sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O sentido das coisas.

A menina que passara a noite com seu namorado e amigos acordou tão tarde que se assustou por ter compromissos, mas no final das contas não era tarde assim. Se olhou no espelho e sorriu, parecia que um caminhão havia passado sobre sua cabeça, mas ela estava feliz. Notou marcas em seu pescoço que não estavam ali um dia antes e pensou em beijar a boca do gênio ou gênia que inventou o panstick, sua personagem nunca poderia ter aquele tipo de marca, nem usar seus lenços.. Não fez esforço algum pra se ajeitar, subiu na balança e tinha o exato mesmo peso da manhã passada. Sentia um sono absurdo.. Lembrou da possibilidade de encontrar uma amiga querida e ligou o computador, sem muitas esperanças, já era tarde agora, mas ligou de qualquer forma. Foi checar suas páginas e lembrou do senhor olhos azuis, seu coração nem disparado estava, ele tremia quando ela viu "1 nova mensagem", clicou, era uma mensagem simples e sem assunto que dizia "Você nunca me mostrou seus peitos.. Eu achei que tivéssemos algo.". "Que porra é essa?" foi seu primeiro pensamento, "Do que diabos ele está falando?". Ela não sabia se ficava com ódio ou magoada, foi algo tão, tão patético, como ela havia sido ingênua, meu Deus, que ingenuidade mais ridícula. Como, depois de tantas provas da calhordisse humana, poderia ela ainda acreditar em estranhos que mudavam vidas e deixavam tudo mais belo? Quão ridícula! E nem podia se justificar com comédias românticas, nunca teve esse hábito ou cultivou esse tipo de esperança, pensou apenas que tivesse acontecido, que era uma garota de sorte. Ela não conseguiu chorar, ela ficou tão ofendida e confusa, será que ela conseguia gostar dele ainda? Se conseguisse se odiaria, mas se não, não responderia e respondeu "Então pra provar que tínhamos algo eu deveria mostrar meus seios na internet? Eu também pensei que tínhamos algo.. Eu gostei de você a ponto de quase mudar um intercâmbio da Holanda pra Inglaterra. Sério que você não quer mais falar comigo?" Por mais patético que fosse da parte dela, decidira não contar pra sua mãe ou amigos o que ele tinha feito, enquanto o fim não fosse definitivo e a esperança (que esperança?) não acabasse ela preferia não contar pra ninguém que ele já a tinha feito chorar.. mas acabou não conseguindo e contou pro seu melhor amigo que por sua vez, como sempre, a fez sentir menos patética e infeliz, finalmente tinha achado a esperança que talvez justificasse sua atitude, seu amigo disse que "Quem sabe não foi aquela garota que ele te apresentou, hein? Você não disse que ela falou que era namorada dele e ele disse que namorada dele só você?", ela se agarrou nessa possibilidade e foi dormir rezando pro mal entendido estar desfeito na manhã seguinte, rezando pra não ser tão imbecil quanto sentia que era. Acordou. Com a vista ainda embaçada correu pro computador e seu coração deu uma sacudidela novamente por conta da "1 nova mensagem", clicou perturbada e leu a confirmação do que no final das contas ela já sabia "Sem peitos, nada", "Então vá se foder! :)" respondeu já com lágrimas nos olhos.. Não era por ele que começaria a chorar, não era por sua ingenuidade, não era por ter sido imatura ou precipitada, choraria pela certeza de que jamais confiaria em outra pessoa de novo, era a certeza de que seu ceticismo nunca foi em vão, era a mais absoluta renuncia ao amor, renuncia essa que deixava só a parte.. vital? Ela não deixaria seu namorado, mas perdeu as esperanças de se apaixonar por ele um dia, ela não deixaria de ficar com outras pessoas ou assexuaria, como ameaçou tantas vezes, apenas sabia que seu coração capaz de amar alguém além da amizade, da fraternidade, tinha acabado de se destruir pra todo o sempre. Tinha 18 anos e nenhuma esperança. Lembrou que no dia que se notou apaixonada visitando um blog leu uma citação da Audrey Hepburn dizendo que nada era impossível. Se ao menos ela não tivesse lido ou fosse sensata uma vez na vida..

11 comentários:

Unknown disse...

Essa é a melhor idade para se descobrir que na ânsia da maturidade criamos a nossa verdade e fantasiamos muito cedo o que seja amar. Aos 15, conheci o amor platônico. Dos 19 aos 26, construí sozinha uma relação, e aprendi com o tempo que o amor é uma troca, e não uma punição para fazer o outro feliz. Hoje, aos 30 anos, conheci o amor.
Mas não se deve pular nenhuma fase.No entanto, deve-se estar atento e aprender- a vida nos ensina uma vez para evitarmos a dor. Caso contrário, decepção constante.

Adorei o texto...bom lembrar de quanto já vivemos e quanto ainda temos que aprender.
Super abraço. Espero uma visita.

Érica Ferro disse...

Nem se eu lesse isso vindo dele, poderia crer.
Eu demoro a acreditar no óbvio. Ficaria buscando uma outra explicação.
OMG, hackearam o PC dele, só pode.
Eu não sou ingênua, sou burra.

=/

Me jogarei do edifício mais alto que encontrar.

Rafael Sperling disse...

Ele devia tomar porrada. E ser assexuado é opção no mínimo curiosa. haha
bjs

Solange Maia disse...

as vezes falta delicadeza...

mas, o que haveria por trás dessas palavras ? seria algo de todo ruim ?

beijocas menina linda...

Erica Vittorazzi disse...

Eu não trocaria o meu intercãmbio. Continuaria acreditando demasiadamente em romances impossíveis, só o excluiria da minha vida... é tão fácil pela internet!!!

Cuidado com estes caras que têm olhos azuis...

Anônimo disse...

o título deixou tudo mais engraçado, "o sentido das coisas", qaundo as coisas não têm sentindo nenhum..

Anônimo disse...

É guria.
É foda perceber que os homens são realmente babacas... Sinto muito por você e te entendo. Ele havia se mostrado especial.
Então deixa, né?
Eu to deixando... Tentei falar com o Tiozão ontem e ele nem me atendeu. Mandou mensagem no celular dizendo: "Amizade com ex não dá. Espero que compreenda."
Resolvi não acreditar em absolutamente mais ninguém.

Natacia Araújo disse...

As decepções de hoje podem revelar-se apenas mal entendidos de amanhã.
E caso não seja, não há nada que não se supere...
ps: Largar intercambio é arriscaaaado...rs
Adoro teus textos querida!
Beijos!

Ana Wants Revenge disse...

olhos azuis eh?
aiiaiaiaiaaaaa
beijos

Katrina disse...

Quisera eu, ter um pouco disso.

Ana Wants Revenge disse...

Pois é menina! :)
Acabei de me lembrar de outro filme sueco muito bom também, Fucking Amal (Amigas de Colégio ou algo assim...)! Cultzão com temática gay, vale a pena.

Beijocas!
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