terça-feira, 30 de junho de 2009
Visita surpresa.
- Alô?
- Seu Milton?
- Arruma a sala que nós estamos indo aí.
Ainda bem que ele ligou, porque minha pequena zona de mil livros/filmes/bolsas/eletrônicos pelo menos pode ser uma zona acessível, tanto que ele analisou por um tempo o que andava lendo sua netinha.
Viu um dos tantos livros que me deu e disse:
- Já leu?
- Um pedaço.
Era verdade, eu tinha começado, mas por essa questão de simultaneidade artística meio paranóica que carrego acabei me esquecendo um pouco dele, mas amanhã terminá-lo-ei, ou talvez depois de amanhã, ou depois.. assim que tiver um tempo eu prometo que termino.
Então ele me contou sobre trucos e laranjas:
- É aquele menino que eu dei uma laranjada na cabeça!
Todas as crianças da minha família - exceto eu e meu irmão, eu por ser a única netinha mulher, ele por ser o caçulinha, sabem? - já passaram pela experiência de ter algum objeto arremessado em sua direção e a maioria já passou pela experiência de ser acertado por um -muitas vezes em meu favor.
Então eu não pude deixar de gargalhar e imaginar uma criança levando uma laranjada na cabeça, ele gargalhou junto e.. que risada linda e boa de ouvir, meu avô tem.
- Como assim, vô?
- Ah, o menino era um anjo. Tão angelical que depois foi morto na cadeia, mas então..
Ele sempre fala coisas do tipo como quem fala que comeu um torresmo e quebrou o dente.
- Eu estava na chácara do meu compadre e inventamos de pegar uma laranjas, não dava pra subir na árvore eu coloquei a escada e comecei a colher laranjas.
Então o anjo do menino começou a chacoalhar a escada pra me derrubar "PÁRA" e o lindinho não parava.. dei-lhe uma laranjada na testa que o bicho ficou desnorteado.
Em meio aos sorrisos gargalhados que fazem esse silêncio pós-visita soar quase enlouquecedor minha barriga chegava a doer.
- Jogar truco é um barato, nesse mesmo final de semana da chácara a gente começou a jogar, estávamos eu, o Zé, o Zani, peraí.. bem, não lembro, mas acho que daquela fez chegamos a jogar 4 contra 4 e só na brincadeira. *pausa pra um sorriso amoroso, alegre e nostálgico*
Então.. sabe aquela mão que sai carta pra todo mundo?
Eu sei.. e como sei.. respondi:
- Óh se sei..
- Então.. sei que alguém pediu truco e ficou de pé, o outro pediu seis e subiu na cadeira, o outro pediu nove e subiu na mesa, eu, que estava com o zap, sem outra opção, peguei a escada, subi e pedi doze.
Meu maxilar dói, minhas bochechas e barriga doem, de alegria, de amor, das risadas.
E não era só meu avô e minha avó, meu heróis.
Meu irmão, uma bola.. mais gargalhadas.. e mais.. e mais.. nunca acaba.
No final da visita ele me deu 20 reais, devia correr atrás dele e dar todas as minhas economias, todas, não deixar um centavo.
Porque ele vale mais que todo o ouro do mundo, que minha - e de todos os arco-íris - existência.
Ele é uma das melhores coisas que eu tenho na vida e não permito que -mais- nada de mau aconteça, sério.
Ótimo lembrete para moi, ele me deixa: nas férias a melhor companhia é meu vô, sem qualquer dúvida.
Ele sabe tudo sobre o mundo, esse, outros, todos..
Ele já viveu de tudo na vida.
É o melhor contador de histórias que eu conheço.
E sorri com um amor.. e me ama tão tanto também..
E sempre me traz fascinações!
A de hoje? Um bruxo real. E por falar nisso o meu avô é um bruxo da felicidade e bondade e se todo mundo tivesse um avô assim, o mundo seria completamente outro.
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6 comentários:
Quero um 'Seu Milton'também.
Está certo em querer, não tem nada de melhor no mundo.
Só se compara a um Gabiel.. (:
Ultimamente minha companhia tem sido as paredes.
Lamento, anônimo.
Sou dotado de péssimas companhias, descobri hoje.
Suas paredes não são bacanas? q
Ou é um anônimo número dois?
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