sábado, 14 de fevereiro de 2009

Telefonema no cinema.

- E de quem são essas vozes aí do seu lado? - De pessoas. Pessoas que tem amigos. Eram quase 11 horas da noite. E qual a possibilidade de encontrar um São Bernardense pelo caminho? De antes da estação Ana Rosa até a Consolação, até o Belas Artes, mais precisamente. Optei por ir caminhando, tinha o bilhete do metrô já comprado, mas me agradava a idéia da possível melancolia de andar sozinha naqueles lugares, vendo aquelas pessoas e ouvindo música triste. Na Paulista. Ainda mais em uma sexta-feira 13 fria, engraçado é que tinha esquecido esse peculiar detalhe enquanto andava e mandava beijo pra relógios, relógios que mandavam meus beijos pra alguém que no momento talvez esteja vendo filmes, em São Bernardo. Acontece que minha vida nunca foi tão livremente paulistana, tenho mais amigos aqui que lá, se é que os tenho.. Fica a questão por estar aqui sozinha, assim.. Eu sei que os tenho, sei que os mesmos têm suas próprias questões e sei também que se pudessem estariam agora aqui, comigo.. Será que ele estaria? Ela? Eles? Sim, claro que sim! Não são 11 horas agora, talvez alguém ainda chegue, sempre fui esperançosa: - Mas então o que você está fazendo aí? - Vim ver os filmes, oras. - Sozinha? - Nunca precisei de ninguém pra viver. Então eu vi flahses e as pessoas, sempre em grupos, engraçado isso, pareciam muito animadas, queriam também ser fotografadas. Além de mim só um cara dos seus 30 e poucos anos sozinho, ao meu lado. Então, de certa forma, não estávamos sozinhos? Claro que não! Estávamos no meio de um monte de gente. Mas aquelas músicas falavam de tantas e tantas milhas distante.. Um pras onze.. já, já, deixa de ser sexta-feira 13, o que me desagrada já que, junto com 31 de outubro e primeiro de abril, sextas 13 são minhas melhores datas do ano. No ano que passou, por exemplo, meu namoro terminou dia 31 de outubro. Não me lembro de nada melhor ter acontecido: - 'tá bom então, bons filmes! - Pede pra ela me ligar quando chegar? - Peço. - E manda beijo pro Biel? - Mando! - Então 'tá, boa noite. - Boa noite, beijos. - Beijos! Quando a ligação terminou e eu olhei pro celular eram 22:33 e, novamente, mandei os relógios beijarem um São Bernardense.

3 comentários:

Jenny Souza disse...

Nossa Ferdi, esse texto esta realmente muito lindo.
É fato que se eu não tivesse trabalhado essa manhã estaria com você por lá, de certo.

Senti o beijo do relógio até, acredito.

E tinha pensando hoje, enquanto assistíamos aquele filme "bacanerrimo" na amostra essa noite(diga-se de passagem), dizem de uma pessoa nunca mais ser a mesma após uma sessão de cinema solitária, e bem...fiquei pensando, quem você é agora após um Noitão solitário, sem dúvida isso é muito maior.:)

Grande beijo menine.

Até breve.

ps.: palavra de verificação : vitarbr, oiq ??

Jenny Souza disse...

Nossa, e eu super pretenciosamente me inclui na categoria de uma das possíveis recebedoras do beijo do relogio !RÁ !

Ahhh
"Nunca precisei de ninguém pra viver."

Essa frase sempre, sempre ajuda muito, de verdade...que coisa não ?

ps.: sorry pelos comments duplos, eles devem irritar haha

Ferdi disse...

Os seus não irritam porque sempre trazem uma mensagem nova, só aqueles que corrigem uma palavrinha que são.. meio chatos, enfim..

Sou alguém bem diferente, aliás, acompanhado ou não, acho que toda sessão de cinema muda as pessoas.

Se incluiu espertamente, já que, você está mesmo incluida entre eles.

"Nunca precisei de ninguém [b]específico[/b] pra viver" seria mais justo da minha parte, já que, por mais que tentemos acreditar que não é impossível ser feliz plenamente sozinho.

Obrigada pelo elogio quanto ao texto, querida, beijos.