Júlia foi parecida com isso, ela casou com seu namorado legal, não manteve contado com seu grupo de amigas, foi na casa de sua mãe todos os domingos até a mesma morrer, fazia compras, teve filhos, às vezes brigava com seu marido, foi traída e perdoou, continuou sendo traída e ignorou, viu seus filhos crescerem e saírem de casa, sentiu a falta deles, se acostumou com visitas aos domingos.. Morreu.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

É mais importante ter dinheiro.

Afastem seus filhos da arte! De verdade, pensar não é bom, não é saudável ou gostoso. "Tá vendo? Coisa de artista" Não! "Olha só? Essa pêra está artística" Não! Não! Não! Socoro! Arte é reflexão, é sentimento. Não deixem seus filhos virarem seres pensantes. Por favor. Pelo bem deles.

Sobre um copo.

Há um copo ao lado dela e nele está escrito o nome de alguém que importa: Mariana.
Sempre achei um nome lindo, tão cheio de possibilidades poéticas.
Se eu fosse poeta é certo que seria meu nome preferido!
Além desse nome há nesse copo alguns desenhos que aquela mãozinha pequenina e delicada rabiscou, desenhos singelos e coloridos, desenhos que Mariana fizera pra ela numa daquelas tardes.
Pode, pra você leitor, parecer bobagem que eu esteja escrevendo sobre um copo, mas, acontece que o copo estava sempre seu campo de visão e toda vez que ela o via seu amor crescia um pouco mais.
E o amor é importante!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Fico cada dia pior.

Existe sim uma continuação.. HÁ!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Primeiro segundo beijo.

Isso daria uma ótima cena de filme. De juventude confusa. Juventude triste.
O garoto espera na calçada com um cigarro entre os dedos. "Vocês são as duas mulheres que eu mais amo na minha vida, com certeza", ele disse pra elas minutos antes;
 Entram juntas numa das cabines do banheiro, desorientadas.
Dois dias depois uma delas riria tomando sua quarta xícara de café do dia.
A outra apenas sorriria, ao fumar um cigarro, na área externa da faculdade. Ambas recordando o momento.
Então seguranças bateram na porta e as convidaram a se retirar. - Anh? Era mesmo muito absurdo. - Nós só viemos usar o banheiro mesmo. Tchau. Talvez fossem os batons vermelhos, os rostos incrivelmente simétricos e indiscutivelmente belos, as calças de couro e meia-calças azuis, os passos decididos, as mãos se segurando, talvez fossem os cabelos louros e soltos, os risos e corpos que se, por acaso, realmente tivessem se entrelaçado, teriam ficando ainda mais bonitos.
Mas não.
- E você jura que não se beijaram? - Affffff, claro que não. - Jura? - Eu segurei o cabelo dela, ela queria vomitar, nossa, cala a boca. - Mas nem um selinho? - NÃO!
Parecia até que eles torciam pra que os tais seguranças tivessem razão. E talvez todos tivessem torcido tanto pra que aquela cena, pra que aquelas duas, tivessem mesmo se entrelaçado naquela Cabine bonita de banheiro desconhecido que tenha acontecido.
- Como assim?
É que minha tia, certa vez, me disse que mesmo que Jesus não tenha existido de fato, mesmo que ele não tenha feito milagres nem nada do tipo, ele acabou existindo de alguma forma.
- Anh?
É que durante tanto tempo, tantas pessoas e tanta energia acreditou em tudo aquilo, que plasmou-se energeticamente aquela existência, e a de tantos outros ditos santos.
E é por isso que quando religiosos fervorosos rezam e pedem seus milagres, muitas vezes eles acontecem. Fez todo o sentido do mundo pra mim.
Mas.. Será que se aplica? Será?
Vodka gelada e duas doses de tequila. Foi?

domingo, 18 de abril de 2010

Where's my mind?

Você já sentiu que você estava perdendo alguma coisa em relação a sua vida?
Acho que não me fiz entender.
Você já sentiu como se não soubesse exatamente tudo que aconteceu durante determinado período da sua própria vida? É uma sensação elétrica.
Você está ligado em tudo e tudo parece incrivelmente distante.
Você anda mas não com suas pernas. Fala e é a boca de outra pessoa.
Seu cérebro não te pertence. Nem sua mão, rosto, olhos...
Então você começa a perder os olhares.
Você cai no chão e se machuca a ponto dos seus olhos encherem de lágrimas, mas você não sente realmente.
Alguém te magoa e nada muda. Você passa três dias sem comer...  
Você está sempre esperando algo acontecer e como nada nunca acontece, você inventa acontecimentos.
Inventa e no começo isso funciona, então você continua a inventar.
E inventa tanto que depois de um tempo não sabe mais distinguir uma coisa da outra.
Então um dia você percebe que só consegue organizar suas memórias colhendo fragmentos do que te aconteceu da memória de outras pessoas.
Fragmentos torcidos e retorcidos, fragmentos mutilados, deformados, falhos...
Nada mais é concreto. Nenhuma certeza. Nada realmente importa.
Você não confia mais nem nas suas lágrimas. Você não confia mais em você.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ela sempre acaba vindo.

E eu escrevi "Não quero que você venha aqui ler isso".
Ele povoa os sentidos todos e ela insiste em ser um fantasma.
Um fantasma que me assombra sim, que ainda me tira o fôlego e o sono.
Um fantasma.
E tem uma foto dela que eu coloquei sem explicação, mas essa, sei que ela nunca verá.
As nuvens estavam tristes hoje e eu não consegui dormir a noite toda.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pequena anotação.

De como é fácil ser imbecil.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

"Mais um projeto qualquer pra esse caderno" ou "A Espera".

This is not what I'm like, this is not what I do, this is not what I'm like.. I think I'm falling for you..
(The Magic Numbers)
Take me out tonight, when there's music and there's people and nenénacolaaaaaah..
(The Smiths & -uma pequena interverção de- Ferdi)
- Está fazendo cola aí? Perguntou o senhor brincalhão. A menina que até esquecerá o significado dessa expressão olhou-o num misto de surpresa e indecifrável riso enquanto dizia: - Cola? Como se afastará do caderno o senhor pôde visualizar a mulher que ela tentava agora reproduzir: - Ah, não é cola, não.. Disse ele entre sem jeito e brincalhão. Ela sorriu tentando reparar o incômodo que causara e tentou fazer uma voz divertida pra responder: - Não é, não. Então ele repousou a mão pelo menos 50 anos mais velha nas costas da garota e se despediu: - Que bom, que bom, continue. Foi muito bom vê-la. E se foi. Ela escreveu o ocorrido lamentando ter perdido talvez a oportunidade de uma conversa decente com alguém que sabia 50 anos a mais que ela. Em seguida voltou a desenhar, constatando que não era boa com pernas..

domingo, 4 de abril de 2010

Inpiração deprimida.

Dizem que tristeza inspira. Será mesmo?

Eu não sei muito sobre inspiração, sempre quis ser artista, fazer arte de alguma forma, mas ainda não consegui chegar nesse ponto.

Mas eu tento.

E tentando, muitas vezes muito triste, acabo por perceber que há mesmo uma diferença na qualidade dos textos, das músicas, desenhos e qualquer coisa que eu tente produzir quando estou muito magoada.

Uma qualidade diferente..

Que eu também alcanço em picos de euforia.

É engraçado.

É engraçado enaltecer tristeza, é triste.

É corriqueiro.

É embaraçoso.

Por quê?

Às vezes eu sinto como se o mundo inteiro fosse pesado demais e esse peso faz com que não consigamos sentir nada.

Absolutamente nada, o completo do vazio: o oco.

E esse oco nos choca tanto que preferimos inventar sentimentos.

Dentre eles inventamos nossa tristeza, que é muito mais frequentemente inventada, porque na eminência do oco sentimos por alguns segundos o gosto da tristeza, logo, é muito mais fácil reproduzí-la.

Então ficamos aqui tristes e justificamos nossa estagnação nesse deplorável estado com inspiração "Acostumei com a fossa, o lado bom é que escrevo melhor assim".

Acho que o lado bom, no final das contas, é que nunca há um lado bom.

É ou não é e fim.

Fim.