segunda-feira, 9 de março de 2009

Minha mãe e meu objetivo.

Das grades da escola eu vejo o mar.

Escola que não é bem escola e mar que não é bem mar. Escola de atores e mar de prédios paulistanos.

Agora eu estou aqui na sala pequena, na que tem grades, porque a Michele, que é a moça que limpa nossa escola pra nós, me disse:

- , você não quer passar pra outra sala?

Não que eu quisesse, mas cá estou eu, sem colchonetes, ar ou um soninho a mais, mas em contra partida estou aqui "".

Minha mãe me ensina coisas de uma obviedade quase ofensiva, outro dia veio me dizer que é sempre bom tratar todos que nos prestam serviço pelo nome e me disse também que a Michele, a moça da escola, era gente como nós e que também tinha muitos sonhos e ambições, depois passou a me contar dos sonhos da Michele que ela conhecia. Mas oras, jura que condição financeira ruim não torna as pessoas menos humanas? Dessa eu não sabia!

Me pergunto se ela estava realmente querendo me ensinar isso ou se estava falando pra ela mesma em voz alta pra nunca esquecer, não sei..

Então quarta passada a mesma Michele me disse:

- Cadê sua mãe? Não a vejo desde o carnaval!

- Pois é, está trabalhando um bocado.

- Ela conseguiu cadastrar os 300 médicos?

- Até onde eu sei está no 216 ainda, mas vai conseguir.

- Esperamos.. diga a ela que estou com saudade.

- Digo sim!

E então ela saiu pra fumar um cigarro. O engraçado é que antes dessa conversa em só tinha falado com ela sobre banalidades e não tinha idéia que ela e minha mãe se conheciam ao ponto dela memorizar quantos médicos ou não minha mãe tinha que cadastrar.. engraçado mesmo.

Na verdade foi daí que surgiu o monologo da minha mãe que era mazomenos assim:

- Pra você ver, às vezes as pessoas olham aquela faxineira magrelinha, que fica fumando a valer e não dão nada por ela. Eu também fumo. A Michele é uma gracinha mesmo, nós conversamos muito. (Explicado!)

Depois de falar sobre aquilo que falei no ínicio ela começou a contar (ou a se contar, nunca sei) a história do corretor, que era assim:

- Outro dia fui fazer umas fichas ao lado de uma casa que estava a venda, comecei a conversar com o corretor e ele era um homem de tanta cultura, tão viajado, sabe? Logo lembrei de você e do Emílio (meu primo herói!) e contei o quanto vocês eram avançados e especiais (é que eu imito ele, gente) e quando eu contei que você abandonou a escola porque era inteligente demais pra isso (oi?) ele, pra minha surpresa, disse:

- Poxa! Que maravilha, que coragem! A sua menina fez a melhor coisa da vida dela.

Essa última parte da história me deixou confusa porque dias antes ela tinha falado que tinha vergonha das mães das minhas amigas, porque elas sabiam que eu tinha largado a escola e ela sentia olhares que a recriminavam, no entanto falou com orgulho dessa minha decisão pro corretor?

Minha mãe é confusa, enfim..

Fora ele só mais quatro pessoas me apoiaram nessa decisão, dentre elas:

- Mamãe (claro, já que se não tivesse apoiado provavelmente eu ainda estaria lá ou debaixo da terra, sei lá).

- Meu avô (o que foi a melhor surpresa da minha vida).

- O pai da Jenny Jen.

- A própria Jenny Jen.

O resto das pessoas ou finge que não sabe, ou me julga errada, inconsequente e burra. Eu sinceramente não dou a mínima, aliás, só precisava da aprovação da minha mãe e por questões legais, não psicológicas. Sempre soube o que quis e como conseguir, isso é bom pra mim e não é nenhuma convenção social infeliz que me impediria a felicidade.

Não dou a mínima pra o que nenhum de vocês pensa, só me importei com a Marininha, fora ela nem que o Rafa, o Dimi, o Emílio, o Tom, o Frango, nem que todos meus amigos (que foi mazomenos o que aconteceu) fossem contra mim, eu iria contra eles, como continuo indo há mazomenos um ano. O ano mais feliz da minha vida! (:

5 comentários:

Jenny Souza disse...

Hey, sua mãe é genial, ri a valer com a história do colocar ela para dormir, por exemplo. uhauha

E essa Michele hein, que memória boa, deveria largar a vida da faxina e tentar teatro..ao menos texto ela decoraria.^^

E eu, pocha, condordei mesmo, e te invejo em certo ponto..no passado se soubesse que desse, acho que teria feito o mesmo...não tem coisa mais deprimente que ser obrigado a estudar matematica e fisica várias vezes por dia, para quem não gosta é claro, como yo...

Enfim, continue curtindo o ano mais feliz....e me chame para fazer parte dele sempre que possível. :)

Beijão minha querida.

L. disse...

cara! *-*
até que ponto teus contos são reais? achei incrível tu ter escrito sobre largar a escola. me conta?

Luísa disse...

Ferdis!
Largando a escola ou não, sou a favor da felicidade sempre :) Confesso que também largaria a escola, se a minha felicidade não precisasse dela e do vestibular(.___.).
Segue teu sonho, é isso que importa!
Vais ser uma grande atriz, se já não é (não posso dizer se é ou não porque, infelizmente, AINDA não vi uma peça sua).

E por favor, continue sempre escrevendo.

Te quero muito bem :)

Um beijo, Lucy.

Estela Carregalo disse...

Falei de você no meu humilde blog, Ferdilinds!

Ferdi disse...

Ela é uma eterna criança e isso é excelente, tenho dois Pequenos Príncipes em minha casa, com a diferença que a versão masculina (que é meu irmão) é um pouco mais adulta que a feminina, hê.

Sempre te chamo, Jenin. :*

-

Esse é totalmante real, Lu.
Larguei, simples assim.
Larguei, não irresponsavelmente, medindo tudo bem medido e pesando tudo bem pesado.
Até porque tive que ter argumentos pra que isso fosse possível, enfim.. (:

-

Escrevendo sempre, Lucy.
Nem que eu queira parar eu consigo, a questão são as qualidades dos tetos, mas isso eu prefiro ignorar e escrever por amor a expressão, é.

Sei como é, Lu, but.. se isso te faz ou fará feliz, go ahead..

:**

-

Sério Stelilds?
Conferir-ei! :D