domingo, 12 de julho de 2009

Meu avô é Deus disfarçado de gente.

É, que nem naquele filme que Deus resolve se disfarçar de gente e passar um dia na Terra e tudo, mas meu avô decidiu passar uma vida inteira, que isso, pra ele que é Deus, não é quase nada. Bem, eu que sou esperta, sempre soube, na verdade. Mas hoje ele mesmo me confessou. Disse, assim, entre risadas teológicas, que eu não deveria contar pra ninguém, aí eu disse “Vou colocar no meu blog e todo mundo vai saber”, ele riu, sabe, porque afinal de contas nem tem que prestar contas a ninguém. Eu sabia, sabia mesmo, mas a verdade não é que eu sabia porque sou esperta, sabia porque ninguém menos que Deus podia amar tanto uma menina que nem eu, que nasci assim, toda errada, toda estragada, ninguém além dele me diria o contrário quando eu afirmasse minhas fraquezas, nem me encheria de livros e mimos e não teria o sorriso mais sincero que uma pessoa pode ter. Hoje ele me deu um livro da Lygia Fagundes Telles, um livro de contos, então eu o abracei e disse que ele era o melhor avô do mundo, não por interesse, mas é que sou tímida demais pra falar esse tipo de coisa tão sincera sem ocasião. Sabe o que ele respondeu? “Ah, vá te catar” e depois me abraçou, sincera e carinhosamente. Que mortal faria o mesmo pra mim? Ele me disse que nunca jogou boliche, eu disse que tinha jogado uma vez e que era legal, ele disse que tinha vontade, eu disse que se ele tinha mesmo queria que ele fosse comigo e com um amigo meu que eu gosto muito um dia desses, que ia falar com ele e que aposto que ele toparia, então perguntei o que ele achava, ele respondeu “E sua mãe?” eu disse “Cedat. Mas eu até chamo..” então ele falou pra irmos sim. Meu avô, meu amigo, eu e boliche, qualquer dia desses, vou jogar boliche com Deus. Sabe? Eu sei que vocês devem estar achando que é exagero de amor de neta ou coisa parecida, mas, bem, o dia que conhecerem “Seu Milton” ou o “Vovô” saberão que ele não é um mero mortal. E eu sei que pra um Deus uma vida não é nada e que provavelmente ele não se lembrará de mim daqui alguns quinquilhões de anos – também não sou tão esquecível assim, ok – porque terá tido outras tantas netas e outras tantas preocupações e estará outros tantos cansado, mas eu, eu Ferdi, eu abóbora, eu gato preto, eu coquelicot, eu cottonflower, eu brownie, eu tree, eu robô, eu sentimento, eu espírito, eu imortal e minha eterna eternidade jamais esquecerão – nem em outras grandes vidas – que tiveram a honra e a sorte de ter um avô Deus, um avô Deus que me amou como só meu irmão anjo já o fez também. Amores celestiais, pra uma menina que só pode ser fruto do próprio diabo com uma assassina de criancinhas, pra uma menina que não merece nenhuma forma de amor. Amor puro e pleno pra mim.

2 comentários:

Katrina disse...

Não acredito em Deus, mas acredito no seu avô, haha

Ferdi disse...

Nem eu, mas depois da confisão, passei a acreditar. q
Sério.