domingo, 10 de julho de 2016

Pra quê?

O google acha que eu escrevo de menos.
Aparentemente eu deveria ter mais letras por aqui e tudo mais.
Uma coisa que eu sei que o Google gosta é frequência, escreve todo dia que ele fica mais feliz com você.  Escreve toda hora.
Essas coisas significam várias coisas pra mim.
Ele disse que eu coloco fotos demais, sendo que a poucas fotos que tenho aqui são dos meus avós, numa celebração de amor bem bonita até, não sei, fiquei triste com a notícia.
É como se nada do que eu produzisse tivesse qualquer valor pra qualquer pessoa nesse mundo.
Eu me sinto bem sozinha nesse mundo de empresas.
É como se toda contribuição social viesse de pessoas que estão em cubículos deixando os milionários ainda mais milionários e nunca fazendo nada realmente prazeroso.
"Tem gente que gosta".
E tem gente que se suicida aos 29 anos por conta dessa lógica,
Ou vive a vida inteira achando que eventualmente alguma coisa vai acontecer e
Nada
Nunca
Acontece.
"A pessoa tem 24 anos e não tem um emprego",
Não interessando se eu já tive pelo menos 5 dos convencionais, não interessando que eu trabalhe todo dia da minha vida, não, socialmente eu sou inútil, eu sou uma piada.
Não precisa levar em consideração que todos os empregos convencionais que eu tive me fizeram mal a ponto de sair de cada um deles chorando e pensando seriamente que se a vida é isso eu não queria mais viver.
"A vida não é só isso", claro, tem sempre meia horinha cansada que você pode assistir uma tv ou ir pra um bar, genial.
Me irrita que essa lógica sequer abra espaço pra gente que nem eu.
Ou é numa empresa ou, mesmo com o projeto na mão pronto e um monte de risada alguém ainda vai te dizer pra cadastrar o currículo no site da Nestlé porque uma corrente de whatsapp diz que eles estão contratando.
A vida sem centavos também é bem difícil de viver, porque você nunca sabe o que vai te acontecer, e se meu instrumento de trabalho quebrar? E se eu ficar doente? E se meus gatos ficarem doentes?
Às vezes você não consegue comprar um remédio, às vezes não tem gasolina pra sair de casa, sua avó morre e a última vez que você tinha visto ela fazia mais de 3 semanas, às vezes não dá pra ir ver o seu irmão.
Mas ao mesmo tempo é um pouco de resistência, é um força contrária a lógica do capital, é uma pessoa que não consome, dinheiro a mesmo que um empresário passa pro outro.
Nós somos tipo formigas que trabalhamos incansavelmente, mas não pro inverno, pros outros, pra alguéns, que nós não sabemos e nem nunca saberemos quem são, pessoas secretas que detém todo a sua existência.
Eu sou chamada de idealista infantil e louca com muita muita frequência, eu ainda acho possível sair dessa lógica, talvez eu seja só burra, vai saber.
Sei que é difícil, mas só por causa dos outros.
O inferno é sempre os outros.
"Você é tão inteligente, esperava m,ais de você",
"Tanto potencial jogado no lixo",
"Uma meninas tão bonita",
Eu sinto como se as pessoas estivessem sempre achando um desperdício que de alguma forma eu tenha nascido inteligente ou bonita ou capaz.
As afobações, o medo, a constante ansiedade.
Me joga em uma ilha sem nenhuma interação humana e nada disso existe mais.
Eu falo até as pessoas ficarem entediadas e não percebo.
Meus amigos nem existem mais, só tenho amizade com parente.
Mas a verdade é que apesar de tudo pela primeira vez em considerável tempo eu tenho as ferramentas necessárias pra quem sabe melhorar, pra quem sabe não precisar mais viver o inferno da ansiedade.
Quem sabe.

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