sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Saudade da Marina.

Eu lembro de ser muito feliz achando que era muito triste com ela.
A Marina sempre me fez rir tanto, a Marina foi sempre tão inteligente, tão exigente, tão aquela pessoa que eu queria sempre ter por perto.
Ainda quero ter por perto.
A Marina é diferente hoje em dia, eu também.
Mais felizes, provavelmente, acho que boa parte porque a gente ouve muito menos música depressiva e conversa sobre as pessoas que a gente gosta.
Tem essa também, hoje em dia elas não só sabem que a gente existe como interagem com a gente.
Fica mais fácil.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Violência.

Eu sou uma pessoa violenta quando com ódio, porque geralmente meu ódio vem da mágoa, que vem de alguma violência cometida contra mim.
Eu lembro que eu costumava a usar machados nas minhas violências, porque sou uma pessoa pequena e despreparada para lutas, então a violência que uso é imaginária, mas sempre muito violenta, machadadas em quem me machucava, não importando que eu amasse ou mal conhecesse o violentador.
Hoje eu sonhei com esse machado, mas outra pessoa que usava e matava minha avó e minha mãe, só que não matava, na realidade.
Tentava matar e sobreviviam e é mais ou menos isso que acontece com toda violência, eu mato tão violentamente na minha mente que acaba sempre estando ali, eu não esqueci o que você me fez, não esqueci o que me fizeram, a violência continua viva.
E estão sempre cometendo outras.
Tanto e tanto que minha vontade é abandonar por completo qualquer, qualquer e qualquer vínculo com quem quer que seja.
Eu sempre me pergunto como surgem os mendigos, que limite foi ultrapassado para que alguém largue tudo e prefira as ruas e eu realmente passei a entender, passei a entender e cogitar.
Uma vida com muito mais significado e sem violência psicológica.
Eu prefiro a física, eu até gosto.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Amor próprio.

Eu acredito no amor.
Acredito muito, mesmo e principalmente por conta disso aqui.
Mas acredito também que antes do amor pelo outro (qualquer outro: pai, mãe, irmão, namorado, amigo) há que existir o amor próprio e se esse não existir, ouso dizer que nenhum outro existirá.
Esse texto não é pra divagar sobre se é possível ou não amar sem auto-amor, só quis começar dessa maneira porque tenho a terrível tendência a dar poder as pessoas.
Como assim?
Sabe quando alguém que não te importa tenta te ofender e te xinga ou coisa assim? Geralmente o que você faz é pensar "que babaca" e segue com a sua vida, esquece rapidinho.
Mas sabe quando alguém que você ama muito vem e faz a mesma coisa? Bem, nesse caso geralmente a gente se magoa, se sente ofendido e mais ainda do que a pessoa previu ou desejou que acontecesse.
Isso é dar poder.
É natural que nós demos poder as pessoas que amamos, natural que nos importemos com outras opiniões e bem saudável, acontece que só até certo ponto.
Você não pode deixar as pessoas te desestabilizarem só porque te conhecem bem e podem até ter razão em um ponto ou outro.
Mais que isso, você não pode convencer que suas intenções são boas.
Você não pode impor amor.
Se a pessoa não quer ser amada, não quer ser cuidada, não quer ser querida, por maior que seja o seu amor, emane-o, mas não espere que ele volte daquela pessoa.
Bem querer é uma coisa complicada, relações humanas são complicadas.. Como quando você vai fazer uma brincadeira boba com alguém e ela começa a gritar com você e te xingar porque você é uma idiota e você só estava lá tentando fazer a tal pessoa sorrir.
Enfim, enfim...
Decidi me amar mais, muito mais, dar mais poder a mim, muito mais e saber ponderar, não me deixar ofender tanto, não chorar por mais ninguém, a não ser que eu queira, a não ser que o choro seja por mim.
Decidi nunca mais compartilhar meu choro com quem não merece, de verdade, desliga o telefone, vai pro banheiro, sai correndo daí, mas não deixa que te vejam de nariz vermelho.
Eu sempre fui e sou muito mais importante pra mim do que qualquer pessoa que possa passar pela minha vida, pelo simples fato de que só eu sou minha companheira e amiga eterna, pro resto da eternidade só eu mesma estarei comigo. E tenho muito orgulho dessa pessoa que eu sou, eu tenho muito amor por essa pessoa e sei que ela merece o melhor, por isso, pra ela, o melhor.
Nada de estar em e alimentar relacionamentos e situações que me façam sofrer, que me diminuam.
Comigo quem transbordar amor, porque é isso que eu faço, transbordo amor e não mereço nada menos.

As pessoas que ainda estão comigo não são pessoas que eu chamo de amigos porque vão comigo no bar e falam de filmes ou qualquer outro pedantismo, é gente que se eu quiser ir no bar, vai comigo, se eu quiser só ficar em casa e ver filme, ficamos, é gente que eu fico dois meses sem falar com e a amizade continua lá, meio adormecida, mas viva.
Amigos mesmo.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Pessoas platônicas.

Sabe quando você não conhece muito bem uma pessoa, mas cada coisa que descobre a respeito dela te parece mais genial que a anterior?
Pois é, existem várias dessas pela minha vida, mas hoje eu vim falar de uma em especial.
Há mais ou menos dois anos atrás, eu, passeando por esse belo youtube, topei com um canal, assisti esse canal e achei ele genial.
Depois de um ano, mais ou menos, por acaso da vida, uma das pessoas desse canal veio a ter um canal conjunto comigo.
E é bobo dizer e tudo mais, mas há sempre um quentinho no meu coração e aquela vontade de conhecer mais a respeito dele e ao mesmo tempo manter uma respeitosa distância porque ele parece incrível demais e eu não quero que ele desgoste de mim, sabe?
E essa respeitosa distância se mantem, ao mesmo tempo que eu quero que ela desapareça e que um dia, passeando pelo Trianon, conversando sobre coisas aleatórias eu possa dizer que acho ele uma pessoa muito especial e saber que ele se sente da mesma maneira a meu respeito.
Eu fui tomar banho e fiquei criando diálogos de quando nós formos tomar chá de morango e foi genial, mas tenho muita certeza que teria sido melhor se real. O que, novamente é conflitante porque e se ele me conhecer e não me achar especial?
Enfim, texto de 4ª série, eu sei. Mas eu queria registrar que mesmo com o paradoxo das minhas pessoas platônicas, eu só fique muito feliz que ele exista e que isso um dia possa ser uma amizade genial ou que sempre seja essa linda amizade platônica, que por existir, já me faz um pouco mais feliz.
Obrigada, amigo platônico, que a vida te faça amigo real.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Back on track na vida.

Você sabe que voltou a ser a pessoa que gostava de ser quando recebe esse tipo de comentário no youtube:

"Esse jeito seu toda boazinha me incomoda, não existe gente boazinha assim... Nem me xingar vc xinga e olha q sempre faço um comentário criticando seus vídeos...Vira freira...Bem agora vc vai xingar né. Vai me chamar de FEIO....kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk­kkkkkkkkkk"

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Quando você não liga mais.

Existe uma regra de ouro na vida que nos conta que quando você deixar de querer tanto um negócio e só relaxar, provavelmente você vai conseguir.
Por diversas vezes isso já se mostrou certo, o que não deixa de ser menos chato.
Me digam uma coisa, algum de vocês conhecem algum método pra deixar de gostar seja do que for?
Porque por aqui o que acontece é: Quanto mais eu tento ser tranqüila, mais eu penso sobre, mais eu gosto.
Não estou falando de namoros e nem nada, na vida mesmo.
De copos d'água a faculdade que eu escolhi.
E não há nada que se possa fazer porque só o tempo acalma seja o que for e te ajuda a criar essa espécie de indiferença de "que o melhor me aconteça".
E enquanto o tempo não passa eu fico aqui tentando dar o meu melhor em não ser ansiosa, esperar passar e tentar pensar em outras coisa.
Porque outra coisa imbecil que eu também costumava fazer é me comparar "por que ela tem e eu não?" e, sério, tem algo mais andar pra trás e que normalmente não faz o menor sentido que comparação?
Sempre fui comparada na família, na escola, nos cursos e seja como for mesmo que estejam te comparando e te colocando como melhor que alguém é sempre uma estupidez muito grande, de verdade.
Cada pessoa, além de ter seu ritmo, é tão cheia de complexidades que ajudam a entender cada pequena coisa que reduzir a "você é melhor que ela", "você é pior que ela", é só uma idiotice muito grande e que sempre magoa as pessoas.
E é pior quando é você se comparando.
Pior ainda quando você acha que é melhor, mas "ela tem e eu não".
Pois é, não sei, mas a questão é que eu não quero fazer esses desejos não realizados virarem uma grande frustração. Eu quero só aceitar e deixar pra lá, porque se for pra dar certo, eu vou continuar fazendo de tudo pra que dê, mas se não for.. deixa pra lá, também, né? :)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Me fale coisas que te deixem sorridente.

tem tantas coisas...
  • vamos pensar...
    atualmente: 
    1. quando de repente, no meio da aula me toco que estou estudando na melhor universidade da américa latina no curso de história. 
    2. quando a banda termina um show e alguém que entende de música vem elogiar. 
    3. quando estou com minha namorada sem fazer nada, só estou com ela e fim... tipo, sendo feliz.
    acho que são as três coisas que mais animam minha vida hoje, e por aí?
    quando o Biel vem e fala alguma coisa totalmente que mostra que ele se preocupa comigo, tipo hoje, além dele fazer tudo pra mim, todos TODOS os favores que eu peço (até quando eu digo, vem cá apanhar, ele vem, mesmo quando é por brabeza, não que eu de fato consiga bater nele ou em ninguém, mas tu entendeu) ele veio me trazer comida e todo fofinho "cuidado que está quente, quer que eu assopre?"
    ou quando eu estou nesse grupo específico de amigos, de colegas na verdade, pessoas que são amigas do meu melhor amigo e todo mundo lá me conhece e gosta muito de mim, me tratam muito bem
    quando eu medito e quando o sol está se pondo e eu presto atenção e quando o nosso olho fica assim vidrado em algo e seu cérebro percorre lugares que você não consegue acompanhar ou quando eu fico sem brigar com a minha mãe e quando eu faço planos com meu ex-namorado sobre nossos pugs e nossos filhos, os nomes deles e tal, quando está perto do dia dele chegar
    quando eu tenho um sonho muito real com uma pessoa que eu gosto muito 
    quando eu consigo desenhar um negócio ou escrever algo que eu me orgulho 
    quando reconhecem meus esforços 
    quando eu consigo fazer meus amigos rirem por muito tempo
    -  você fica feliz muito mais do que eu, te admiro!
    • se bem que a parte do meditar e do sol 
      adiciono fácil na lista!
      quando eu estou tomando chá
      e eu e o Biel rolamos na grama do jardim da vó
      sim, é, você só foi mais sucinto, tem tantos motivos quanto eu
      é que eu começo a falar de um e automaticamente meu cérebro lembra os outros...
      quando meu coração fica quentinho sem motivo
      quando eu sou muito simpática com estranhos e faço eles ficarem mais alegres por isso
      quando eu ajudo pessoas, principalmente cegos e falo pra eles as coisas que estão acontecendo (coisa que eu sempre fiz, nada a ver com amelie poulain)
      nossa, quando eu ajudo pessoas, isso muda meu dia completamente!
      • sim, né? me ajuda mais do que o que eu fiz pela pessoa, com certeza
        • quando eu ouço uma música nostálgica
        sim!
        • quando eu cedo meu lugar pra pessoas ou mais velhas ou que parecem mais cansadas que eu no ônibus ou metrô
        • quando eu vejo o Rafa e a gente vai no trianon e fica só olhando pro céu pelo espaço das folhas
        • quando eu converso sobre uma coisa muito séria com ele ou quando eu só ligo e a gente fica gargalhando de falar as coisas mais bestas do mundo
        • isso com meu ex-namorado também
          ele me liga todo dia e nós fazemos competição de constrangimento
          quem fala a coisa mais babaca e morremos de rir
          quando eu percebo que eu amo muito alguém e que mesmo que essa pessoa não me amasse - o que em geral não acontece - não teria problema porque o amor que eu sinto bastaria
          quando eu acho uma folha muito bonita no chão e ela está intacta
          quando me tocam músicas
          quando eu aprendo uma música
          quando eu colo coisas que eu fiz na parede
          quando eu vejo casais de velhinhos de mãos dadas
          quando eu acho tesourinhos de infância
          quando eu faço piadas pra mim mesma e fico rindo toda boba e depois ainda me congratulando do tipo "você deveria se chamar mestra do riso" e me acho imbecil e rio mais
        quando alguém diz, sinceramente, que me acha bonita
        quando eu não consigo parar de ler um livro
        quando alguém me vê falando sozinha e ao invés de brigar acha graça
        hahahaha, desculpa, eu super me empolguei, mas é uma coisa que eu queria te falar
        eu gosto tanto de ganhar lápis de cor e canetinhas e aquarela ou folhas
        quando eu falo com você até tarde e você fala que eu sou especial

        e obrigada por me dar um texto, primeira vez na semana ficaria sem postar pronto (:
        - eu não dei nada, o texto foi seu, eu só te alertei da beleza dele
        - ah, balões coloridos 
        (eu sempre vou adicionar coisas nessa lista) e caderninhos
        beleza nada, bobeira
        - agora eu preciso dormir
        - dorme bem

domingo, 22 de abril de 2012

Sobre Alzheimer, mas mais que isso, sobre o casal que me faz acreditar em amor.

Milton & Shirlei
Um português orelhudo, segundo ela.
A mulher mais bonita do mundo, segundo ele, "minha baixinha".
Meus avós, avós paternos.
Pra mim nunca existiu pessoa melhor no mundo que meu avô, nunca existirá, na verdade e nem que me amasse mais.
Minha vó sempre foi uma espanholinha braba com todo mundo, menos comigo.
Lembro de quando eu ficava na casa dela e toda tarde ela me levava pra passear no bairro e lembro também de dormir no quarto do meu pai, com a cama quebrada porque meus primos e eu pulamos tanto nela que quebrou e todo mundo achou graça.
Eu tinha um barzinho da Barbie que eles me deram e passava as madrugadas com uma luminária laranja achando a vida um máximo!
Ela só me dava banho quando começava a músiquinha do Castelo Rátimbum, mesmo que não fosse necessariamente a
nós duas esperávamos o ratinho ir pra toca, pra só depois eu ir pro banho, aliás nessa casa (eles já tiveram muitas, muitas mesmo), tinham dois box, e um buraco de um box pro outro, igual o que o Jerry morava e lembro que ela pegava uma bacia de alumínio e me dava potes de shampoo pra brincar, sempre do meu lado e só me tirava quando eu estava toda enrugada, com a água fria e finalmente dizia que queria sair, com toda paciência do mundo.
Lembro também de quando nós estávamos na Chácara que meu vô tinha e ele ia nos levar na sorveteria, daí eu e o Rafa, m
eu primo, sempre queríamos ir no carro deles.
Aí nós entravamos pelo buraco do apoiador de braço no porta-malas e ficávamos lá, todos malandrinhos, todos rindinho, achando que estávamos deixando eles mortos de preocupação enquanto eles fingiam que não sabiam e "se desesperavam".
A sorveteria que eles nos levavam se chamava Jóia e ficava na frente de uma praça, o que era realmente jóia.
E olha como eu era a mimadinha dos vovós?
Os dois sempre me trataram como o bebê deles e ainda hoje me tratam.
Meu avô e minha avó sempre foram um casal que se amou, obviamente.
Eu tenho certeza mais que absoluta, pode cair um meteoro na minha cara agora, podem arrancar meu coração e me fazer comê-lo depois se um dia meu vô ou minha vó foram infiéis ou desleais um com o outro. Sério, que eu morra AGORA!
Sempre se cuidaram, sembre brincaram, sempre andaram de mãos dadas e todo mundo comentava em qualquer evento social, sobre como era lindo e fofinho ver os dois e como eles dançavam juntos, como se tivessem dançando a valsa do casamento, risonhos, gargalhando, todos com passinhos e todos brincalhões.
Esse dois, muito mais que a Disney ou que qualquer artificialidade dessas, me fizeram sempre acreditar que existe sim um amor da vida, uma alma gêmea ou seja como você queira chamar.
Você pode até ter um companheiro, ser feliz com ele e amá-lo, mas amor da vida só existe um, a diferença é que com o companheiro você tem sempre a opção de ir embora, com o amor da vida não, apenas porque não faria sentido abandonar um amor assim. E foi o que a existência do relacionamento deles que me fez e ainda me faz acreditar.
É difícil achar esse amor da vida, mas ele tiveram a INCRÍVEL felicidade - porque são pessoas que merecem também, né - de encontrar e viveram a vida mais feliz e apaixonada do mundo todo, bom, viveram não, ele ainda vive.
Não que minha vó tenha morrido, até porque se ela tivesse eu não estaria aqui escrevendo esse texto e sim morta também, né.
O que aconteceu, na verdade, é que há mais ou menos um cinco anos minha vó, minha espanholhinha linda, bravinha, dos olhos mais lindos e com a capacidade que só ela tinha de me fazer sentir especial e me mimar e amar tanto a vida toda, começou a desenvolver Alzheimer.
Lembro que logo que começou, eu passava a tarde com ela e com o Bielzinho que era bem bebêzinho na ocasião. No começo era a coisa mais triste do universo, ela inventava realidades paralelas onde achava que meu avô estava sendo desleal e outras coisas que faziam ela sofrer de verdade.
Eu conversava com ela todo dia, imprimia pesquisas, explicava o que estava acontecendo e ela ficava desesperada "EU NÃO ESTOU FICANDO LOUCA".
Mas isso era quando ela tinha ainda alguma consciência.
O tempo foi passando, meu avô levando ela em todos os médicos do universo, dando todos os remédios e fazendo todo o possível, mas a doença foi se agravando, porque infelizmente é assim que ela funciona, o tratamento só retarda um pouco mais os sintomas inevitáveis, ok. Chega da parte triste.
"Como assim, Ferdi, a história do Alzheimer da sua avó tem uma parte feliz?"
Tem, não só feliz como a coisa mais bonita do mundo.
Bem, hoje em dia a vó não responde sempre, aliás, quase nunca, precisa usar fralda e ser cuidada 24 horas por dia.
No estágio que ela está muita gente teria colocado ela numa dessas clínicas de "cuidados especiais", (especiais, aham), afinal de contas "ela nem ia saber". Só a possibilidade de um negócio desses ofende meu avô.
O que ele fez quando as coisas foram complicando?
Meu avô é chaveiro (que é uma das profissões que eu acho mais legais no universo, aliás) e ele tem esse chaveiro no mesmo lugar há uns 40 anos, então ele comrprou a casa de trás, fez uma interligação e contratou uma pessoa pra cuidar dela, mas de modos que ele possa de hora em hora ir ver como ela está e dar carinho e atenção.
E vocês acham que por um segundo ele lamenta ou parece triste? Meu avô é a pessoa mais alegre que eu conheço, essa foto da boneca, ali de cima, foi tirada hoje na hora do almoço, ele todo bobo fazendo graça pra ela. Aliás aquela boneca, pra minha vó é na verdade um menino, o bebê dela que ela cuida, ela leva pra lá e pra cá e meu vô entra na onda, brinca com o bebê também, chama de menino e tudo isso.
Ele está sempre rindo e contando as coisas tragicamente engraçadas que ela faz e fala.
Ele dá banho, troca as fraldas, dá comida na boca e ainda assim consegue se sentir apaixonado, não é só respeito e consideração. É amor mesmo. E como eu sei disso?
É só olhar pra cara dele:

sábado, 21 de abril de 2012

Mal aventurados os homens de amor.

Que insistem e acham beleza,
que enfrentrem treze cavalos,
que aprisionam e são aprisionados,
mal aventurados os que tem coração,
bondosos e caridosos,
tentam ajudar quem não tem conserto;



mal aventurados os homens de bem,
que de bem que tem não recebem vintém,
mal aventurados quem faz por onde ajudar,
mal aventurados, hão de por tudo isso pagar.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Paciência.

De todas as virtudes é a que eu mais sou obrigada a exercer e a que eu mais detesto ter que.
Paciência de saudade.
Paciência pra esperar o dia dele voltar.
Paciência pra desenhar direito.
Paciência com o violino.
Com edição de vídeos.
Com gritos.
Com gente mais lenta.
Com falta de capacidade de interpretação.
Com comida ficando pronta.
Até miojo eu queria que cozinhasse mais rápido, na real.
E ainda assim tenho que ter uma paciência absurda todos os dias.

E nesse mesmo momento poderia citar três coisas que estão testando minha paciência e ansiedade; Cito uma: Renderização do vídeo novo. Ok, ok, vai fazer outras coisas e eu vou, mas a pendência, a sensação de algo a se resolver vai lentamente me corroendo.

E quando você quer conversar, só, nada demais e não encontra uma pessoal agradável disponível? Recorrente. Embora nunca aconteça.

Eu vou me desenhar fazendo geléia com dois guris puxando meu vestido e esse moço colhendo mais morango. Days are getting shorter, mas podia ser para o bem.

Hoje, feliz, eu fui falar sobre como falta um ano e meio, ele respondeu gritando que nunca tinha dito isso. Que vai demorar dois, três anos. E é engraçado como todos os planos vão ficando borrados, não por falta de amor, mas por saber que a vida em dois, três anos fará coisas aqui e coisas ali e eu não quero que os planos virem sonhos. Eu guardo dinheiro contando com isso, eu gasto dinheiro contando com isso, eu faço de tudo e ele também, mas o tempo é um negócio tão imprevisível e por vezes -e espero que não dessa - tão traiçoeiro.

Vou fazer mesmo o que bem quiser, porque é como se só eu me preservasse e isso é injusto, aconteça o que acontecer eu sempre dei meu melhor e sempre darei, mas acho que está na hora de parar de me preocupar, eu mesmo estou sempre dizendo que tudo acontece pro bem, mesmo que doa. Então se tiver que ir, irá, espero que fique.

Porque, na verdade, se recuperar desse tipo de coisa não é mais pra mim não, casamento, vida em conjunto, tudo compartilhado, me recuperar desse tipo de coisa seria comprar gatos, seria comprar - mais - livros, seria só lamentar minha sorte (aos setenta anos, nas redes sociais dizendo da minha solidão e de como eu me sinto menos miserável quando me entupo de comida ou me alcoolizo, sempre com todos os resultados negativos das duas atitudes). Me recuperar disso seria fugir de mim, talvez me mudar pras montanhas e jejuar até a morte em meditação. Me recuperar disso é um negócio que talvez fosse muito fácil, como chorar uma semana e depois passear com amigos e descobrir outras alegrias.

Quero me recuperar da eterna sina de ter que ser paciente.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Don't say you miss me.

É bom ser boa de novo.
Eu disse que queria ser como eu era e ele disse que não, retrocesso é só pouco sadio, seja melhor que agora, parecida com antes, mas melhor que na época também.
Me falou de relações karmicas.
 Aí eu lembrei de um monte de situações de rejeição que só foram respeito.
 Então hoje eu ganhei a camiseta e a tarde mais legal do mundo, com foto risonha e fotógrafo espirituoso.
 Tava andando, tentando agradar e nunca dá certo quando eu tento, só agrado se for de maneira natural.
De cabelo e unha azul, de blusa e tênis azul, de calça e bolsa azul.
Porque eu tenho sangue azul, vou admitir isso.
 Acho que a coisa que eu mais gosto no mundo é de fazer as pessoas rirem.
Daí eu estava andando e olhando na vitrine, pra ver se me via, mas sempre acham que estou olhando algo lá dentro.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Days are getting shorter.

Eu tento atribuir tudo a qualquer coisa. 
Eu fico criando teorias que não interessam, porque explicar isso ou aquilo não vai me fazer sentir melhor, geralmente só cria uma mágoa.
Eu estou bem feliz hoje, estou me sentindo radiante, amada, como se eu pudesse confiar em todo mundo.
Como se o mundo fosse meu amigo, eu pudesse contar dos meus sentimentos, eu pudesse ser entendida nas minhas piadas, como se houvessem pessoas que reconhecessem meus esforços, como se as pessoas pudessem dar valor pro tipo de trabalho que eu desempenho, como se as pessoas se importassem comigo e nunca fossem quebrar promessas, hoje eu estou me sentindo rodando de madrugada, madrugada fria num lugar que eu gosto tanto com pessoas que eu gosto tanto, estou me sentindo como se o Natão nunca tivesse ido embora, como se ele morasse comigo, como se aquele abraço ainda estivesse aqui, como se todas as possibilidades do universo pudessem ser alcançadas e como se. Como se.
Eu faço jejuns, às vezes fico seis, sete dias sem comer.
Minha mãe briga dizendo "assim você não emagrece", ela não consegue compreender
que as vezes eu preciso de todo meu cérebro concentrado, todo meu cérebro disponível.
Ok, ninguém mais me procura.
Ninguém mais me venera.
Ela ligou e falou durante mais de uma hora sobre não largar a pior situação do mundo por possessão.
Eu entendo ela, de verdade.
Ela estava me falando também sobre como as pessoas me veneram.
Como elas acham que eu sou tão especial que elas nunca me abandonam.
Eu ri muito triste, com nó na garganta, na verdade e disse que "já foi o tempo".
Já foi o tempo.

As pessoas choram muito?
Com que frequência uma pessoa normal chora?
As pessoas, às vezes, choram sem motivo?
Engolir o choro é melhor?
E bater na mesma tecla uma e duas e três e vinte, porque talvez bater na tecla te faça sentir menos, menos, menos, menos, menos, te faça a princípio só sentir menos, de verdade.

Depois te faça se sentir menos um fardo.
Fardo em qualquer vida, como se houvessem tais vidas.

O que você me diz?

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Coadjuvantes da vida.

Fluxo de pensamentos desorganizados. Eu adoro esse teclado sem fio, mas ele é um lixo, que vive travando e me fazendo escrever que nem uma imbecil. Eu amo fazer vídeos pro youtube, embora ache isso realmente imbecil e frustrante. Sabe do que eu gosto? De coisas que funcionam direito. Amizade. Celular. Amor. Namoro. Canetinha. Esses dias algumas muitas pessoas vieram reclamar de não estarem inclusas na minha lista de amizades. É engraçado perceber que disso, a gente só considera orgulho ferido, uma vez que eu sempre estive aqui e a amizade não se manteve porque não. People come, people go, sometimes without goodbye, sometimes without a note, já diz meu querido M. Ward. Mas é, é assim mesmo, as pessoas vão embora, exceto as pessoas de verdade. Eu tenho essa teoria (que todo mundo tem, na real) que algumas pessoas são coadjuvantes da vida, é como se elas não existissem, uma vez que o que existe pra mim é a minha vida, se a pessoa não faz parte, não faz diferença se ela exista ou não. E existem os coadjuvantes, que quase chegam a existir, mas depois evaporam. Eu já tive muito problema com mudanças e despedidas, hoje consigo não me importar mais do que me importaria se minha xícara preferida quebrasse. Minha xícara preferida quebrou esses dias. Ela não era bonita, queriam que ela fosse, mas eu achava muito feia, o que eu gostava nela é que além de enorme, por dentro ela era roxa claro, mas ainda não lilás. Daí ela caiu e quebrou, vários cacos, foi meio decepcionante, mas eu tenho várias outras canecas, então tanto faz. Até porque ele me prometeu outra caneca e canecas novas, sabe? Tudo acontece pro bem, então essa caneca com certeza será superior. Eu era uma pessoa de ficar chorando por aí. Sabia, gente, eu gostava muito de andar de madrugada, mas eu estava sempre passando frio e morrendo de hipotermia. Eu quero roupas encardidas de amora. Tênis perdidos, morango na cara, não quero mais morar em São Paulo.
Sabe, eu não suporto que essa mulher comece a gritar, ela começa e nunca mais para "eu odeio isso, você faça aquilo, eu dou as ordens, eu sou louca, todos devem me obedecer porque eu sou desequilibrada, eu acho que tenho direito de chamar as pessoas de filhas da puta, de desgraçadas, eu acho que tenho direito de dar muxicão, eu sou louca, louca e vocês tem que me respeitar, eu não tenho que respeitar nada e ninguém, porque eu sou destemperada".
Oi, eu nunca tive nenhum contato com você, mas vim aqui me pronunciar, dizer que não aprovo sua atitude, porque num mundo de informações tão rápidas, todo mundo tem direito de julgar o caráter de quem quer que seja, baseado em nada.