segunda-feira, 22 de março de 2010

Amany.

Depois de sair do trabalho, foi fazer outro que não sabia bem como iria ser, chamou um amigo e foram.
Foi estranho e divertido.
Tomaram Yakults e comeram pêssegos sentados na calçada.
Ela gostava muito de estar perto dele, se obrigava a ficar acordada o tempo que fosse se ele estivesse por lá.
Engraçado, se conheciam há tão pouco tempo.. Mas não é sobre esse amigo a história de hoje.
Se fosse seriam só sorrisos e a história de hoje é só lágrimas.
Ele disse que eles poderiam sim conversar, mais que isso, ela pediu "Deixe-me presenciar sua indiferença pra poder seguir em frente" e ele respondera "Se for pra me esquecer, que seja longe de mim" e quando ela disse que não era isso que ela queria e mesmo assim ele concordou em vê-la o coração dela se tornou tão colorido quanto um coração pode se tornar.
Por 12 horas ela acreditou em finais felizes e segundas chances.
Como passara a madrugada do sábado para o domingo acordada com aquele amigo dos sorrisos dormiu com o telefone do lado da cama.
Ele disse que ligaria pra marcarem direito, mas de antemão tinha dito "Domingo de tarde, na Cultura".
A Cultura era um lugar que representava muita coisa pra ela e agora terá de ser abandonada, assim, de modo drástico mesmo, enfim...
Na Cultura domingo, ok.
A menina trabalhava também aos domingos, não tinha problema, dava tempo...
Tempo... como o tempo passou doloroso aquela tarde.
Chegou às 14h.
Sentou-se na poltrona onde conversaram de verdade pela primeira vez há exatamente um ano e três dias atrás.
Esperou.
Pegou um livro e tentou ler.
Não conseguiu.
Esperou.
Olhava em volta, no celular, esperava.
15h.
Foi até o banheiro, tentou parecer bonita.
Não era bonita.
Voltou.
Esperou.
16h.
Ela tinha que ir às 17h.
Esperou.. olhou o celular.
Tentou ligar pro número que tinha recebido uma ligação dele no dia anterior.
Nada.
Esperou.
Olhou.
Chorou.
Três gotas quentes escorriam.
Cinco.
Doze.
Duzentas gotas quentes e doloridas.
Soluços.
17h.
Ela foi.. Andou, andou, seus pés doíam, usava um sapato de boneca, tinha se arrumado cautelosamente pra ele, pra parecer um pouco mais qualquer coisa que ele quisesse.
Havia colocado meia calça, eles brincavam de beliscar a perna dela fingindo puxar a meia, coisa deles, então ela estava de meia calça mais uma vez.
Começou a chover, a chuva fria na tarde quente molhava tudo nela, o coração latejava, os soluços chamavam atenção na rua.
Ela não queria se controlar, se controlar significava fingir e ela não era assim.
Entrou no trabalho preocupando todo mundo.
Abraçaram-na e ela pode se libertar um pouco daquele grito preso, daquela sensação de abandono absoluto, daquela estaca enfiada com maldade.
Se saiu bem no trabalho, melhor até do que das outras vezes, dizem que teatro cura.
Cura mesmo.
Pena que dura só o tempo de palco e depois vai embora.
"Não chore",
"Pode ser apenas um mal entendido",
"Você é linda",
"A minha última chance foi embora ano passado e eu tenho quase 30, você é jovem ainda, tem muito pra viver. Olha como eu estou agora"
ele estava mesmo completamente feliz e apaixonado.
Mas até quando? 
Ela não acreditava mais em nada.
Só acreditaria se tivesse sido um mal entendido.
Andou pela Av. Paulista procurando em cada rosto um vestígio dele.
Nada.
Chegou em casa depois da meia noite com os olhos mais inchados que nunca.
Continuou esperando um mal entendido.
Rezou. Rezou, rezou sem saber pra quem e porquê, queria um milagre, um mal entendido de presente.
Não ganhou.
A única notícia que obteve no dia seguinte foi:
Ele: "Não estou mais em São Paulo."
Ela: "Entendo. E eu fiquei doze horas esperando, com todas as esperanças do mundo e um presente. Eu me arrumei com cuidado pra você. Passei um perfume que me faz cheirar a morango. Eu acreditei em segundas chances pra mim.. De qualquer forma, obrigada, agora posso voltar a realidade. Ponto final."
Jamais enviou, graças a um erro cibernético e jamais enviaria.
O ponto final pra ele já tinha sido dado faz tempo, então não era necessário avisar que era vez dela de acabar com aquilo.
Fim.

8 comentários:

Marcelo Mayer disse...

perigoso se tomaram mais de um yakult cada um. a madrugada teria muito assunto e risada

Anônimo disse...

Merda.
Apesar do que eu escrevi no outro post, tinha esperança também. Tava aqui torcendo.

Andarilho disse...

Todo fim dói.

Erica Vittorazzi disse...

Ah, que pena!!!
Mas ainda há segundas chances, eu sei...

pelo menos, espero!

BEIJO

PS: Eu sempre consigo mandar aquelas mensagens do texto. Os erros cibernéticos nunca me poupam.

Anônimo disse...

Tá, sejamos objetivas agora.
Quando vai rolar um sentimento com o Yakult?

Sardinha Mestre disse...

se o amor é uma porcaria pq as pessoas q envolvem ele seriam diferentes.

Aninha disse...

eu gosto do que vc escreve.

sarah disse...

Triste, muito triste.