sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Monólogo de (mais) um frustrado.

Flouxetina com Café? Sim, me agrada muito. Aliás, eu já comentei que minha mãe é propagandista? Sim, isso significa que temos muitos remédios empilhados na nossa garagem, montanhas deles, nossas gavetas também estão abarrotadas, paraíso dos pretensos suicidas que gostam de se matar aos poucos, até serem descobertos e verem - digo, não verem - todas as suas preciosas drogas escondidas, escondidíssimas, quanta crueldade! Me restou o café, que é um direito que ninguém me tira, matem-me, mas não levem meu veneno negro. Tem um buraco enorme e crescente no meu estômago, guardo-o e zelo por ele como faria com uma pelúcia querida, porque, sim, tenho muitas pelúcias queridas. Talvez seja outro vício, esse das pelúcias. É que eu finjo que elas são pessoas que posso manipular, como deveria ser mesmo no mundo, então faço-as passar pelas situações mais esdrúxulas e humilhantes que encontro. Mas não me considero um sádico, não. Sou só a porra do Deus das pelúcias. Não é isso que dizem que o todo poderoso faz com o pessoal daqui de baixo? Pois então, ele gosta de rir, eu também. E já que eu estou falando de mim, conto um costume que tenho: passar batom vermelho. Não é uma questão de ser viado, porra! Eu gosto de mulher - embora gostar não signifique ter. Mas gosto também de batom vermelho e vodka, não é uma coisa que se explique ou classifique alguém, eu falo pra quem quiser, foda-se! Fora isso eu gosto de ler contos pornográficos e Bukowski, mas só fico excitado com o segundo, contos pornográficos são só uma maneira de me sentir menos inferior, já que os porras que escrevem aquelas merdas devem ser bem mais fodidos que eu, ou não.. mas eu gosto de pensar que sim. Eu tenho 32 e moro com a minha mãe. Quando tiver 72, se ela estiver viva ainda, continuarei morando. As pessoas ficam independentes e ao invés de ouvirem encheção de saco da mãe ouvem do vizinho de baixo, da mulher, da porra do papagaio que comprou pra se sentir menos solitário e inválido, pra tudo isso, prefiro que alguém continue lavando minhas cuecas e cozinhando pra mim. Eu sei que uma mulher poderia ter a mesma função, mas eu nunca tive sorte com elas e no mais minha mãe não me enche o saco se eu não faço a barba e nem quer ter filhos comigo. Eu não entendo essa vontade que as pessoas tem de ter uma droga de um mini-você pendurado, gastando teu dinheiro, teu tempo, fazendo você limpar merda e virando mais um cretino pro mundo depois que cresce, não me entra na cabeça essa história de filho. Mas, dane-se, ? Eu resumo o prejuízo pro mundo com a minha existência, meus rolos e rolos de papel higiênico sujo, minha ingestão diária de tudo que eu conseguir arranjar, minha respiração gorda e afogada, minha emissão de gases.. E ainda faço favor de não sair muito de casa, porque tem limite pra aguentar repulsa e eu extrapolei o humano faz tempo.

7 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com a parte dos filhos.
Que porra de necessidade de procriação é essa?
Coisa mais neanderthal...

Quanto aos telefonemas, infelizmente eu preciso atender números desconhecidos. Pobreza é uma merda!

Ferdi disse...

Totalmente neanderthal.. alogente superpopulação, ok?
Sem contar que com menos humanos, quanta diversão a mais não teríamos?

Te entendo e espero que não ser obrigada a fazê-lo um dia, essa coisa de telefone.. bá, chego a ter até medo.

Marcelo Mayer disse...

ja te disseram que somos a piada mais engrçada de deus? pois é

R. Barroso disse...

"Me restou o café, que é um direito que ninguém me tira, matem-me, mas não levem meu veneno negro.
Tem um buraco enorme e crescente no meu estômago, guardo-o e zelo por ele como faria com uma pelúcia querida, porque, sim, tenho muitas pelúcias queridas.
Talvez seja outro vício, esse das pelúcias. É que eu finjo que elas são pessoas que posso manipular, como deveria ser mesmo no mundo, então faço-as passar pelas situações mais esdrúxulas e humilhantes que encontro.
Mas não me considero um sádico, não. Sou só a porra do deus das pelúcias."
- queria ter escrito isso. ah não ser na parte do sádico que eu acho que sou um pouco. mas é só um pouquinho. faz parte de minha personalidade limitrofe. manipulação contrastando com sensibilidade. sim é bizarro.
Sim, as vezes eu penso assim com relação aos bebês mas sei que assim que visse um branquinho parecido comigo ia ficar derretido. mas não, não queria obrigar uma coisinha tão linda passar por esse mundo vadio. até.

Ferdi disse...

Se visse um branquelinho parecido comigo ficaria derretida [2], mas.. bem, já tenho meu irmão e penso que serei forte.

sarah disse...

Amei muito.

G. Damasco. disse...

HAHAHAHAAHAHAHA adorei, sério.