quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Petúnia Bel.

 Petúnia, a cachorra mais doce que já existiu.

Eu não acredito que já tô falando dela no passado.

Hoje eu acordei com um barulho estranho, um barulho de água vindo do vizinho, levantei correndo e a Petúnia, que já tava doente, me olhou, suspirou e morreu.

Assim, definitivo. Deixou de existir.

Minha cachorra, que nunca me deixava sozinha.

Que ia comigo pra onde quer que eu fosse.

Que falava comigo sem parar, eu dublava ela, pros outros entenderem e sempre achavam que eu tava fazendo graça, mas a verdade é que eu só tava traduzindo. Ela falva comigo, o tempo todo.

Esses dias eu me arrumei pra gravar um vídeo e estava toda bonita e feliz com meu vestido novo, ela me olhou com aquela carinha docinha dela e sorriu.

A Pepe sorria. 

A Pepe sorria e brigava também, quando ela achava que alguém ou alguma coisa tava me incomodando ela fazia um latido grave de cachorrão "au au au". Deixando claro que era melhor acabar com esse comportamento ou ia ter que se ver com dona Pepe.

Ela, que nem eu, amava comer. Comia até as paredes se deixasse. 

Vivia lambendo o chão, pra ver se tinha caído alguma migalhinha de pão ou alguma comida humana gostosa. Ela tinha dor de estômago então a gente só dava ração, petiscos, osso e churru.

Mas ela amava uma comidinha humana.

Ver minha bebê recusando comida matou um pedaço de mim. Pedaço de mim.

Quantas músicas de amor não cabem exatamente no choro de perder minha melhor amiga?

E agora, que faço eu da vida sem você?

Eu perco o chão, eu não acho as palavras, eu ando tão triste, eu ando pela sala.

Ad infinitum...

Eu tô tão triste que meu cérebro fica conjurando essas imagens de mortes terríveis e violentas, um machado na minha cabeça, um tiro no meu rosto, pra tentar entender como eu posso sentir tanta dor.

Mas ele não entende não, aí entra num estado de fuga...

Até uma live eu abri pra ver se sentia algum senso de normalidade, porém todo dia quando eu começava a me arrumar ela já ficava do meu lado se preparando, depois passava a live inteira do meu lado.

Tudo, todo pedacinho da minha vida tem Petúnia.

Eu não sei viver sem ser com ela, eu não sei ser uma adulta sem contar com a presença dela.

Ela me ajudava a fazer sentido de tudo.

Passei mais de um terço da minha vida na companhia desse cão, desse neném, desse anjo.

Eu sei que todo mundo ama seu cachorro e fala que ele era o melhor cachorro do mundo, mas a Petúnia era mesmo, o mais leal, mais doce e carinhoso, mais engraçado.

Ela teve que ficar 4 dias internada no hospital veterinário e uma das vets me contou que eles disputavam pra ver quem cuidava dela, porque ela era tão boazinha, não reclamava de nada.

Tão amada.

Nossa família inteira está em pedaços. Nada nunca vai ser tão bom quanto como quando a gente tinha a companhia dela.

A vida segue, a gente se adapta, mas não de fato.

Pra sempre fica faltando algo, um rombo no coração no formato dela.

Um rombo no coração chamdo Petúnia Bel.

Minha Pepe, minha cu.



E agora?
Que faço eu da vida sem você?


Não faço.



                                                                                                                                                                                                                                              

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