quinta-feira, 23 de julho de 2009
Não é mais só sonho.
Na oitava série eu tinha um grupo de amigas, nós nos chamávamos de "Hippongas" por causa de uma idéia em uma redação.
Na verdade só algumas de nós tivemos a idéia, mas éramos inseparáveis e todas toparam.
Idéia: Assim que acabasse o ensino médio compraríamos uma Kombi (nós ainda temos uma pelúcia dela, está aqui em casa, aliás) e sairíamos pelas estradas ganhando a vida com arte de rua e favores.
Teríamos um amor em cada cidade, bilhares de amigos, muita música e vento nos cabelos.
Não precisaríamos de muito, dormiríamos na Kombi e em barracas, eventualmente conseguiríamos uma casa amiga, banhos e lavagem das nossas roupas no mesmo esquema.
Só precisaríamos de uns trocados pra gasolina e alguma coisa pra comer.
A oitava série se foi, ficamos com nossa pelúcia, combinamos que teríamos que nos ver (pelo menos pra ir passando a Kombi, que foi comprada em conjunto) pelo menos uma vez por mês.
No primeiro ano até que conseguimos uma frequência aceitável, depois disso.. bem.. uma delas continua sendo meu grande amor, mas as outras eu nunca mais vi, anos que não vejo.
Mas essa não é a história das meninas, é a história do meu sonho.
Meu sonho: Ir viver todas as histórias que pudesse sem obrigações maiores, sem satisfações, sem tabelamento social, sem mente fechada, sem obsessão por trabalho, só.. viver.
Em uma Kombi, com os cabelos ao vento e muita Janis Joplin gritando pra mim.
Meu sonho até hoje esteve adormecido, vivo, mas dormindo em algum canto de mim.
Hoje eu não sei se ele acordou ou foi acordado.
Eu tenho um amigo, um grande amigo que eu nunca tive o prazer de abraçar pessoalmente, mas que ainda assim é um dos meus maiores amigos, ele se chama Alex.
O Alex é minha versão feminina, estamos descobrindo isso há tempos, mas, hoje quando ele disse "Sou uma Clementine versão masculina", não sobraram dúvidas, respondi "E eu uma versão cabelo não-pintado".
Minhas conversas com Alex são sempre legais, por mais tristes que possam parecer a olhos alheios sempre me fazem muito bem.
Filosofávamos sobre a vida e a obtusidade da burguesia, com seus diplomas, dinheiro e viagens de uma semana pra algum lugar "hype" do mundo.
Conversávamos sobre a bolha em que a sociedade tem vivido.
Conversávamos sobre a vontade de largar essa vida burguesa que hipocritamente nós dois também vivemos e eu lembrei do meu sonho, que agora é NOSSO sonho.
E tudo que é nosso é muito mais real.
Quando eu falava empolgada para as "Hippongas" sobre nossa vida elas sorriam o sorriso dos que não levam a sério, ao falar pro Alex estabelecemos uma meta de daqui no máximo um ano aproveitarmos nossas férias e assim será.
Não é mais sonho.
E por mais que não formos levados a sério enquanto REALMENTE não colocarmos o pé na estrada, não tem importância, eu levo a sério daqui e ele leva a sério de lá.
E olá mundo, olá histórias, olá vida!
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