segunda-feira, 11 de maio de 2009

Há de ser minha de novo.

Ela é o meu amor, sempre foi, desde o primeiro dia que vi aquele sorriso cercado por uma colossal cabeleira ruiva, naquele parque que é tão nosso, o céu era de outono, como agora, eu amo ela desde aquele momento. Depois de nos apaixonarmos não nos desgrudamos nunca, ela meu amor, eu o amor dela. O loiro ruivo de sempre. O jazz de sempre, a bossa-nova e a música clássica. Sempre os livros e cafés. Sempre os sorrisos abraços e futuro, muito futuro. Um dia, como quem não quer, falei para morarmos juntas e a alegria foi maior do que eu imaginava. Em todo lugar eu e meu amor escolhíamos utensílios futuros pro nosso apartamento tão pequeno e aconchegante, lá do ladinho da Paulista. Ela falava comigo e eu falava com ela. Ela era minha flor e as flores que eu via no cabelo dela não mereciam nem ali estar, por não serem dignas dela, não são dignas dela. Tudo era assim, como nuvens com desenhos em um dia de outono, até que eu deixei de ser eu por instantes (graças a algo que eu atribuo à minha infância eu tive um temperamento bem doentio), então por instantes ataquei sempre os que mais amava. Sobre namorado, sobre amigos, sobre mãe e sobre ela.. Ela que confiava sua vida em mim, ela que nunca imaginou que eu fosse capaz.. Por ter tanta confiança um dia ela entrou na minha mente e viu que eu já a havia atacado, ela não esperava tamanha traição, não vindo de mim. Mas nunca foi de mim que veio, sempre a amei com olhos de apaixonado e inspirações de poeta. Então ela se foi, junto com ele, eles se foram juntos e me veio o pranto. O pranto eterno e o coração em frangalhos, o coração sangrando a ponto de morte e meu medo, minha doença, minha saudade.. Toda tristeza é saudade. Nem toda saudade é tristeza. Então com a sabedoria dos escoteiros, com o tempo que se passou arrastado demais pra ser chamado de tempo na ausência dela, com uma coragem emprestada e a cara sempre limpa pra receber quantos tapas ela quisesse dar eu fui, fui mais uma vez fazer tudo que me cabia: Me desculpar por ter deixado meu eu fugir de mim por instantes, me desculpar por fazê-la duvidar do meu amor e de todo o resto de minhas palavras. Sua frieza sempre foi algo que me amedrontou, ela supera um amor como se supera um corte de papel, sua frieza continuou ali, mais gelada do que nunca, porque era comigo, era pra mim e eu nunca esperei, nunca pude suportar. Eu fui sincera, mais sincera que qualquer ser humano pode vir a ser ou foi um dia. Ela disse "Eu sou mestre em ignorar, não em esquecer, ignoro, mas sabendo que aconteceu". Eu tentei, eu vou tentar pra sempre fazer com que nosso amor seja aquele amor de sempre de novo. Ela foi amável mais tarde, mas eu tenho medo, quem ama tem medo. Eu amo exagerado, sempre fui uma exagerada, até meu respirar é exagerado. E eu me jogo aos pés dela, construo um castelo, faço o que ela quiser, mas a confiança dela vai ser minha de novo e o amor também. Ela será novamente minha pequena bailarina. Se não a gravidade deixa de ser um fato. A morte deixa de ser uma evidência. E a música se torna dispensável. Ela há de ser minha de novo. .. jóia.

5 comentários:

Katrina disse...

Belo e possessivo. Mas belo.

Ferdi disse...

Compartilharei com meus queridíssimos (sério!) leitores uma coisa que me intrigou muito nesse bendito texto.

O "..jóia." que encerra o texto não foi proposital e eu podia JURAR que quando terminei e li pela primeira vez não estava lá.
Tampouco eu adicionei mais tarde, juro!

Mas eu achei intrigante e cabível, então deixei.

Katrina disse...

hey, ia te adcionar no orkut, mas não rolou. Na verdade não consegui. Beijos querida, =**

Jenny Souza disse...

Humpf....sei lá.

Ferdi disse...

Quando fui moderar o comentário da Nin, não vem pra QUAL texto a pessoa falou, mas eu tinha certeza que era esse, hahahaha.
Ciumenta boba. :D