sexta-feira, 15 de maio de 2009

Josenilda.

Eu poderia dizer que ela é minha emprega, já que ela trabalha aqui em casa, mas não o farei. Primeiro porque não sou EU quem emprego ela, é minha Mama, segundo que ela tá mais pra um ser excêntrico, divertido e amigo do que pra uma empregada. Ela é muito legal, a Jose, só fica braba quando eu corrijo as palavras que ela fala, mas todo mundo fica quando a gente faz isso, só que ninguém fala, ela manda eu ir me ferrar. Ela num gosta também quando eu chamo ela de Jovenildson ou coisa assim, mas aí ela me chamar de Fernadiana ou alguma coisa estranha também e pergunta, irônica: Gostou? Eu, só pra deixar ela mais braba digo: Jovenildson, que dom! Parabéns e obrigada. Que lindo, vai ser meu nome artístico agora! Daí abraço ela ou faço algo irritante, a gente parece duas menininhas da quinta série, é engraçado. Mas ela é totalmente jóia pra mim, papo sério. Eu atrapalho a faxina dela na maior e mesmo assim ela se esbalda quando eu estou aqui. Ela ri de tudo que eu faço e diz que morre de medo de mim: Sua menina estranha. Mas eu sei que ela me adora. Ela trabalha na família desde que eu tenho 6 anos. No duro, acabei de perguntar pra ela, nem sabia que fazia tanto tempo, CARAMBA! 11 anos.. eu nem tenho 11 anos, quase.. Pois bem, quando eu era pequenininha de idade (e só disso, porque naquela época eu era alta pra minha idade) ela ficava me contando coisas que eu tinha curiosidade de saber e não tinha vontade de perguntar pra outras pessoas. Significados de palavras, coisas assim, que, como eu não sabia o que era eu ficava com medo: Vai que é palavrão? E ela sempre me ajudava, era jóia. Também naquela época eu lembro que eu tava sempre sentada na mesa da casa da vó tomando suco de uma ou de tangerina, eu morava lá ainda, e ela lavando louça, então a gente conversava tanto, todo dia, que nem sei da onde a gente tirava tanto assunto, eu era uma criança estranha, talvez por isso ela não estranhe que eu seja também uma adolescente estranha (segundo ela) ou que eu vá me tornar uma mulher estranha e tudo. Ela acabou de dizer: Te vi pequena e vou cuidar dos teus filhos. Eu respondi: Não vou ter filhos. E ela com aquele jeitão dela: Não quer ter filhos, ? Cruz credo! Daí eu ri e fiquei pensando que é engraçado ela estar há tanto tempo com a gente, ela só tem 38 anos e tudo, não é velha nem nada. Por falar em velha ou não velha, tem uma outra curiosidade nessa coisa minha e da (quando eu tou boazinha chamo ela de ), ela faz aniversário no mesmo dia que eu: 15 de janeiro. Aí naquele ano que a tia Mara morreu bem no nosso aniversário, eu lembro, estava chovendo e eu estava chegando na ao mesmo tempo que ela, ela estava toda feliz e tudo, nosso aniversário. Mas eu tava um trapo, chorando de soluçar, queria morrer mesmo, de que droga nos serve um aniversário quando a mãe das primas que são nossas melhores amigas, nossa tia que era tão boazinha pra gente morre e a gente é obrigado a acordar logo com essa notícia? Então ela ficou me consolando e tudo, fiquei triste de ter estragado o aniversário dela também aquele ano (sei que ela não gosta de me ver triste, sempre que tou deprimida por causa de alguém ela xinga muito essa pessoa e fica braba), mas não foi minha culpa nem nada. Sabe o que foi mais sádico naquele ano? Que quinze dias depois que minha tia morreu, morreu meu tio, esse por parte de Mama, daí eu fiquei morta de medo e vendo quem da família eu preferia que morresse no próximo dia quinze. Achei que tinha virado uma regra ou coisa assim, que todos iam morrer, um por vez, de quinze em quinze dias. Eu sei que é um pensamento meio burro, mas eu era bem pequenina e tudo, estava muito assustada, mas ninguém morreu no dia próximo dia quinze, talvez porque fevereiro não tenha trinta dias. Ufa! Está um dia nublado, cinza, frio pra burro, deprimente, do jeito que eu amo. Acordei, abri a janela toda entusiasmada e disse: Que dia lindo! Ela me olhou, balançou a cabeça negativamente reprimindo um sorriso e foi pra sala falando: Ai.. Fernanda.. Ela é ótima. Eu tenho um carinho enorme pela , quando minha família não fica de implicância com ela, principalmente. E espero mesmo que ela continue trabalhando aqui até os filhos do Biel nascerem e tudo. Às vezes quando ela tá aqui eu faço uma coisas pra ela achar que eu sou louca mesmo, tipo faço outra voz e arrasto o pé ou me fantasio de vampiro, sério. Outro dia dei maior susto nela, foi hilário! Acho que é por isso que eu gosto tanto do Apanhador, na hora que o Holden conta que ele ficou "Mãezinha, meus olhos, meus olhos" eu pensei na hora que era exatamente o tipo de coisa que eu fazia com a Jose. Eu faço isso porque, além de ser uma pessoa idiota, a reação dela é a MELHOR. Se todo mundo reagisse como ela provavelmente eu sairia TODO DIA e não só de vez em quando vestida de vampiro, de palhaço ou coisa assim, porque é demais o jeito dela, no duro. Ah, foi ela também que brigou com a empregada da vizinha por minha causa. Acontece que a empregada da vizinha perguntou por mim: Nunca mais vi aquela garota. Acontece também que na casa da minha vó vivem entrando e saindo mais de MIL garotas, como ela ia saber de quem diabos a outra estava falando? Aí perguntou: Qual? Sabe o que a infeliz respondeu e na maior? "Aquela que é deficiente mental". A Jô não tinha a mínima idéia do que ela estava falando porque, ainda bem, não tenho nenhum deficiente mental na família, então a outra falou: Uma loira (eu sou a única loira por parte de Mama) que fica sentada aí na varanda, quase caindo, fica falando sozinha. Aí ela virou uma fera, xingou a mulher de tudo que era nome e disse que se ela não sabia ser feliz reconhecesse sua ignorância e parasse de fazer fuxicos burros pra vizinhança, chamou ela de tudo que é nome. Ela é genial! Ela não trabalha mais na , trabalha no meu apartamento e é boa pra diabo, deixa as coisas brilhando e tudo. Ela me conta um bocado de histórias de quando ela morava no norte e tudo (na verdade ela é do nordeste, mas ela sempre fala "lá no norte", enfim..), histórias de agora, das filhas dela e eu acho super. Ela adora ouvir minhas histórias e às vezes eu fico seguindo ela pra gente continuar a conversa por horas, eu adoro.

2 comentários:

Jenny Souza disse...

Ai Ferdi, uma pena se ninguem mais tiver lido esse texto, ele chega a ser mais jóia que a Jô, papo sério. ^^

Gostei litruz e me fez ria alto diversas vezes....deficiente mental ??? Nossa, esse me fez a barriga até doer HAHAHAH

"talvez por isso ela não estranhe que eu seja também uma adolescente estranha (segundo ela) ou que eu vá me tornar uma mulher estranha e tudo."

Poisé, aqui em casa as 'empregadas'(não gosto do sentido que esse nome carrega^^) também se conformam, eu acho.

Um beijão

Ferdi disse...

JURO, Nin, deficiente mental, sou uma imcompreendida, mesmo.
Esses meus vizinhos burgueses bitolados, esse bairro burguês bitolado de merda, essa existência burguesa, blé..

Eu odeio a conotação de empregada, sério, mas ela é EMPREGADA, tipo, tem um emprego, mas parece que diminui o ser enquanto devia engrandecer, sabe?
Sei lá, nossas convenções têm dessas coisas.

18 beijos.